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A Gravidez é um dos maiores ritos de passagem da vida. Assim o afirmam diversos investigadores na área da Psicologia. É um acontecimento de vida que, pela sua dimensão transformacional marcante, é equiparado à morte e ao casamento. Tem sido classificada também, por diversos cientistas, como uma crise, no sentido da mudança que representa para quem a vivência.

As transformações que se operam numa mulher grávida têm sido estudadas ao longo dos anos sob diversos prismas: biológicos, sociais e psicológicos.

De facto, durante a gravidez normativa, a gestante irá, sem se consciencializar disso, realizar determinadas tarefas psicológicas, essenciais para a sua adequada adaptação à sua nova condição de futura mãe. 

A primeira tarefa acontece logo no primeiro trimestre de gravidez, após se deparar com a notícia da gestação: aceitar a gravidez como uma realidade. Esta aceitação é imperativa para que a mulher se consiga ajustar emocionalmente ao estado gravídico e investir afectivamente no seu bebé.  

A tarefa psicológica seguinte acontece, habitualmente, no segundo trimestre de gravidez quando a grávida começa a sentir os movimentos fetais do seu bebé: aceitar a realidade do feto. Consiste em aceitar o bebé, como entidade física e psicológica distinta dado que, inicialmente, a relação entre a mãe e o feto é estabelecida no plano da fantasia, em que primeiramente este é concebido como parte integrante da grávida. Progressivamente, no entanto, o bebé começa a ser percepcionado como um ser autónomo.

Na fase em que o feto começa a ser representado enquanto real, começa a tornar-se necessário que a grávida proceda a uma reavaliação da sua relação com os seus pais, tanto passado como presente, em busca de um novo equilíbrio. Esta é outra das tarefas psicológicas que se impõe, dado que a mulher e o homem vão deixar de ser fundamentalmente filhos para passarem a ser fundamentalmente pais.

Outra tarefa igualmente importante trata-se de reavaliar o relacionamento com o companheiro. Esta tarefa implica um reajustamento da relação do casal a diversos níveis: sexual, social e até do ponto de vista da organização diária dado que o par prepara-se agora para assumir novos papéis: o de pais e de família. 

Aceitar o bebé como uma pessoa separada é o desafio que surge durante o terceiro trimestre da gravidez. A mãe terá que conceber o bebé como um indivíduo distinto com necessidades próprias de modo a preparar-se psicologicamente para a separação física que irão ter um do outro durante o parto.

Por último, transversal a toda a gravidez, é integrar a identidade parental. Esta tarefa consiste em incorporar o novo papel de mãe, de uma forma positiva, na sua identidade individual para que possa reagir de forma adequada ao desafio da parentalidade. 

Todas as mudanças que se operam no corpo da mulher deixam-na num estado de hipersensibilidade durante a gravidez. Pensamentos ambivalentes relativamente à gestação no início da gravidez, preocupações com a sua imagem e dúvidas em relação às suas capacidades como mãe são perfeitamente naturais. 

A ansiedade é até considerada desejável pois é a preparação da energia emocional dos novos pais para o apego ao seu bebé. 

Nesta etapa tão crítica é essencial que a mulher tenha o carinho e o apoio amoroso do seu companheiro e/ou de outras figuras de suporte social pois este investimento amoroso de que ela será alvo será também importante para que esta esteja cheia de amor para dar ao seu filho. 

O período de gestação, principalmente para uma mulher que será mãe pela primeira vez, irá causar mudanças irreversíveis na sua vida. São nove meses de transformações, de crescimento, de novas sensações, de aprendizagens. Nove meses de um novo Amor. Acima de tudo, são nove meses de preparação para uma nova identidade da mulher – e do homem – ser mãe e ser pai.

Outra tarefa igualmente importante trata-se de reavaliar o relacionamento com o companheiro. Esta tarefa implica um reajustamento da relação do casal a diversos níveis: sexual, social e até do ponto de vista da organização diária dado que o par prepara-se agora para assumir novos papéis: o de pais e de família.