NOVEMBRO 2014
CONSTIPAçõES
Dr. João Marques
Farmacêutico da Farmácia do Caniço
joao.marques@farmaciadocanico.pt

Teve já início a época do ano em que com maior frequência recorremos ao conselho farmacêutico para alívio dos sintomas da constipação:
Geralmente, começa com a “garganta arranhada” (irritação faríngea) ou mesmo dor de garganta, seguida de nariz a pingar (rinorreia), congestão nasal e espirros. Há um mal-estar geral que pode incluir dor de cabeça e fadigas ligeiras, febre baixa (mais frequente nas crianças) e rouquidão ou afonia. Se surgir tosse, ela começa por ser seca (não produtiva), com o passar do tempo torna-se produtiva (com produção de muco ou expectoração) e no final da constipação passa a ser seca e residual.
Trata-se da doença humana mais comum em todo o mundo, presente desde a Antiguidade, e constitui a mais frequente infecção quer vírica quer das vias respiratórias superiores, mas, apesar da sua prevalência e dos absentismos laboral e escolar que provoca, não conhece nem tratamento curativo nem vacina que a previna: em média, um adulto sofre 2 a 4 constipações anuais, enquanto uma criança abaixo dos cinco anos de idade, com um sistema imunitário mais frágil, pode atingir os 9 episódios.

Tratamento
O tratamento é apenas sintomático (alívio dos sintomas) e deve ser sempre acompanhado de um aumento do consumo de líquidos, garantindo uma hidratação adequada, da lavagem nasal com soro fisiológico ou água do mar isotónica, e de repouso, evitando também a exposição a variações bruscas de temperatura. Suplementos de vitamina C parecem reduzir a duração dos sintomas, bem como a ingestão de zinco parece diminuir a sua severidade e o número de infecções. 
Como tratamentos no alívio dos sintomas de uma constipação são usados analgésicos e antipiréticos para a dor e febre; anti-inflamatórios para limitar o processo inflamatório que está na origem dos sintomas; anti-histamínicos para o corrimento nasal e espirros; descongestionantes nasais; pastilhas para a garganta irritada; antitússicos, expectorantes ou mucolíticos para o alívio da tosse. Muito importante: os antibióticos não são usados para tratar constipações pois eles matam bactérias e não vírus.

Os sintomas acima descritos são os comuns da constipação, têm normalmente início 1 a 2 dias após o contágio e resultam do processo inflamatório das vias respiratórias superiores (fossas nasais, faringe e laringe) causado pela infecção vírica, mas o seu início, frequência e gravidade dependem do tipo de vírus que a originou. Por isso, porque a intensidade e frequência dos sintomas é variável, é através de algumas perguntas simples que o farmacêutico procura personalizar a terapêutica individual caso a caso.

São mais de 200 os diferentes vírus causadores da constipação (os mais frequentes são os Rinovírus e os Coronavírus) o que inviabiliza a obtenção de uma única vacina contra a constipação e explica o facto de uma constipação não conferir imunidade contra a constipação seguinte. Por outro lado, porque a maneira como estes vírus se transmitem de pessoa para pessoa é comum, é possível estabelecer algumas regras para prevenir um contágio. 

Erradamente a vulgar constipação adquiriu a designação popular de “gripe”, provavelmente devido à similitude de alguns dos sintomas, mas não deve ser confundida com aquela doença que é causada por um único vírus: o Influenza.
A gripe tem sintomas mais exuberantes e de aparecimento súbito como sejam a febre alta (acima de 38,5ºC), as dores musculares, articulares e de cabeça intensas e a exaustão. Mas, sobretudo, a gripe apresenta risco de complicações graves como a bronquite e a pneumonia, pois enfraquece o sistema imunitário, enquanto a constipação tem geralmente um carácter benigno, é auto-limitada, durando cerca de 5 a 7 dias (pode chegar às duas semanas) e com raras complicações que consistem em infecções bacterianas secundárias como sejam a sinusite, a otite média ou a exacerbação de doenças respiratórias pré-existentes.


DESTAQUE

Regras para prevenir a constipação
- Lavar as mãos com frequência, pois os vírus sobrevivem algumas horas quer em objectos quer nas mãos e é a auto-inoculação (levando as mãos contaminadas à boca ou ao nariz) uma das principais responsáveis por estas infecções;
- Cobrir o nariz ou a boca com o braço (não a mão) ao espirrar ou tossir, já que a via aérea, através da inalação de gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar, é a outra forma mais frequente de contágio;
- Utilizar lenços de papel, descartando-os após cada utilização;
- Não partilhar objectos como copos, talheres, toalhas, brinquedos;
- Evitar o contacto prolongado com pessoas constipadas ou, se estiver doente, evitar estar perto de pessoas que não o estão – uma das explicações possíveis para os picos de ocorrência verificados no Outono e no Inverno, além da sazonalidade de alguns vírus, é a maior partilha de espaços mais fechados, principalmente no caso de crianças em idade escolar;
- Ventilar diariamente a casa.

 


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