SETEMBRO 2014
O REGRESSO à ESCOLA
Dr. Manuel Pedro Freitas
Pediatra
mpedrofreitas@gmail.com

Terminado o período convencional de férias de verão, a esmagadora maioria das crianças e adolescentes retomará nos próximos dias a azafama habitual da escola ou, então se caloiros, serão confrontados com novos espaços e novos protagonistas que pouco, ou nada, têm a ver com o ambiente de conforto e de segurança a que estavam habituados no espaço familiar.
Enquanto uns, sobretudo os mais pequenos, terão de gerir uma situação nova com a qual, na maior parte das vezes, nunca tinham sido confrontados ou testados e decorrente da separação radical, por várias horas, dos pais e do seu ambiente familiar, outros, mais crescidos, serão confrontados com a espectativa criada à volta da entrada na escola, espectativa essa antecipadamente preparada pelos seus pais, através de várias “conversas” e da participação na escolha e compra das mochilas, das fardas e de outros materiais escolares, etc.
No grupo dos mais velhos, ou seja, dos pré-adolescentes e adolescentes, a atitude no regresso à escola é completamente diferente e resumir-se-á ao retomar de uma rotina que foi interrompida pelas férias e que só nos primeiros dias encontra algumas particularidades, como o reencontro com colegas que, apesar das tecnologias de comunicação, ficaram incontactáveis e a curiosidade em saber qual o “cromo” que irão ter como professor de matemática ou como director de turma ou, de entre o grupo de professores, quais os que são mais exigentes ou que têm fama de dar mais feriados.
Independentemente da idade ou da situação de maturidade e de adaptabilidade à escola em que se encontre a criança ou adolescente, a ida pela primeira vez ou o regresso à escola, implica sempre o confronto com um novo ambiente ou então com um ambiente que sofreu alterações – novas regras, novos professores, às vezes novos colegas ou colegas com novos comportamentos, etc.
Ainda que, a preocupação dos pais se centre sobretudo nos primeiros dias de infantário ou de escola e, de forma particular, nos filhos mais pequenos, onde a adaptação nem sempre é fácil e é geradora de muita ansiedade para ambos, essa preocupação deverá ser contínua e não poderão esquecer que os outros filhos mais velhos ainda não são adultos. Para além de terem muitas fragilidades, já deixaram de ver os pais como heróis e passaram a vê-los como “cotas”, já não encontram nos pais os confidentes privilegiados, guardam muitos segredos, quando em grupo, poderão ter comportamentos não expectáveis para a educação recebida e “julgam-se” donos do seu destino, ainda que raramente tenham capacidade para tomar as decisões mais acertadas.
Para minimizar alguns dos problemas inerentes à adaptabilidade e à vivência no ambiente escolar é importante que, desde o primeiro dia haja uma relação de confiança entre os pais e a escola, mediante estabelecimento de canais privilegiados de comunicação. É importante que, no caso das crianças mais pequenas, os pais saibam que até ficarem “bem”, sem chorar, no infantário ou jardim-de-infância poderão decorrer vários dias ou semanas. É importante que no período de adaptação a criança falte o mínimo possível, uma vez que depois de uma interrupção de alguns dias o retornar à escola pode voltar a ser dramático. É importante que não caiam na tentação de comparar o desenvolvimento dos seus filhos com outros da mesma idade e da mesma sala.
Nas crianças mais crescidas, é importante que os pais se despeçam dos filhos ao serem deixados na escola, que eventualmente lhes expliquem para onde vão e o que vão fazer e que nunca se atrasem na hora e nem errem no local e no elemento familiar que combinaram para os irem buscar. É importante que no regresso a casa perguntem como decorreu o dia, deixando-os falar livremente e que ao chegarem a casa prestem a maior atenção a eventuais mudanças no seu comportamento habitual.
A detecção de alterações no comportamento assume particular importância nos pré-adolescentes e adolescentes, uma vez que podem ser reveladores de situações problemáticas.
Neste grupo etário é de extrema importância vincar o papel da escola e dos professores na sua formação, não esquecendo o reforço na necessidade do cumprimento das regras vigentes na escola e no respeito pelos outros colegas, nomeadamente, em relação àqueles que física, intelectualmente ou financeiramente foram menos bafejados pela sorte. Um acompanhamento apertado, ainda que discreto, relativamente ao comportamento, à assiduidade e ao rendimento escolar deverá ser uma preocupação constante. 







 


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