JULHO 2014
A DIABETES E OS IDOSOS
Dr. Silvestre Abreu
Diretor do Serviço de Endocrinologia do Serviço de Saúde da Região
silvestreabreu@netmadeira.com


Nas pessoas com mais de 65 anos a prevalência da Diabetes é maior que na população em geral atingindo 27% da mesma. Por isso, a diabetes está significativamente associada ao envelhecimento, ao excesso de peso e obesidade, assim como ao sedentarismo, desempenhando a hereditariedade um papel significativo.

As pessoas com mais de 65 anos (terceira idade) são mais frágeis do ponto de vista de saúde, por isso, quando se associa a diabetes, normalmente há uma potenciação e um agravamento das outras patologias geralmente mais prevalentes neste escalão etário.  

Desde logo, é necessário ter cuidado também quando se trata a diabetes nas pessoas neste escalão etário, porque muitas vezes já existe atingimento de outros órgãos e portanto, a agressividade do tratamento tem de ser ponderada em relação à longevidade esperada e às outras doenças que possam coexistir. Muitas vezes, nestes doentes, quando a diabetes aparece já em idades mais avançadas, onde a esperança de vida já não é muito grande, não se pretende que o controlo da diabetes seja tão intensivo como acontece junto de uma população mais jovem. 

Por isso é permitido, na terceira idade, que a diabetes não esteja tão controlada de um modo geral. A utilização de medicamentos deve ser criteriosa, de modo a que não interfiram com outros que estas pessoas estejam a tomar, situação muito frequente. Esta interação medicamentosa pode levar a baixas graves dos níveis de açúcar no sangue com perigo de vida. 

A grande mensagem que é preciso passar no tratamento da diabetes na terceira idade é que o tratamento não seja demasiado agressivo, porque podemos estar a causar mais malefícios do que benefícios. E, sobretudo, evitar que estas pessoas tenham baixas de açúcar frequentes. Estas baixas de açúcar são muito piores do que andar com uma média de açúcar ligeiramente elevada. 

Diabetes tipo 2 é mais comum
Qual a diabetes que é mais comum na terceira idade? Praticamente toda a diabetes que surge neste escalão etário é do Tipo 2. Muitas vezes as pessoas têm a diabetes já diagnosticada mais cedo e nestas idades mais avançadas, necessitam administrar insulina para melhor controlo da doença, evitarem o aparecimento de complicações tardias e sentirem-se melhor. 

A diabetes, quando mal controlada, pode levar a complicações tardias, com lesões em vários órgãos, nomeadamente na retina, no sistema cérebro e cardiovascular, a nível renal e ainda lesões nos membros inferiores com risco de amputações. As pessoas com diabetes devem fazer uma vigilância regular com o seu médico assistente que as pode ajudar a manter o melhor controlo possível da sua situação. É fundamental a vigilância oftalmológica, recorrendo, quando convocadas, ao rastreio anual da retinopatia diabética, gratuito, que identifica qualquer lesão diabética na retina, cujo tratamento atempado evita a cegueira. É muito importante que tenham também os níveis de gordura no sangue e a tensão arterial controlados, cumprindo com a prescrição medicamentosa do seu médico assistente, de modo a minimizar os riscos de acidentes cárdio e cerebrovasculares, mais frequentes nas pessoas com diabetes neste escalão etário. O risco de insuficiência renal com necessidade de tratamento por diálise também é maior nestas pessoas, risco esse que pode ser minimizado com uma alimentação cuidada e um bom controlo da diabetes e da tensão arterial. O risco de lesões nos pés, com internamentos longos e risco de amputações, neste escalão etário é também elevado, evitando-se com uma observação diária dos pés e reportando imediatamente aos profissionais de saúde qualquer alteração da cor, aparecimento de dor ou ferida, que deve ser imediatamente tratada, pois pode em pouco tempo colocar em risco o membro atingido.

Perante estes problemas, fundamentalmente, a solução passa pelas pessoas terem uma vida ativa. Estas pessoas têm de ter uma alimentação cuidada e atividade física diária. Com um estilo de vida saudável, pode-se diminuir a necessidade quer de insulina quer de medicamentos orais. Se nós comemos diariamente também temos de fazer atividade física com a mesma frequência.

É necessário uma alimentação equilibrada e fracionada (com seis a sete refeições por dia) e uma atividade física que é importante que se sublinhe novamente, deve ser diária. Além do almoço e jantar, as pessoas devem comer de modo fracionado, não omitindo o pequeno-almoço e os pequenos snacks do meio da manhã e da tarde. Uma chamada de atenção para a importância da ceia, evitando a glicemia baixe para níveis perigosos durante a noite, sobretudo nas pessoas que administram insulina ao deitar. 

Termino com uma mensagem de esperança a todas as pessoas com diabetes. Os medicamentos atuais e que aparecerão num futuro muito próximo são cada vez mais seguros, eficazes e com menos efeitos secundários, sobretudo nestes escalões etários, permitindo que as pessoas tenham uma qualidade de vida cada vez melhor.


DESTAQUE 
Perante estes problemas, fundamentalmente, a solução passa pelas pessoas terem uma vida ativa. Estas pessoas têm de ter uma alimentação cuidada e atividade física diária. Se nós comemos diariamente também temos de fazer atividade física com a mesma frequência.


 


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