JUNHO 2014
AS CRIANçAS E AS NOVAS TECNOLOGIAS
Dr. Manuel Pedro Freitas
Médico Pediatra
mpedrofreitas@gmail.com

Ainda que o conceito de “novas tecnologias” seja muito abrangente, quando se utiliza esta expressão, estamos, na maior parte das vezes, a restringi-la às novas formas de informação e comunicação: internet, televisão e às mais recentes plataformas (computadores, ipods, ipads, notebooks, tablets, videojogos, celulares, etc.) que, pelas suas dimensões, portabilidade, interfaces amigáveis e facilidade de manipulação, nos permitem, independentemente do local onde estivermos, colocar o mundo na palma das nossas mãos.
Se estas novas ferramentas existem, se estão disponíveis e são úteis para potenciar o conhecimento e, através dele, as competências, e se as podermos colocar ao alcance dos nossos filhos, não vejo razões para que não as disponibilizar. Contudo, a sua utilização tem de ser feita de uma forma organizada e orientada, por forma a ter um efeito potenciador da aprendizagem, não causar danos físicos ou comportamentais e não substituir as relações interpessoais convencionais.
Tal como ninguém, de bom senso, coloca um automóvel ou uma pistola na mão de uma criança, a utilização nas novas tecnologias também deve estar sujeita a regras. Assim, os pais deverão evitar a disponibilização de televisões, computadores ou de outras plataformas portáteis similares, no quarto das crianças, por forma a privilegiar as relações intrafamiliares, controlar o horário e o tempo estipulado para utilização, seja para entretenimento, seja para fins pedagógicos e contrariar a obsessão das crianças e adolescentes para verem, a todo momento, mensagens e e-mails.
A par do controlo no tempo total de entretenimento nos média, que não deve exceder em média, a 1 a 2 horas por dia nas crianças com mais de 2 anos de idade e deverá ser desencorajado abaixo desta idade, é importante que os pais conversem com os filhos sobre os perigos que correm ao “viajarem” através da internet e os alertem para os riscos inerentes ao fornecimento de dados relativos a endereços ou números de telefone. Por outro lado, é de importância primordial que os pais prestem atenção a alguns sinais sugestivos de “overdose” ou má utilização da internet, como sejam: isolamento social, ansiedade, perturbações do sono, alterações do comportamento alimentar, “explosões” violentas, comportamento sexual de risco, obesidade, tabaco, álcool, ou utilização de outras drogas; evidência de que desliga abruptamente o computador ou muda de tela na presença de algum familiar adulto; quebra no seu rendimento escolar sem qualquer motivo aparente; constatação de que é participante ou alvo de cyberbulling como vítima, agressor ou como mero colega que acompanha o problema sem denunciar o que ocorre na escola ou em qualquer outro lugar, etc. A monitorização dos “sites” visitados, do tipo de rede social em que participa e o bloqueio de acessibilidade a conteúdos considerados perigosos devem ser ponderados.
Não esqueçamos que as novas tecnologias, para além da sua importância em termos de fonte de informação e de conhecimento e que as tornaram indissociáveis da nossa vida, têm também um reverso negativo, nem sempre valorizado. Com efeito, podem induzir a erros de avaliação relativamente aos limites entre a vida privada e pública ou entre mundo real, na maior parte das vezes, limitativo e do mundo virtual, mais interessante e com aventuras; podem interferir com o normal desenvolvimento das crianças e adolescentes, pelo fluxo anormal de informação que são capazes fazerem chegar ao cérebro em fases cruciais da maturação cerebral quando este mesmo cérebro não está preparado para as receber; podem gerar comportamentos desviantes; podem causarem fadiga ocular, alterações posturais, transtornos do sono com alterações do humor, irritabilidade, redução da capacidade intelectual e défice de atenção; podem causar problemas auditivos em resultado da elevada potência feita de forma repetitiva ou duradoura; podem causar obesidade em virtude do sedentarismo e diminuição da actividade física e de induzirem o consumo de drogas e de medicamentos promovidos e disponibilizadas por compras através da internet.

DESTAQUES
“É de importância primordial que os pais prestem atenção a alguns sinais sugestivos de “overdose” ou má utilização da internet, como sejam: isolamento social, ansiedade, perturbações do sono, alterações do comportamento alimentar, “explosões” violentas, comportamento sexual de risco, obesidade, tabaco, álcool, ou utilização de outras drogas”;

“Com efeito, podem induzir a erros de avaliação relativamente aos limites entre a vida privada e pública ou entre mundo real, na maior parte das vezes, limitativo e do mundo virtual, mais interessante e com aventuras”.



 


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