MAIO 2014
METADE DOS CASAIS INFéRTEIS NãO PROCURA AJUDA
Dra. Isabel Reis
Especialista em Obstetrícia, Ginecologia e Medicina da Reprodução
Diretora do Centro de PMA, do Centro Hospitalar do Alto Ave- Guimarães, desde 2004
isadorareis@hotmail.com‎

Os problemas relacionados com a fertilidade são comuns na Ilha da Madeira? A nível mundial os problemas de fertilidade afectam entre 10 a 15% da população. Essa percentagem é a que se aplica à Região?

O único inquérito relacionado com a temática da infertilidade denominado “ Afrodite” foi realizado em 2009, e mostrou uma prevalencia de 10% de casais inférteis em Portugal. No entanto, a RAM infelizmente não foi incluída neste estudo, mas a população não é diferente por isso acredito que a prevalência seja semelhante. A etiologia da infertilidade é que pode ser diferente. No Continente, devido à existência de muitas indústrias (calçado, têxteis, etc.) com o manuseamento de muitos produtos químicos a prevalência de factores masculinos devido à interferência desses produtos na espermatogénese é mais acentuada do que cá na Madeira. 
 
Quais são os problemas mais comuns que os casais encontram? Normalmente quais as melhores formas de os ultrapassar?

A infertilidade é a ausência de gravidez depois de um ano de relações sexuais regulares sem protecção. É essencial que a mulher tenha conhecimento do seu período fértil e saber identificar determinado tipo de sintomas que permitem essa identificação. Se antes dos 35 anos é justificável depois de uma consulta de preconcepção esperar um ano pela gravidez, antes de iniciar qualquer estudo, depois dos 35 anos ou se é conhecido algum factor, quer masculino quer feminino, é de todo aconselhável iniciar esse estudo mais precocemente, depois dos 6 meses de ausência de gravidez. 
Embora actualmente a infertilidade seja uma situação relativamnete frequente, nem sempre isso é encarado pelo casal com naturalidade. Um dos problemas principais é o não reconhecimento da situação como um problema, pois está provado que cerca de 50% dos casais inférteis não procuram ajuda especializada, achando que se trata de factores psicológicos. 
 
Pela experiência que possui, a infertilidade afecta mais homens ou mulheres? Há alguma explicação para tal?

Cerca de 30% das causas de infertilidade são de fatores masculino e femininos associados. Em 15% dos casos não se descobre uma causa de infertilidade por isso é denominada de idiopática. Restam 45% de causas masculinas ou femininas isoladas, que passam por factores hormonais, endometriose, fatores tubares e fatores masculinos isolados
 
Quais são os comportamentos a evitar por parte das pessoas que querem ter filhos? 

Ter comportamentos saudáveis, evitar o álcool, tabaco, drogas é um primeiro passo. Fazer uma consulta de preconcepção e preparar a gravidez é essencial também e, por último, se a gravidez não aparece procurar ajuda especializada, não achando que vai acontecer pois pode existir um fator que diminua muito a possibilidade de gravidez que se tudo estiver normal é de 25% por mês. Se for um casal jovem com uma infertilidade de causa idiopática de 2 anos, podemos ter alguma calma na orientação deste casal. 
Com o aumento da idade reprodutiva, por questões económicas ou profissionais o que acontece é o oposto. Se a mulher tem mais de 35 anos, temos que procurar a causa e faz-se um diagnóstico etiológico. O tratamento da infertilidade pode ser realizado de várias formas: tratamento médico, cirúrgico ou pela utilização de técnicas de Procriação Medicamente Assistida (PMA). 
 
Depois de os casais procurarem um especialista em medicina de reprodução, normalmente as condicionantes reprodutivas são resolvidas ou há casos em que os casais não conseguem mesmo ter filhos? A adopção passa a ser a única solução?

Nos casais que nos procuram, procuramos fazer um diagnóstico etiológico em ambos os membros do casal. Isto faz-se numa ou em duas consultas consoante já existe ou não estudo prévio. Face a um diagnóstico são explicadas as alternativas terapêuticas e hipóteses de sucesso de cada uma delas. Em relação às técnicas de PMA, a Fertimadeira oferece desde 2010 tratamentos de primeira linha, inseminação artificial intraconjugal ou com recurso a esperma de dador, que se realizam nas nossas instalações. Quando é necessário tratamentos de segunda linha, nomeadamente a Fertilização in vitro (FIV) ou a Injecção intracitoplasmática de espermatozóides o casal têm que recorrer a clinicas de infertilidade do Continente, embora no caso da FertiMadeira parte dessa orientação ainda é feita na nossa Região.

A opção pela adopção deve ser posta aos casais, como uma alternativa, caso não exista sucesso nos tratamentos propostos quer por ausência de resposta aos tratamentos, falhas de implantação ou outras. Outra alternativa que deve ser corretamente explicada aos casais é a doação de gâmetas. 


DESTAQUES:
Cerca de 30% das causas de infertilidade são de fatores masculino e femininos associados. Em 15% dos casos não se descobre uma causa de infertilidade por isso é denominada de idiopática.

Ter comportamentos saudáveis, evitar o álcool, tabaco, drogas é um primeiro passo. Fazer uma consulta de preconcepção e preparar a gravidez é essencial também.


 


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