ABRIL 2014
CANCRO: GéNESE E PREVENçãO
Dr. João Marques 
Farmacêutico da Farmácia do Caniço
joao.marques@farmaciadocanico.pt

Ainda há apenas 40 anos em Portugal “cancro” era uma palavra evitada e se era obrigatório referi-la o tom de voz baixava como se a doença estivesse à espreita. Este receio devia-se concerteza à elevada taxa de mortalidade da doença, ao impacto profundo que causa na vida pessoal e no seio das famílias e ao pouco que dela se sabia.

Passado que foi este tempo o peso da palavra ainda é grande, mas, graças à contínua investigação científica, que busca constante novas formas de prevenir, detectar e tratar o cancro, cada vez se sabe mais sobre esta doença, as suas causas e o modo como progride. E se é verdade que ainda é impossível evitar o cancro, também é verdade que é possível reduzir ou até eliminar alguns dos comprovados factores de risco de a desenvolver.

A palavra cancro, designa genericamente mais de 100 diferentes tipos de doenças que podem afectar qualquer órgão no corpo humano e que consistem essencialmente na proliferação anormal de células, devido a alterações nos seus genes. As células cancerígenas podem invadir os tecidos circundantes e podem ser transportadas através do sistema linfático ou do sangue até outros órgãos originando tumores (metástases) noutros locais, mas constituídos pelo mesmo tipo de células do tumor maligno original (ou primário).

Segundo estatísticas publicadas no jornal Público, no ano de 2012 em Portugal houve 24.100 mortes causadas por cancro e foram diagnosticados 49.200 casos, sendo os mais frequentes: o cancro colo-rectal, o da próstata, o da mama, o do pulmão e o do estômago. Milhões de pessoas em todo o mundo vivem com diagnóstico de cancro.

No entanto, cada tipo de cancro tem as suas especificidades, com diferentes causas, sintomas e tratamentos. Alguns tipos não apresentam qualquer tipo de sintoma até estádios avançados, facto que torna ainda mais importantes os rastreios e a avaliação de risco na prevenção e na detecção precoce pois geralmente o tratamento é mais eficaz se a doença é detectada cedo.

Aparte sintomas específicos de cada tipo de cancro, os sintomas comuns que podem surgir com a progressão da doença são genéricos, variáveis e vagos pois podem estar relacionados com muitas outras situações ou doenças que não o cancro: Sensação de fraqueza ou extremo cansaço persistente; Perda de peso não intencional e sem motivo aparente; Febre persistente ou repetida sem causa identificável; Alterações relevantes da rotina intestinal ou da bexiga; Rouquidão, dificuldade em engolir ou tosse que não desaparecem. Sinais que devem merecer atenção são: Espessamento, massa ou “uma elevação” na mama ou em outra parte do corpo; Aparecimento de um sinal novo ou alteração de um existente; Ferida que não cicatriza; Sangramento ou qualquer secreção anormal.

Os métodos de tratamento actualmente disponíveis são basicamente de 4 tipos, mas os mais comuns são sem dúvida a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia que podem ser associados ou não num plano de tratamento, definido caso a caso segundo o tipo de cancro em causa, o seu grau de propagação (estádio da doença) e a idade e a condição geral do doente.

Não é possível explicar porque é que uma pessoa sofre de cancro e outra não, mas estão já bem definidos alguns factores de risco (factores que comprovadamente aumentam a probabilidade de vir a desenvolver a cancro). Os mais comuns são: o envelhecimento, fumar, a exposição solar, a exposição a radiações ionizantes e a certas substâncias químicas, infecções devidas a alguns vírus e bactérias, história familiar de cancro, o consumo de álcool, uma dieta nutricionalmente pobre, o sedentarismo e o excesso de peso.

Se é verdade que não nos é possível controlar alguns deles, a boa notícia é que há muitos em que podemos intervir. Aliás, segundo a investigação científica, esta prevenção activa pode reduzir em pelo menos um terço o número de casos de cancro. 

Limitar os factores de risco significa, só por si, influenciar a redução do risco dos seguintes tipos de cancro: Mama, Pulmão, Cólon (intestino grosso), Recto, Pele, Esófago, Boca e Fígado.

Além daqueles cuidados, devemos recordar que os métodos de rastreio e os auto-exames permitem uma detecção precoce, factor geralmente de grande importância no eficaz controlo da doença. O seu médico saberá avaliar a necessidade de os realizar.

Verificamos afinal que são os já conhecidos e tão divulgados hábitos de vida saudável que representam a melhor arma para evitar o cancro, motivo mais que suficiente para os adoptarmos, seja qual for a fase da vida em que nos encontramos.


DESTAQUE
Os factores de risco modificáveis:  

- Tabaco - é o factor de risco mais significativo que podemos reduzir: não fume e evite ambientes de fumadores;
- Luz solar - proteja a sua pele da luz solar durante todo o ano, a radiação UV é causa da maioria dos cancros da pele;
- Erros alimentares – Escolha alimentos que ajudem a manter um peso saudável, baseie a sua dieta em vegetais, frutos e cereais integrais, limite o consumo de carne vermelha e evite alimentos processados;
- Peso excessivo - O excesso de peso está relacionado com vários tipos de cancro. O seu controlo passa pela luta contra o sedentarismo e uma alimentação racional;
- Falta de actividade física - Mantenha uma actividade física moderada, como caminhar, diária de, pelo menos, 30 minutos: sentir-se á com mais energia, estimulará o seu sistema imunitário e reduzirá o stress;
- Álcool – Também o álcool está ligado a vários tipos de cancro. Um homem não deve consumir mais do que duas bebidas (copo pequeno) por dia, enquanto uma mulher não deve ir além de uma.


 


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