DEZEMBRO 2013
DIABETES CANINA
Dr. Paulo Araújo – Médico Veterinário
vetfunchal@mail.telepac.pt

O mês de Novembro foi o mês da diabetes, razão pela qual se decidiu abordar esta temática neste artigo. Trata-se de uma doença endócrina e é, decididamente, a mais frequente, quer na população canina, quer felina. 

É uma doença que tem origem no mau funcionamento pancreático. O pâncreas, apesar de ser um órgão pequeno, tem uma grande importância na realização da digestão (produção de enzimas digestivas) e no controle do açúcar sanguíneo (produção de hormonas). A diabetes deve-se a uma deficiente produção de insulina por parte das células beta do pâncreas. Trata-se de uma doença cujo aparecimento é mais frequente em animais a partir dos 5 anos de idade, sendo muito rara a sua forma congénita com manifestação em cachorros. Os Samoyedos, os Husky Siberianos e os Caniches são raças com alguma predisposição para a diabetes.

Ao contrário do que acontece nos humanos, em que existem dois tipos de diabetes, tipo I (insulino-dependente) e tipo II (não insulino-dependente), nos cães apenas foi diagnosticada a diabetes tipo I, logo a mesma é sempre insulino-dependente.

A insulina é o “porteiro” que existe à superfície das células e que permite a entrada da glicose (açúcar) nas mesmas. Como a glicose é uma substância vital que fornece a maior parte da energia necessária para a vida, quando não consegue entrar no interior das células, acumula-se na corrente sanguínea, desencadeando uma série de alterações no metabolismo do canídeo que podem inclusive levar à sua morte. 

Os quatro principais sintomas da diabetes são os seguintes: 
- Perda de peso: os animais vão buscar energia alternativa aos seus depósitos de gordura e proteína, visto não conseguirem utilizar a glicose; 
- Apetite voraz: a falta de açúcar no interior das células faz com que o animal tenha sempre necessidade de ingerir comida; 
- Poliúria: o organismo tenta eliminar o excesso de açúcar sanguíneo através da urina, no entanto a glicose arrasta consigo grande quantidade de fluidos corporais, havendo uma produção exagerada de urina;
- Polidipsia: devido ao aumento da produção de urina e consequente desidratação do animal, ele aumenta de forma compensatória a ingestão de água. 

O diagnóstico de diabetes faz-se pela conjugação dos quatro sintomas anteriormente descritos e pela presença de glicose na urina (glicosúria) e excesso de açúcar sanguíneo (hiperglicemia).

O tratamento da diabetes consiste na administração da insulina por via subcutânea e controle dietético, devendo sempre que possível e se o animal se adaptar, recorrer-se a uma ração comercial formulada especificamente para esta patologia, pois além de ser mais fácil controlar a quantidade ingerida, também tem na sua constituição açúcares adequados a este problema.

A grande dificuldade ao nível do tratamento é a estabilização da glicemia sanguínea e a determinação da dose correcta de insulina para o animal. Por vezes, é necessário algumas semanas até se atingirem estes dois objectivos, e enquanto isso, a monitorização do açúcar sanguíneo tem ser diária, e por vezes, é mesmo necessária a hospitalização, pois uma hipoglicemia (diminuição do açúcar sanguíneo) ou hiperglicemia (aumento do açúcar sanguíneo) prolongadas podem provocar danos irreversíveis no animal, ou até mesmo a sua morte.

Para terminar, não quero deixar de referir que se trata de uma patologia crónica e que, como tal, necessita de tratamento e monitorização do animal durante toda a sua via. Recentemente, foi lançada no mercado nacional uma caneta para facilitar a administração da insulina, idêntica à que existe para os humanos.

A todos os leitores, um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo!

 


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