OUTUBRO 2013
HIPOTIROIDISMO CANINO
Dr. Paulo Araújo – Médico Veterinário
vetfunchal@mail.telepac.pt

A tiróide é uma glândula endócrina muito importante, responsável pelo controlo da taxa de metabolismo do organismo. Está localizada no pescoço, logo atrás das cartilagens da laringe. O seu funcionamento é controlado pela glândula pituitária, localizada no cérebro.

Em virtude da função da tiróide ser o controlo do metabolismo do animal, se existe hipertiróidismo o metabolismo acelera-se. Se, pelo contrário, existe hipotiróidismo, o metabolismo diminui. O hipertiróidismo é uma patologia mais frequente nos felinos séniores, sendo o hipotiroidismo, por seu turno, mais frequente nos caninos. Neste artigo iremos debruçar-nos apenas sobre esta última patologia.

As duas causas mais frequentes de hipotiróidismo, constituindo 95% dos casos diagnosticados, são a tiróidite linfocitica e a atrofia da tiróide idiopática. A tiróidite linfocitica trata-se de uma doença imuno-mediada, ou seja, o sistema imunitário do animal não reconhece a tiróide como sendo parte integrante de si e decide atacá-la, destruindo-a. Na atrofia idiopática, o tecido normal da tiróide é substituído por tecido adiposo, por um mecanismo não totalmente esclarecido, sendo esta considerada uma doença degenerativa.

Os sintomas são bastante díspares e por vezes ténues, sendo os mais característicos: aumento de peso, não acompanhado de aumento do apetite; intolerância ao frio; pelo seco; queda excessiva de pelo; pele fina; hiperpigmentação da pele; diminuição da velocidade do crescimento piloso; infecções recorrentes dos ouvidos e da pele; letargia, relutância ao exercício e bradicardia (diminuição da frequência cardíaca).

Também ocorrem sintomas menos frequentes, como sejam: espessamento da pele da face “aspecto facial trágico”; perda de libido e fertilidade nos machos; ausência de “cios”, abortos e infertilidade em fêmeas; depósitos de gordura nas córneas; função anormal de alguns nervos (por vezes mesmo epilepsia) e queratoconjuntivite seca (devido à diminuição da produção de lágrimas).

O diagnóstico faz-se através de análises de sangue com o doseamento da T4 (forma activa da hormona produzida pela tiróide). É também conveniente fazer o doseamento da TSH (hormona produzida pela pituitária, que controla a tiróide) de forma a determinar se o problema reside na tiróide ou se, pelo contrário, se deve à glândula pituitária.

O hipotiroidismo é tratável, mas não curável, pois exige a administração da hormona T4 durante toda a vida do animal. A dose hormonal é calculada em função do peso, no entanto é conveniente realizar doseamentos da T4 com alguma regularidade, para assim se verificar se os seus níveis se encontram normais, pois uma sobredosagem leva a crises de excitação, ausência de sono, perda de peso e aumento do consumo de água (polidipsia). 


 


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