OUTUBRO 2013
ANO NOVO, VIDA NOVA
Dra. Cheila Martins - Psicóloga
cheilamartins@hotmail.com

Pode até parecer-lhe um título um pouco desadequado, tendo em conta que ainda faltam cerca de 3 meses para as badaladas que antecipam a chegada do novo ano civil. Mas, para os cerca de 50 mil alunos das nossas escolas, é agora “o ano novo” que comporta, para muitos, o início de uma nova vida. Ele são livros novinhos, canetas por etiquetar, material escolar todo a condizer, colegas e professores novos, salas diferentes…Todo um mundo por estrear! E é aqui que surgem novas promessas, novas metas, e muitas vezes, novas dificuldades.

São tantas novidades que, facilmente, tornar-se-ão um cenário assustador para a criança que não gerindo de forma positiva toda a ansiedade acumulada, poderá exteriorizá-la desde a mais simples birra do famoso bate-o-pé, até ao pânico.

É do conhecimento geral que o ano novo traz consigo algumas nuances, nomeadamente adaptações! Adaptações pessoais (da criança perante todo um novo contexto), adaptações das instituições (com a chegada de novos alunos e de novo capital humano) e alterações da dinâmica familiar! Sim pai, alterações até a nível familiar! 

Para além dos livros com cheiro a novo, acompanhados pelo papel autocolante espalhado pela sala, do quarto das crianças estar de pantanas com mochilas a fazerem pendant com o estojo, dos cadernos coloridos e das cores no escritório, eu sei que o compartimento mais desorganizado da sua vida é, neste momento, a sua cabeça! É como se o seu filhote, o bebé, aquele que ainda no outro dia nem andava, fosse assim de repente, largado aos leões! E agora para si mãe eu sei, que tudo o que mais lhe apetece no primeiro dia, ao primeiro choro, é dar-lhe colo e “teletransportá-lo” novamente para a sua barriga. Mas sabe que não estamos a ser muito realistas não sabe?! Nesta clara impossibilidade, anote estas dicas úteis para usar dos zero aos 30:

- Tente que o seu filho não carregue mais pesos do que a sua mochila (e convenhamos que elas vão bem recheadas) e evite questões como “Pai, mãe, porque é que estão a chorar?”
- Acompanhe o seu filho (tanto no primeiro, como nos outros dias todos) assim será duplamente feliz, em primeiro lugar porque lhe dará segurança e ele saberá sempre com quem contar, e depois porque se sentirá parte integrante do seu desenvolvimento;
- Mesmo que ainda seja muito precoce, mantenha-se atento às dificuldades de aprendizagem. Eu sei que, nesta correria competitiva, quer que ele seja sempre o primeiro a cortar a meta. Faça por isso! Se não conseguir sozinho, peça ajuda especializada!
- Mostre-se envolvido nas suas aprendizagens e nos seus interesses, adoptando sempre uma postura mais construtiva do que crítica;
- Crie com ele uma rotina: uma decisão partilhada será mais profícua, com a vantagem de assim se estabelecerem regras e de o fazer interiorizar que há tempo para dormir, comer, estudar e brincar;
- Conversem, conversem muito, não se contente com respostas monossilábicas, quando não sabe o porquê. Pergunte-lhe como correu o dia e o que aprendeu de novo, assim para além de o ajudar a “rever a matéria” também se mostra interessado nas suas aprendizagens;
- Participe nas reuniões de pais e nas actividades escolares, é sempre bom conhecer bem as pessoas que passam a maior parte do dia com o seu filho.

Dicas dadas, não posso deixar passar a oportunidade de alertar também para todas as problemáticas psicossociológicas inerentes a uma “entrada na escola”. E porque elas podem ser várias, costumo apelidá-las de “grandes cidades”. Cidades caóticas, cheias de buzinas, trânsito, pessoas, (imensas pessoas) que correm desenfreadamente de um lado para o outro. Mas, ao mesmo tempo, cidades ricas, cheias de estímulos, de cultura, de oportunidades. 

Garanto-lhe que daria pano pra mangas se enumerasse todas as possibilidades, todas as coisas a que deve estar atento, começando nas dificuldades de aprendizagem, passando pelas perturbações de comportamento e não esquecendo toda a componente relacional implicada. 

Numa cidade tão barulhenta tudo conta, aguce o “sexto sentido parental” e mantenha-se alerta para não ser apanhado sem contar. Usufrua dos pontos de informação deste local, procure, não se sinta perdido!

E se o ano é novo, a vida também pode ser nova! Coma as passas, peça os desejos e conte-mos! Eu prometo que trabalhamos juntos para torná-los realidade!


 


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