JULHO 2013
BOCA SECA
Dr. Fabião de Castro da Silva – Médico Dentista
dentocarmo@gmail.com

“Boca Seca” é o resultado de uma diminuição da produção salival, denominada Xerostomia. Por outro lado, é a sensação subjectiva de boca seca, consequência ou não, da diminuição da função das glândulas salivares, com alterações quer na quantidade, quer na qualidade da saliva.

Este é um dos sintomas frequentes em doentes em cuidados paliativos e a sua prevalência é referida como sendo de 60% a 85% na doença oncológica progressiva e avançada. A Xerostomia tem consequências físicas, mas também, psicológicas e sociais. A saliva desempenha um papel importante na manutenção das condições fisiológicas normais dos tecidos da cavidade oral. Para além de humidificar os tecidos da boca, a propriedade lubrificante da saliva auxilia a formação e deglutição do bolo alimentar, facilita a fonética e previne danos nos tecidos, causados quer por agentes mecânicos, quer por microorganismos nocivos.

Causas

Esta patologia resulta de três causas gerais fundamentais: problemas no centro salivar; problemas na estimulação das glândulas salivares; ou problemas nas próprias glândulas salivares. São causas específicas:
- A idade avançada, pois as glândulas podem atrofiar com o passar dos anos; 
- Síndrome de Sjögren, mais frequente em mulheres na faixa dos 40 ou próximas à menopausa;
- Pacientes sujeitos a radioterapia de neoplasias na região da cabeça e pescoço; 
- Em doenças congénitas, como aplasia glandular, ausência do desenvolvimento das glândulas salivares; 
- Em pacientes com Diabetes Mellitus, a boca seca é um achado comum; 
- Efeitos secundários de medicação (anti-depressivos, calmantes, anti-histamínicos, anti-colinérgicos e anti-hipertensores); 
- Tabaco e álcool em excesso; 
- Respiração oral crónica; 
- Ingestão inadequada de líquidos; 
- Febres altas e desidratação; 
- Alimentos condimentados;
- Distúrbios emocionais.

Consequências

A ausência de saliva provoca, entre outros problemas: dor; ardor na língua e na mucosa; fissuras na língua; mau hálito; dificuldade em mastigar e deglutir alimentos; dificuldade em falar; alteração do paladar; alta predisposição para desenvolver cáries dentárias e inflamações gengivais; complicações periodontais; dificuldade em utilizar próteses dentárias parciais ou totais; frequentes doenças fúngicas pelo acumular e desenvolvimento de bactérias na boca.

Tratamento

Para efectuar um correcto tratamento, o diagnóstico clínico é fundamental. Deve ser avaliado pormenorizadamente o estado da boca e a situação funcional real, podendo ser empregues métodos quantitativos para determinar a secreção salivar em repouso ou por estimulação, quando a situação o justificar. O tratamento deve ser orientado pelo conhecimento da etiologia e repercussões que a secura da boca tem na perda de conforto e qualidade de vida do doente. Assim, devemos controlar o uso de medicamentos xerogénicos, tratar a doença de base, se tal for possível, e se contribuir para a xerostomia, promover a hidratação e tomar medidas para o controlo sintomático. 
O tratamento sintomático divide-se em três áreas de actuação: 
- aumentar a produção de saliva pela estimulação mecânica, gustativa ou farmacológica; 
- usar substitutos de saliva, (quando não for possível a sua estimulação);
- acções de promoção da saúde oral. 

A estimulação mecânica da secreção de saliva, é feita com recurso a gomas de mascar. A estimulação gustativa é feita por exemplo, ao chupar uma pastilha de vitamina C. A pilocarpina é um medicamento de que dispomos, para estimular a secreção salivar. Deve aconselhar-se uma dieta mole, evitando alimentos secos, bem como o tabaco e bebidas alcoólicas. É importante que os técnicos da saúde ensinem aos doentes com xerostomia, a melhor maneira de obter alívio e as medidas para prevenirem as complicações que poderão vir a comprometer seriamente a sua qualidade de vida.

O aumento da sobrevida e o estilo de vida actuais, fazem com que este tipo de patologia seja uma realidade cada vez mais presente na nossa população. Pacientes aos quais seja diagnosticado esta doença, devem ser seguidos de uma forma mais atenta pelo seu médico dentista, a fim de minimizar as consequências da patologia, melhorando assim a qualidade de vida. Na dúvida, consulte sempre o seu médico dentista.


 


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