JUNHO 2013
HIPERTENSãO
Dra. Sara Duarte – Farmacêutica
sara.duarte@farmaciadocanico.pt

A Hipertensão Arterial é uma doença determinada por níveis elevados de pressão sanguínea nas artérias - força exercida pelo sangue nas paredes destes vasos sanguíneos -, o que obriga o coração a exercer um esforço muito maior do que o normal para bombear o sangue. 

Esta doença tem uma prevalência elevada na população portuguesa e constitui um enorme problema de saúde pública na sociedade actual. Representa um dos factores de risco mais relevantes na etiologia de doenças cerebrais e cardiovasculares (por exemplo: AVC, enfarte), o que faz dela uma das principais causas de morbi-mortalidade nos países desenvolvidos, principalmente se desconhecida ou mal controlada. Segundo a American Heart Association, é a doença crónica que propicia o maior número de consultas nos sistemas de saúde, pelo que também tem um forte impacto económico e social. Por tudo isto, é de máxima importância diagnosticar e tratar a Hipertensão Arterial.

Considera-se que um indivíduo sofre de Hipertensão quando apresenta, em várias medições e em diferentes ocasiões, a pressão arterial Sistólica (período em que o músculo cardíaco está contraído) igual ou superior a 140mmHG e/ou a pressão arterial Diastólica (período em que o músculo cardíaco está relaxado) igual ou superior a 90mmHg. 

Existem três graus de Hipertensão: ligeira, moderada e grave, dependendo de quanto os valores das pressões sistólica e diastólica estão aumentados, conforme ilustra o Quadro 1.

A Hipertensão raramente é acompanhada de sinais ou sintomas, sendo a sua detecção e diagnóstico feitos na maioria das vezes em rastreios ou durante consultas médicas solicitadas por outros problemas. No entanto, parte significativa dos hipertensos relata sofrer de dores de cabeça, sobretudo na zona occipital da cabeça (correntemente designada por nuca) e durante a manhã, assim como tonturas, zumbidos, distúrbios da visão e perda de consciência.  

O principal objectivo do tratamento do doente hipertenso é obter a longo prazo a redução máxima da morbilidade cardiovascular e renal e diminuir a mortalidade. Isso será atingido pela redução dos valores elevados de tensão arterial e pelo tratamento dos factores de risco modificáveis e doenças associadas.

A primeira linha do tratamento da Hipertensão deverá ser a adopção de um estilo de vida “saudável”. Se suficientemente duradouras, as medidas adoptadas poderão permitir a redução dos valores aumentados de tensão arterial para valores normais e a diminuição do risco cardiovascular global. Tais medidas incluem:
Redução do peso em indivíduos obesos ou com excesso de peso;
Seguir um plano alimentar pobre em gorduras saturadas e rico em vegetais e frutos – “DASH diet”: Dietary Approaches to Stop Hypertension;
Redução da ingestão de sal (cloreto de sódio);
Realizar actividade física diária, por exemplo caminhar 30 minutos por dia, 5 a 7 dias por semana;
Consumo moderado de álcool, não excedendo um copo de vinho diário e privilegiando o vinho tinto;
Deixar de fumar.

Estas medidas, se adoptadas desde sempre, podem mesmo contribuir para a prevenção da ocorrência da Hipertensão Arterial. 

Quando estas atitudes não são suficientes, recorre-se à terapêutica farmacológica com anti-hipertensores. Estão disponíveis seis classes destes fármacos que, muitas vezes, são usados em associações de dois ou três.

Se não é possível obter o controlo desejável dos doentes hipertensos, mesmo recorrendo a associações de três fármacos, considera-se estar na presença de Hipertensão resistente. Em muitos casos, tal situação é devida à má aderência à terapêutica, tanto pelos elevados custos destes medicamentos, como pela elevada complexidade dos regimes terapêuticos. 

A elevada prevalência da Hipertensão e o facto de constituir um dos principais factores de risco de doenças cardiovasculares fazem com que seja essencial a população ganhar consciência da importância da prevenção, controle e tratamento desta doença.   


Quadro 1

Definição e classificação dos graus de pressão arterial em adultos.

Categoria

Pressão arterial sistólica (mmHg)

Pressão arterial diastólica (mmHg)

Óptima

< 120

e

< 80

Normal

120 – 129

e/ou

80 – 84

Normal alta

130 – 139

e/ou

85 – 89

Hipertensão arterial

 

Grau 1 (ligeira)

Grau 2 (moderada)

Grau 3 (grave)

 

 

140 – 159

160 – 179

≥ 180

 

 

 

e/ou

 

 

90 – 99

100 – 109

≥ 110

Hipertensão sistólica isolada

≥ 140

e

< 90



 


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