MARçO2013
ERLIQUIOSE CANINA
Dr. Paulo Araújo – Médico Veterinário
vetfunchal@mail.telepac.pt

A erliquiose é uma doença infecciosa dos cães produzida por uma rickettsia (bactéria) e cujo vector transmissor da doença é uma carraça (Rhipicephalus sanguineus), que funciona como reservatório principal do organismo na natureza. A espécie mais comum é a Ehrlichia canis, mas também outras estirpes como a Ehrlichia platys podem estar envolvidas.

A infecção com Ehrlichia pode apresentar três fases:
- Fase aguda, que se caracteriza por febre, perda de apetite, prostração acentuada, aumento dos gânglios linfáticos, distúrbios neurológicos e trombocitopenia (diminuição das plaquetas). Esta fase começa uma a três semanas após a exposição à carraça e pode durar entre duas a quatro semanas. 
- Fase sub-clínica, que se caracteriza pela presença do parasita no organismo, mas sem manifestar qualquer tipo de sintoma da doença. Pode acontecer o animal passar da fase aguda para a fase sub-clínica sem o proprietário se aperceber, apresentando o animal apenas alterações analíticas, como sejam anemia, trombocitopenia e aumento das proteínas plasmáticas. 
- Fase crónica, que ocorre quando o sistema imunitário do cão não é eficaz na expulsão ou controlo da Ehrlichia. Os cães que estão nesta fase da doença são animais propensos a desenvolver uma série de problemas, como sejam: anemia, problemas de coagulação com consequentes hemorragias, problemas oculares (inclusive hemorragias intra-oculares), claudicações e edema dos membros, problemas neurológicos, etc. Quando os animais entram na fase crónica, a mortalidade pode ser elevada, devido à ocorrência de uma pancitopenia (diminuição global dos glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas), como consequência da supressão da medula óssea.

O diagnóstico de erliquiose nem sempre é fácil na sua fase inicial. O sistema imunitário demora entre duas a três semanas para responder à presença do parasita e desenvolver anticorpos. Uma vez que a presença de anticorpos para Ehrlichia é a base para os testes de diagnóstico mais comuns, estes podem ser falsos negativos em animais infectados. Por vezes, a realização do teste umas semanas mais tarde pode confirmar o diagnóstico. A visualização do parasita em esfregaços sanguíneos também é diagnóstica, mas tem igualmente bastantes falsos negativos. Conclui-se, pois, que a detecção de anticorpos juntamente com a presença dos sinais clínicos característicos, sejam os critérios mais utilizados para a confirmação da doença. 

O tratamento consiste na administração de um antibiótico (doxiciclina) durante 20-30 dias, consoante a gravidade da infecção e dos sintomas. Se o animal apresentar uma anemia severa ou problemas na coagulação, pode ser necessária uma transfusão de sangue.

Os cães com sistemas imunológicos competentes geralmente recuperam, embora permaneçam susceptíveis a reinfecção. Os que têm um sistema imunitário mais fraco e que evoluíram para estádios terminais da doença (com falência da medula óssea), têm um prognóstico muito reservado.  

Como “mais vale prevenir do que remediar”, o melhor método de prevenção da infecção passa pela colocação de ampolas ou coleiras anti-parasitárias de uma forma regular e por evitar que o animal frequente locais em que a existência de carraças possa ser elevada.

Para terminar, o animal não pode transmitir a doença aos humanos, mas estes podem contraí-la se forem picados pela carraça portadora deste parasita.


 


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