MARçO2013
DOENçA CELíACA
Dr. João Cerqueira – Farmacêutico
joao.cerqueira@farmaciadocanico.pt

Estima-se que a doença celíaca afete cerca de 1% da população. Pertence ao grupo das patologias autoimunes, ou seja, neste tipo de doenças o sistema imunitário apresenta resposta contra as células e tecidos do próprio organismo. Há, pois, uma predisposição genética nesta doença. Nos doentes celíacos, o sistema imunitário, na presença de glúten, danifica o intestino delgado e causa diminuição da absorção nutrientes, vitaminas, sais minerais e água. Esta diminuição da absorção é causada pela diminuição das vilosidades intestinais e pela inflamação da própria mucosa intestinal, consequência da doença celíaca.

O glúten é uma mistura de proteínas insolúveis em água, que existe na semente de muitos cereais. O glúten está presente nas farinhas e nos derivados do trigo, cevada, centeio e aveia. O arroz, o milho, a soja, a batata, a cenoura ou as sementes de girassol, estão isentos de glúten.

A nível de sintomatologia, a doença celíaca apresenta uma elevada diversidade de manifestações clínicas. Como sintomas clássicos, estão definidos a diarreia, a perda de peso e a fadiga, no entanto, não raras vezes, a doença celíaca pode causar sintomas mínimos ou atípicos. Deste modo, nas crianças temos a diarreia (crónica ou intermitente), distensão abdominal, vómitos, atraso no crescimento ou ganho insuficiente de peso e as alterações de humor como sintomas mais típicos. As crianças são mais afetadas pela sintomatologia a nível do aparelho digestivo, principalmente durante os dois primeiros anos de vida, durante a introdução de novos alimentos. Nos adultos, são referenciados outros sintomas, nomeadamente: aftas recorrentes, alterações dermatológicas, cansaço crónico, dores ósseas e cãibras e alterações do comportamento. A doença celíaca, devido à deficiente absorção dos diversos nutrientes, pode também provocar anemia, diminuição da fertilidade e perda de massa óssea.

O diagnóstico da doença celíaca tem por base os sinais e sintomas sugestivos da doença, análises bioquímicas e serológicas ao sangue e a confirmação realiza-se através de uma biópsia. O diagnóstico deve ser realizado antes de ter início o tratamento, na medida que o intestino tem uma elevada capacidade de regeneração e os anticorpos pesquisados nas análises começam a diminuir com o tempo.

Uma dieta isenta de glúten por toda a vida é o tratamento atualmente aceite. A dieta em si não passa senão pela substituição dos alimentos que contêm glúten por outros que tenham sido confecionados ou elaborados com matérias-primas isentas de glúten. A dieta isenta de glúten é a única forma de que o intestino se regenere e recupere as suas caraterísticas normais e proporciona ao doente celíaco uma melhoria do estado nutricional global. No caso de estarmos a falar de crianças ou adolescentes, a dieta isenta de glúten visa também proporcionar um crescimento e desenvolvimento adequados à idade. A avaliação do estado nutricional do doente celíaco é muito importante, pois aquando do diagnóstico podemos encontrar o doente celíaco com baixo peso, anemia, baixa densidade óssea e deficiências em vitaminas ou minerais.  

Após o diagnóstico, o doente celíaco necessita de ser acompanhado por um nutricionista familiarizado com a doença celíaca. O doente celíaco deve criar novas rotinas, como seja a leitura atenta dos rótulos dos alimentos, e deve aprender a reconhecer fontes menos óbvias de glúten.

Como exemplos de alimentos proibidos temos:
Pão, bolos, bolachas, massas, iogurtes com cereais, panados, pizzas, cereais de pequeno-almoço, produtos manufaturados em que entre na composição farinhas trigo, centeio, cevada ou aveia.

Como exemplo de alimentos que podem conter glúten temos:
Qualquer alimento preparado ou manufaturado cujo fabricante não especifique que não contém glúten, alimentos com amido modificado ou amidos não identificados, molhos, sopas de pacote, sobremesas instantâneas, batatas fritas congeladas, gelados, queijos fundidos, compotas, sumos, chocolates, whisky.

Alimentos sem glúten:
Pão, produtos de pastelaria e cereais preparados a partir de milho, batata, arroz ou soja. Massas preparadas a partir de arroz ou outros ingredientes permitidos. Frutos, vegetais e legumes não processados. Carne, ovos, peixe e marisco frescos. Leguminosas secas, assim como frutos secos naturais. Sal, vinagre, azeite, pimenta, açúcar e mel. Leite, manteiga, natas e queijos não processados.

O doente celíaco deve ser cuidadoso sempre que fizer uma refeição fora de casa, quando compra alimentos e sempre que tenha disponíveis alimentos em situações sociais. O abdicar da dieta isenta de glúten leva a que, mais tarde ou mais cedo, o doente celíaco volte a ter sintomatologia de doença celíaca. Em caso de dúvida sobre se um alimento contém ou não glúten, evite ingeri-lo.




 


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