JANEIRO 2013
CRISE CONVULSIVA
Enfª Filomena Reis e Enfª Vera Pestana
Enfermeiras de saúde infantil e pediatria

A crise convulsiva é o resultado de uma alteração elétrica do cérebro, com as mensagens cerebrais a serem temporariamente interrompidas ou trocadas. Normalmente, duram alguns segundos ou minutos, retomando depois a sua atividade normal. 

Nas crianças e adolescentes, o cérebro está em constante desenvolvimento e, por isso, há uma maior dificuldade no seu controlo. O cérebro é responsável pela maioria das funções corporais, e como tal, aquilo que uma pessoa sente durante a crise, depende da parte do cérebro que foi afetada e da velocidade a que se propaga.

Tipos de crises convulsivas

As crises podem ser parciais ou generalizadas. Nas crises parciais, há uma envolvência de apenas uma parte do cérebro e podem progredir para generalizadas. Não há perda de consciência e apenas é afetado o órgão controlado por essa parte do cérebro. Poderá haver um período de alteração de comportamento, uma amnésia ou incapacidade de responder a um evento. Poderá haver uma interrupção de atividade, fixação do olhar, desvio dos olhos e da cabeça para um lado ou um comportamento motor repetitivo (ex.: do polegar, do canto da boca, etc.) pode evoluir para uma crise generalizada. 

Nas crises generalizadas, é envolvida a totalidade ou quase totalidade do cérebro. Surgem espasmos no corpo ou membros, seguidos de perda da força muscular e da consciência, fazendo com que a pessoa caia. 

Pode ainda acontecer que, durante a crise generalizada, devido aos tremores intensos e queda da língua, a criança apresente cianose (um tom arroxeado da pele). Isto normalmente acontece se for uma crise mais longa (superior a 5 minutos).

Prevenção

Mesmo que não haja uma situação patológica, as temperaturas elevadas podem ser responsáveis por episódios de crises generalizadas. Como prevenção, é fundamental ter sempre um adequado controlo da febre nas crianças, sobretudo em crianças até aos 5 anos de idade, que é a idade mais frequente para convulsões febris.
Nas crianças com historial de crises, poderão ser fatores desencadeantes determinados estímulos ambientais. Logo, é importante ter conhecimento desses estímulos, de forma a evitá-los (ex.: ruídos e luminosidade muito intensos, etc.) É importante manter a escola informada. 

Porque é importante todos saberem lidar com uma crise convulsiva?

A crise convulsiva costuma ser um momento de muito stress. No entanto, a primeira coisa que deve se ter em mente é que a maioria das crises dura menos que 5 minutos e que a mortalidade durante a crise é baixa. Assim, deve manter-se a calma, para que se possa, efetivamente, ajudar a criança, sabendo prevenir lesões durante a crise.
Não há que ter medo durante a crise, nem se precipitar com intervenções desajustadas. 

Na escola, há que ter consciência de que a criança ou adolescente tem um percurso escolar igual a qualquer outro. 

Como intervir numa situação de crise generalizada?

Algumas medidas protetoras devem ser tomadas no momento da crise:
Deitar a criança (caso ela esteja de pé ou sentada), evitando quedas e traumas; 
Afastar a vítima de lugares perigosos, como áreas com piscina e próximas de objetos cortantes;
Mantenha-se calmo e acalme quem assiste à crise;
Retirar objetos pessoais como óculos, anéis ou colares;
Alargar as roupas se necessário, em especial as que estão próximo do pescoço;
Manter a vítima de lado, com a cabeça baixa, para evitar engasgos;
Coloque qualquer coisa macia debaixo da cabeça, ou ampare-a com a sua mão, impedindo-a de bater no chão ou contra objetos;
Proteger a boca, observando se a língua não está a ser mordida. Se a criança se estiver sufocando com a própria língua, NUNCA ponha a mão dentro da boca para tentar ajudá-la. Ela pode subitamente contrair violentamente a mandíbula, e feri-lo. O simples ato de girar a cabeça para o lado é suficiente para a língua cair e desobstruir as vias aéreas, além de impedir que a criança se afogue na própria saliva;
Não deixe a vítima sozinha, até que volte a respirar normalmente e esteja bem acordada;
Limpar as secreções salivares, com um pano ou papel, para facilitar a respiração; 
Observar se a criança consegue respirar; 
Reduzir estimulação sensorial (diminuir luz, evitar barulho); 
Permitir que a criança descanse ou até mesmo durma após a crise; 
Depois de terminada a crise, procurar apoio num serviço de saúde.

Se possível, após tomar as medidas acima indicadas, devem-se anotar os acontecimentos relacionados com a crise, nomeadamente:
• Início da crise;
• Duração da crise; 
• Eventos significativos anteriores à crise; 
• Se há incontinência urinária ou fecal (eliminação de fezes ou urina nas roupas); 
• Como são as contrações musculares; 
• Forma de término da crise; 
• Nível de consciência após a crise.

Várias medidas erradas são comumente realizadas no socorro de uma criança com crise convulsiva. NÃO DEVE SER FEITO:
NÃO se deve imobilizar os membros (braços e pernas), deve-se deixá-los livres;
NÃO tentar balançar a criança;
Não coloque os dedos dentro da boca da criança, involuntariamente ela pode feri-lo;
NÃO dar banhos nem usar compressas com álcool caso haja febre, pois há risco de afogamento ou lesão ocular pelo álcool;
NÃO medicar, mesmo que tenha os medicamentos, na hora da crise, pela boca. Os reflexos não estão totalmente recuperados, e a criança pode-se afogar ao engolir o comprimido e a água;
Nunca jogar água para a cara, nem dar nada para cheirar.

Depois de terminada a crise, é normal haver sonolência, confusão mental e dores de cabeça. Não dar líquidos ou alimentos sólidos, pois os movimentos podem ainda estar descoordenados. Procurar apoio num serviço de saúde se a crise durar mais de 5 minutos. 

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