NOVEMBRO 2012
FISIOTERAPIA E A INCONTINêNCIA URINáRIA
Dra. Nélia Paulino – Fisioterapeuta
reabilitesse@sapo.pt

Nos dias de hoje, a problemática da incontinência urinária assume, cada vez mais, um maior destaque. A International Continence Society (2002) define incontinência urinária como qualquer perda involuntária de urina, objetivamente demonstrável com um grau de severidade que se torna num problema social e higiénico. 

Impacto da incontinência urinária
A incontinência urinária é um problema com implicações médicas, sociais e económicas, responsável por uma diminuição da auto-estima, restrição das atividades sociais e sexuais e desenvolvimento de estados depressivos (Moura, 2004), revelando grande impacto nas atividades da vida diária das pessoas (Coelho et al., 2007).

Em termos de prevalência, a literatura aponta para valores entre os 16% e os 22% (Shamliyan et al, 2008) contudo, acredita-se que esta percentagem seja inferior à realidade, pois muitas pessoas com incontinência urinária por vergonha não referem o problema nem recorrem à ajuda médica (Coelho et. al 2007). Esta apresenta maior frequência com aumento da idade (Ferreira et al. 2009) e no sexo feminino, estimando-se que uma a cada três mulheres terá sintomas de incontinência urinária durante a sua vida (Coelho et al, 2007). 

Como é abordada a incontinência urinária?
A incontinência urinária ainda se revela como uma condição socialmente não aceite, devido à falta de conhecimento, julgamentos errados e intolerância, o que por sua vez, conduz a isolamento pessoal, embaraço social e demora em procurar ajuda médica (The Canadian Continence Foundation, 2001).
É, desta forma, essencial aumentar os conhecimentos sobre esta condição e enfatizar que não é inevitável nem vergonhosa (The Canadian Continence Foundation, 2001).

Como se manifesta a incontinência urinária?
A incontinência urinária difere em três tipos, consoante a sintomatologia e a fisiopatologia, podendo ser de esforço, de urgência e mista. A incontinência urinária de esforço caracteriza-se pela perda involuntária de urina que ocorre em atividades como andar, levantar objetos pesados e ainda aquando de tosse, espirros, ou qualquer outra situação que aumente a pressão abdominal. Já a incontinência urinária de urgência é descrita pela perda involuntária de urina associada a uma forte urgência em urinar. Por fim, a incontinência urinária mista caracteriza-se por uma combinação entre a de esforço e a de urgência. (Gray, 2004)

Quando intervir?
O tratamento da incontinência urinária de esforço é relativamente simples e eficaz quando comparado com o tratamento da incontinência de urgência (Ortiz & Robalo, 2006), sendo que a de esforço representa cerca de 50% dos casos de incontinência (Gray, 2005). Perante esta percentagem e sabendo que devido às disfunções provocadas pelo envelhecimento, a incontinência urinária de esforço pode evoluir para incontinência de urgência, é essencial que se faça um diagnóstico precoce e um tratamento adequado e atempado. Quanto mais cedo iniciar o tratamento, mais eficaz será o mesmo e melhores resultados serão obtidos.

Como intervir? 
Segundo as guidelines – Urinary Incontinence, the management of urinary incontinence da National Collaborative Centre for Women’s and children’s health - Commissioned by the National Institute for Health and Clinical Excellence (2006), o treino dos músculos do pavimento pélvico, estão na primeira linha de intervenção para a incontinência urinária de esforço ou mista. 
A taxa de sucesso destes programas de tratamento da incontinência urinária, de esforço e mista, varia entre 60 a 75% (Ortiz & Robalo, 2006) e de acordo com Sampselle (2003), mais de 75% dos utentes revelam melhorias dos sintomas de incontinência urinária a níveis superiores a 50%.

Como garantir o sucesso do tratamento?
No que respeita à duração do tratamento, prevê-se que este dure pelo menos 3 meses (NICE, 2006). Este trabalho decorre em parceria entre utente e fisioterapeuta, uma vez que o tratamento decorre para além do gabinete de fisioterapia, sendo assim fundamental o papel activo do utente para o sucesso do mesmo (Miller 2002). A motivação e a supervisão dos exercícios são fundamentais para garantir a efetividade da intervenção, as quais são asseguradas pelo contacto regular com o fisioterapeuta (EAU, 2009).

Desta forma, a Fisioterapia enquanto profissão está habilitada e deve assumir responsabilidades no desenho e na condução de programas de intervenção com vista ao Treino dos músculos do Pavimento Pélvico.

Controle a incontinência urinária, não deixe que ela o controle a si!


 


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