Dra. Nádia Brazão – Nutricionista nadia.brazao@planod.pt Tentar explicar que, hoje em dia, os alimentos que ingerimos diariamente não são assim tão inócuos quanto desejamos, ou que a alimentação sofreu imenso com a industrialização, seria apenas uma revisão da matéria! A verdade é que todas estas mudanças trouxeram efectivamente inúmeros benefícios para o nosso dia-a-dia: desde refeições mais rápidas, dietas pré-empacotadas, refeições menos pensadas e até mais saborosas. E os riscos destas mudanças?! As “famosas” doenças cardiovasculares, diabetes, infecções, cancro e indivíduos com fracos sistemas imunitários! Em que ponto ficamos? É aqui que entram os superalimentos, uma espécie de super heróis da alimentação! Um conceito pouco científico utilizado pelo marketing da indústria alimentar para designar um alimento excepcionalmente denso em nutrientes e em compostos biológicamente activos que conferem benefícios em saúde. Podem “terminar” com infecções, suprimir células cancerígenas, regular níveis de açúcar no sangue, fortalecer ossos, ajudar na perda de peso … e por aí além! Estas super-estrelas do mundo dos alimentos, são tão boas e isentas de risco, que o pressuposto é que devam ser incluidos na nossa alimentação diária! Aqui alguns do protagonistas: CRUCÍFERAS (os combatentes): os vegetais deste grupo, como por exemplo, os brócolos, a couve-flor, ou a couve-galega, têm a particularidade de possuirem compostos de enxofre, o que lhes confere o sabor amargo ou azedo, e quando as paredes das células destes vegetais se quebram, gera-se uma reacção química que transforma estes compostos de enxofre em isotiacianatos (ITC) - compostos poderosos e comprovadamente anticancerígenos. Para maximizar este efeitos devemos: cozinhar os vegetais o mínimo possível, ou mesmo ingeri-los em cru; mastigá-los muito bem, por forma a esmagar todas as células; fazer puré, triturar ou cortar todas as crucíferas antes as juntarmos a guisados ou sopas; ingerir pelo menos cinco doses destes vegetais por semana. CEBOLA E ALHO (as preciosidades): a família allium, que incluem a cebola, o alho, o alho-francês, as chalotas e o cebolinho, faz muito mais que dar sabor à comida. Estes alimentos contêm compostos anticancerígenos, anti-inflamatórios e antioxidantes. Através de um estudo, verificou-se que indivíduos que consumiam sete ou mais porções de 80 gramas por semana (ou cerca de meia chávena de cebola crua picada por dia) reduziam entre 50% a 88% o risco de terem vários tipos de cancro: cólon, ovários, esofago, próstata, estômago. COGUMELOS (os salva-vidas): são alimentos especiais, que possuem muitos compostos raros, que só agora começam a ser descobertos. As variedades de cogumelos broncos, como portobello, ostra, maitake e reishi, e até o cogumelo mais comum e barato, o cogumelo-botão, têm demonstrado conter efeitos anticancerígenos em cancros como o da mama, da próstata e do cólon. Devem ser consumidos sempre depois de cozinhados, e ao contrário dos anteriores, mantêm a sua actividade. ROMÃS (as fantásticas): Na última década, têm sido realizados inúmeros estudos sobre as propriedades das romãs no tratamento e prevenção do cancro, doenças cardiovasculares, da diabetes, da disfunção eréctil, infecções bacterianas, resistência a antibióticos, ou seja, a uma lista infindável de vantagens. A romã pode ser ingerida ao natural, em saladas ou em sumos, e pode ainda ser congelada para ingerir fora de época. BAGAS SILVESTRES (as escondidas): estas contêm elevadas quantidades de ácido elágico, antocianinas, substâncias com efeitos anticancerígenos muito fortes. São assim os mirtilos, as amoras, as framboesas, o açaí, as bagas de goji, as bagas de sabugueiro e os morangos. Devem ser consumidas frescas, congeladas ou em sumo. FRUTOS SECOS (os conhecidos): nozes, amêndoas, pistachios e avelãs porque contêm uma elevada quantidade de gorduras insaturadas e omegas 3, que auxiliam na boa função cerebral e promovem uma excelente saúde cardiovascular. Uma mão-cheia de frutos secos por semana, é uma dose razoável (e atenção ao pão-por-deus, para não exagerar!). Devem ser consumidas por si só, adicionadas aos cereais, aos iogurtes, às saladas ou até à panificação. SEMENTES (as famosas): Sementes de linhaça, de chia, de girassol, de abóbora e de sésamo. Poderia fazer um artigo só para descrever cada uma delas. São ricas em gorduras monoinsaturadas, ómegas 3, e em vitamina E numa fórmula muito estável, ou seja, mais estável que em outros alimentos ou suplementos. Previnem tudo e mais alguma coisa! Seja qual for o nosso estado actual de saúde, podemos sempre melhorá-lo. Se fizermos as escolhas certas, conseguiremos viver melhor e mais saudáveis. Incluir pequenas doses destes superalimentos na nossa dieta, é no fundo, um passo simples para a melhoria da nossa vida! Boas escolhas alimentares! nadiabrazaoplanod.blogspot.com |