SETEMBRO 2012
SíNDROME DE FADIGA CRóNICA
Dra. Sofia Ferreira – Farmacêutica
sofia.ferreira@farmaciadocanico.pt

Síndrome de Fadiga Crónica (SFC) é uma doença debilitante e muito complexa, de difícil caracterização, em que muitas vezes as pessoas se encontram num estado de fraqueza e exaustão sem razão aparente.

Geralmente, os doentes apresentam uma profunda fadiga, constante e persistente, podendo tornar-se incapacitante, que não está relacionada com exercício e não melhora com o descanso. É acompanhada de um conjunto de sintomas adicionais, entre os quais se destacam: fraqueza, cefaleias (dores de cabeça) dor muscular, dor abdominal e nos gânglios linfáticos, dificuldade de concentração e insónia. (1)

Em muitas pessoas com SFC, as queixas podem começar repentinamente, com alguma frequência, após um estado gripal ou um episódio de traumatismo físico (um acidente ou cirurgia) ou psicológico (morte de um ente querido). Noutros casos, esta é uma condição que se desenvolve gradualmente, mas que depois persiste durante muitos meses ou anos. Apenas uma pequena percentagem das pessoas consegue recuperar completamente.

Esta é uma doença rara, de causa desconhecida, que afecta entre 75 a 260 pessoas em cada 100.000. Afecta principalmente mulheres de raça branca, com idades entre os 25 e os 50 anos. Em Portugal pensa-se que possam existir cerca de 15.000 doentes. (2)

Existem várias orientações para o diagnóstico do SFC e todas elas requerem a fadiga como um dos sintomas. O CDC (Center for Disease Control, dos Estados Unidos) estabeleceu os critérios de diagnóstico em 1994 (1) e, segundo esta organização, é necessário que se cumpram três critérios:

1- O indivíduo apresente fadiga persistente, durante pelo menos seis meses seguidos, não estando esta relacionada com exercício e não sendo aliviada significativamente pelo repouso;
2- A fadiga interfere substancialmente com as actividades do dia-a-dia, podendo mesmo ser incapacitante;
3- Além da fadiga, o individuo apresenta com frequência pelo menos quatro dos seguintes sintomas:
- Mau estar que persiste por mais de 24 horas após exercício físico;
- Sono não reparador, ou seja, o indivíduo acorda várias vezes durante a noite, não atingindo a uma das fases mais importantes do sono (o sono profundo,) o que faz com que acorde com a sensação que está mais cansado;
-Problemas cognitivos, como dificuldades de concentração e diminuição da memória recente;
- Dor muscular; 
- Dor nas articulações - aqui a dor não é acompanhada por sinais inflamatórios como o edema e vermelhidão;
- Cefaleias: a dor de cabeça na forma de enxaqueca é um dos sintomas que mais predomina nos doentes com SFC, em princípio devido ao estado de fadiga física e psicológica profundas;
- Dor de garganta e dor nos gânglios linfáticos, ao nível do pescoço e axilas.

Todos estes sintomas deverão persistir durante pelo menos seis meses, contudo eles não poderão ter aparecido antes da fadiga. (1)

O conjunto dos sintomas acima referidos, é usado para o diagnóstico da doença, contudo muitos doentes poderão ter outros sintomas, nomeadamente: cólon irritável, sinais depressivos, perturbações visuais, alergias, dificuldade em engolir.

Estes tendem a ser mais sentidos nos primeiros um a dois anos e a maior parte das pessoas melhora gradualmente ao longo do tempo.

Causas

Sendo tão complexa, ainda não se conseguiu atribuir uma causa específica à doença, contudo há estudos que apontam para várias hipóteses, baseadas em diferentes teorias.
Uma das principais teorias aponta para uma infecção persistente como a causa da SFC, que faz com que o sistema imunitário esteja constantemente a ser «estimulado» no sentido de eliminar a infecção. Já foram estudados vários tipos de agentes infecciosos, nomeadamente Vírus Epstein-Barr, Candida Albicans, HIV, Mycoplasma, Vírus da Rubéola, etc., e até à data nenhum estudo conseguiu provar que a infecção ou o seu agente poderão ser a causa do SFC.

Uma segunda teoria aponta como causa uma infecção crónica, pois este tipo de doente apresenta níveis baixos de cortisona (a chamada hormona do stress), situação que provoca sintomas semelhantes aos verificados com a SFC. Há também uma teoria que aponta como causa um traumatismo cerebral e ainda a exposição acidental a pesticidas e a outros agentes tóxicos.

Diagnóstico

Sendo uma doença de causa ainda desconhecida e tendo em conta que, até à data, ainda não existe nenhum exame de laboratório que permita fazer o seu diagnóstico, este é feito pela exclusão de outras doenças, cujo principal sintoma seja o cansaço extremo. Ao despistar/excluir essas doenças e na presença dos sintomas já referidos durante, pelo menos, seis meses, então avança-se para o diagnóstico do SFC.

De entre as doenças a despistar, cujo principal sintoma é o cansaço, podemos referir:
- Hipotiroidismo;
- Lúpus;
- Esclerose Múltipla;
- Hepatite;
- Doenças psiquiátricas, nomeadamente depressão, doença bipolar, esquizofrenia, etc.
- Apneia do sono.

Tratamento

O tratamento para o SFC poderá ser tão complexo quanto a doença: por não ter uma causa específica, não tem também uma cura ou medicamentos desenvolvidos especificamente para o seu tratamento, além dos seus sintomas poderem variar muito com o tempo. Por isso, o tratamento deverá ser adequado aos sintomas do doente e consiste em controlar os diversos sintomas e tentar obter uma melhoria na qualidade de vida do doente, seja através da alteração frequente dos medicamentos usados ou alterando o estilo de vida dos doentes através de restrições na dieta, aumento dos períodos de descanso ou prática de exercício físico moderado.

(1)www.cdc.gov
(2)www.myos.com

 


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