JUNHO 2012
CIRURGIA ESTéTICA
A cirurgia plástica divide-se em dois grandes ramos: a cirurgia plástica reconstrutiva e a cirurgia estética. O Dr. Manuel Figueiroa, Cirurgião Plástico, Director do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital do Funchal, fala em entrevista sobre os tipos de cirurgias mais procurados e de como os mesmos podem contribuir para a qualidade de vida dos pacientes.

Quais são as cirurgias plásticas mais comuns?
Depende se estivermos a falar de cirurgia estética ou de cirurgia plástica reconstrutiva. Esta última é, por norma, realizada pelo serviço de cirurgia plástica do Hospital, e envolve principalmente malformações congénitas, cirurgia reconstrutiva por acidentes - seja da mão, da face, ou dos membros, por exemplo –e também  queimaduras,  a cirurgia oncológica da pele, incluindo a cirurgia oncológica da mama e a sua reconstrução, portanto, há todo um conjunto  de situações múltiplas… A prevalência do tipo de operações realizadas é variável: por exemplo, quando há muitas obras, os acidentes da mão são frequentes; nos casos de acidentes de automóvel, costumamos ser confrontados com mais lesões que afectam a face e os membros. Já no caso da cirurgia oncológica, tem-se vindo a verificar um crescimento constante, o que não é surpreendente tendo em conta a tendência para o aumento no número de casos de todos os tipos de cancro. No caso da oncologia cutânea, acredito que esta tendência está relacionada com a agressão solar mais acentuada, mas também com o facto de, hoje em dia, se fazer o diagnóstico atempadamente: os clínicos gerais estão bem preparados para fazer o diagnóstico e referenciar imediatamente esses doentes para o serviço de dermatologia, de cirurgia plástica ou para o serviço de oncologia. Antigamente, as pessoas tinham a tendência para contemporizarem com as situações e muitas vezes não procuravam ajuda até ser demasiado tarde, mas hoje em dia estão mais atentas, melhor informadas e mais susceptíveis a procurar ajuda. Para além disso, os cuidados de saúde melhoraram imenso e passaram a ter melhor cobertura, pelo que se passou a ter um melhor controlo sobre estas situações. Depois, temos a cirurgia estética, que é uma área importante, crescente mas pequena dentro da totalidade da cirurgia plástica.

Dentro do campo da cirurgia estética, quais são as intervenções mais procuradas?
A cirurgia estética centra-se principalmente na cirurgia do tronco - do abdómen e do peito: no caso do peito, para aumentar ou para diminuir, e no caso da barriga, normalmente para diminuir, por lipoaspiração, ou por uma cirurgia ablativa, quando há um excesso de pele. Estas cirurgias podem, por vezes, ser realizadas no Hospital, nomeadamente quando acarretam problemas psicológicos reconhecidamente graves. Mas normalmente, têm de ser bem ponderadas, até para não abrir precedentes, e de um modo geral são realizadas no serviço privado. Até porque há situações que acabam por ser mais demoradas no Hospital, por uma questão perfeitamente lógica: uma malformação congénita, uma queimadura ou uma cirurgia oncológica têm prioridade máxima e, muitas vezes, outras situações são preteridas porque entretanto surgiram estas mais urgentes. Isto é algo que as pessoas, naturalmente, têm de entender.

Os casos de excesso de pele são comuns após as cirurgias bariátricas?
A cirurgia bariátrica provoca grandes emagrecimentos, na faixa dos 40kg ou dos 50kg, de uma maneira súbita. A pele não acompanha a diminuição de peso e esta é acompanhada de uma flacidez grave, que provoca problemas substanciais ao Sistema Nacional de Saúde. Uma cirurgia bariátrica normalmente é uma cirurgia relativamente rápida, que pode demorar 1h30 a realizar. No entanto, vai provocar no futuro entre 15 a 20 horas de cirurgias plásticas nesse doente. Uma das situações que se põem hoje em dia, particularmente onde há muitos obesos, é como é que o Serviço de Cirurgia Plástica pode responder eficazmente a uma profusão tão grande em termos operatórios. 

Quais os benefícios para quem faz uma cirurgia estética?
Os benefícios são sobretudo a nível psicológico, mas é uma questão que não se deve colocar ao nível da simples vaidade… As pessoas têm de se sentir bem, têm de olhar para o espelho e gostar do que vêm para poderem ser felizes. Ao realizar uma cirurgia estética, as pessoas ganham muitas vezes uma nova confiança em si mesmas, sendo que daí vão retirar muitos benefícios tanto a nível do relacionamento interpessoal, como frequentemente ao nível da própria vida profissional. E depois, por vezes a satisfação pessoal reveste-se de pormenores que podem não ser valorizados por outros, mas que para a própria pessoa fazem toda a diferença: por exemplo, o desaparecimento de um pequeno sinal na ponta do nariz ou passar a ter o nariz mais pequeno…

Qualquer pessoa pode fazer uma cirurgia estética?
Há alguns pressupostos que devem ser cumpridos: claro que a pessoa tem de estar no gozo das suas capacidades mentais e depois, tem de ser saudável, porque a mínima doença ou qualquer alteração nos seus parâmetros vitais, analíticos, contra-indica uma cirurgia. Não tem sentido fazer uma cirurgia estética numa pessoa doente. É uma situação muito diferente de fazer cirurgia plástica reconstrutiva numa pessoa que está doente e que a necessita, por exemplo uma cirurgia oncológica ou pós-oncológica, porque os benefícios para a saúde do doente justificam os riscos. Relativamente ao custo da cirurgia estética, contrariamente ao que se possa pensar, não é algo proibitivo. Uma vez que se tratam de intervenções cirúrgicas realizadas em pessoas saudáveis, o custo é menor que numa situação de doença, pois nesses casos são necessários outro tipo de equipamentos e de cuidados, nomeadamente em termos de internamento ou laboratório. Para além disso, sendo cirurgias do revestimento cutâneo, as cirurgias estéticas são superficiais, sem atingimento de órgãos internos.

Quanto tempo demora a recuperação? 
No caso do aumento mamário, a cirurgia demora cerca de uma hora e é, por norma, muito bem tolerada. Já tivemos pacientes que fizeram a cirurgia à sexta-feira ou ao Sábado e depois foram trabalhar na segunda-feira seguinte. O implante pode-se colocar retromuscular ou retroglandular e nós usamos mais esta última técnica, uma vez que é muito mais inócua, com óptima recuperação. A redução mamária é habitualmente efectuada para aliviar o peso sobre os ombros e a coluna, mas por vezes só para corrigir a queda. A cirurgia das rugas faciais, o “face lift” com ou sem pálpebras, também dá um resultado imediato e muito gratificante, podendo ser efectuado sob anestesia local e em regime ambulatório. No caso da lipoaspiração, os tempos de imobilização também não são elevados. A cirurgia em que poderá eventualmente haver uma maior perda da mobilidade é a plastia abdominal com reconstrução da parede abdominal, obrigando talvez a uma semana de algum resguardo – não de internamento, porque este oscila entre 24 horas até um máximo de 48 horas. Aproveito para esclarecer que algumas pessoas entendem que a lipoaspiração é um método para tratar a obesidade, ou a celulite, o que não corresponde à verdade. É, isso sim, uma técnica excelente para tratar gorduras localizadas – aquele pequeno “pneu”, ou aquela deformação em que as coxas são um pouco salientes, ou então uma papada abaixo do queixo. Eventualmente, é uma técnica que pode ser associada ao que chamamos lipoescultura, que passa por utilizar gordura aspirada de um local para colocar noutro. Por exemplo, depois de cirurgias ablativas ou oncológicas, em que haja qualquer região que esteja deprimida, a mesma pode ser preenchida com gordura de outra parte do corpo do paciente. E também alguns procedimentos estéticos, nomeadamente o preenchimento e definição dos contornos labiais, podem ser realizados utilizando gordura da própria pessoa. 

No caso da cirurgia de aumento do peito, os implantes são para toda a vida?
Os implantes são feitos para durar toda a vida, sendo que por vezes são feitas operações de substituição, mas não por serem estritamente necessárias. O implante fixa a mama numa determinada posição, o que evita um pouco a sua queda natural. No entanto, o processo do envelhecimento não pára e, para além disso, o seu peso pode variar, ter mais filhos, etc. Passado muito tempo, porque as pessoas pretendem voltar a ter o peito que já tiveram, consegue-se este efeito através de um processo simples, com a substituição das próteses por outras, maiores ou com uma forma diferente.

Que outras técnicas são usadas no âmbito da cirurgia estética?
Temos as técnicas “mini-invasivas”, nomeadamente, as toxinas botulínicas para correcção de rugas (o “botox” é a marca mais conhecida) e a utilização do ácido hialurónico para preenchimento de rugas. São pequenos procedimentos, mas com resultados espectaculares, apesar de serem transitórios, porque normalmente não duram mais de um ano. Ambas as técnicas são aplicadas através de injecções, mas os métodos de funcionamento são completamente diferentes: enquanto o ácido hialurónico enche uma depressão e apaga a ruga, a toxina botulínica provoca uma parésia do músculo causador da ruga, enfraquecendo-o, o que leva ao esbatimento da ruga. Normalmente, o “botox” é utilizado no terço superior da face, ao passo que o ácido hialurónico é usado no terço médio, nomeadamente à volta da boca e nos sulcos naso-labiais e ainda nas pálpebras.


 


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