ABRIL 2012
PREVENçãO DAS ALERGIAS RESPIRATóRIAS
Enf.ª Fernanda Vila
nanda.vila@sapo.pt

Vivemos numa ilha com humidades relativas altas, temperaturas amenas, com pequenas oscilações ao longo do ano. Cada vez mais, as nossas crianças agarradas às tecnologias passam mais tempo dentro das habitações. O tabaco passivo contribui em grande parte para o aparecimento das alergias respiratórias na primeira infância.  

As alergias respiratórias são doenças crónicas que alteram o dia-a-dia das crianças e respectivas famílias. Podem provocar perturbações sociais e psicológicas e perturbam o seu bem-estar e qualidade de vida.

A maioria delas evoca emoções, medos e expectativas, justifica tratamentos que podem induzir mal-estar. É um factor importante de stress na vida da criança/família.

A doença alérgica resulta da interacção entre o meio ambiente e a criança geneticamente predisposta. A herança genética é um dos factores que tem maior peso no aparecimento das alergias respiratórias.

São factores desencadeantes a humidade, o tabaco, a poluição e a exposição aos alergénios. Existem alergénios no interior das habitações e alergénios do exterior. Os alergénios do interior das habitações mais frequentes são os ácaros, fungos e baratas. Os alergénios do exterior mais comuns são os pólenes, os fungos e os animais.

Os ácaros são designados por aracnídeos, da família das aranhas. Vivem durante algumas semanas, mas reproduzem-se a uma velocidade vertiginosa, sobretudo em ambientes propícios (temperaturas amenas e humidades elevadas). Na Primavera e Outono, as condições de humidade e temperatura favorecem maiores períodos de reprodução.

Alimentam-se de partículas resultantes da descamação humana, fungos e outros produtos orgânicos. Estão presentes em toda a casa mas encontram-se em maior número nos colchões, almofadas, cobertores, peluches, cortinados grossos, alcatifas, etc. 
Estes ácaros são designados por ácaros domésticos.

Os ácaros de armazenamento são outros tipos de ácaros, que também podem induzir alergias. Encontram-se nas arrecadações, sótãos onde se encontram produtos armazenados.

Podemos reduzir a exposição a ácaros através de várias medidas simples e eficazes. Os ácaros só morrem na presença de altas ou baixas temperaturas. A lavagem da roupa a 60º C ou a congelação são medidas eficazes.
 
Os principais cuidados a ter serão no quarto de dormir, onde passamos mais horas. Deste modo, o desejável é que o quarto de dormir esteja localizado para o Sul, com ventilação e um mobiliário simples.
Preferir os edredões, evitar cobertores e lençóis de flanela;
A almofada deverá ser substituída de dois em dois anos e lavada sempre a 60ºC. A criança/jovem não deve adormecer com o cabelo molhado;
A limpeza do quarto deverá ser feita com um pano húmido, sem produtos químicos, uma vez que esses produtos provocam cheiros que são irritantes;
O chão do quarto deverá ser aspirado e nunca varrido. O colchão deverá ser aspirado uma a duas vezes por semana;
Sempre que for de férias, areje e limpe a casa previamente;
Evite colocar pósteres nas paredes do quarto, para evitar a acumulação de ácaros;
Os brinquedos devem ser lavados frequentemente.

Resumindo, vamos arejar mais as nossas casas, pois vivemos numa ilha com muito sol e muita luz.

Os fungos são outros alergénios que constituem uma ameaça para as pessoas com doença alérgica. Os fungos encontram-se essencialmente nas paredes com bolor. São os esporos que se libertam dos bolores secos e que, ao serem inalados, são prejudiciais.

A humidade superior a 50% facilita o desenvolvimento dos ácaros e fungos. A humidade pode ser diminuída com o uso de um desumidificador.
Se estiver virado para Norte, o quarto de dormir apresenta maiores probabilidades de conter fungos é maior.
Uma outra medida importante será fechar as janelas na presença de nevoeiro.
É fundamental a limpeza correcta das paredes com bolor.
A limpeza com lixívia não é aconselhada, pois este produto é muito irritante.

As baratas são alergénios muito frequentes na nossa Região. Existem três tipos de baratas na nossa ilha: baratas americanas, germânicas e orientais.
Alojam-se nos motores dos frigoríficos e máquinas de lavar, esgotos, etc.
Estes alergénios não são exclusivos de deficientes condições de higiene.
Ao encontrarmos uma barata na habitação, normalmente existem dezenas escondidas!
A erradicação das baratas é a medida mais importante e eficaz nestas situações. 

Os pólenes podem induzir a doença alérgica. São mais comuns os pólens das árvores, dos arbustos e das ervas. A parietária (alfavaca) e as gramíneas são das ervas que têm causado mais alergias em Portugal. Os pólenes da oliveira são os que causam mais alergias no território continental.    

A concentração dos pólens no ar atmosférico depende do ciclo de polinização específica para cada espécie;
Na Primavera e no Outono existe maior concentração de pólens no ar;
Na nossa Região, não existem grandes concentrações de pólenes, uma vez que está rodeada por mar;
Nos dias secos e ventosos, os picos de polinização são mais elevados;
De manhã, o pico máximo é por volta das 10h00. À tarde, o pico não é tão elevado e é por volta das 17h30.
A lavagem nasal e a natação no mar são muito importantes na época polínica, para prevenir a alergia a pólenes.
Tem alergia a pólenes? O que pode fazer?

Primeiro, saber quais os pólenes que é alérgico;
Consultar o boletim polínico;
Fechar as janelas nos dias ventosos e secos se as concentrações de pólenes forem elevadas;
Preferir secar a roupa na máquina nesses dias com concentrações elevadas de pólenes;
Preferir actividades de lazer no mar;
Se teve actividades na rua nos períodos de maior polinização, deve lavar sempre os cabelos antes de dormir;
Ao viajar de carro, deve fechar as janelas;
Os motociclistas deverão usar capacete integral.

Os animais domésticos são outro tipo de alergénios. Os animais mais alergénicos são todos aqueles que na sua constituição têm pêlo ou penas. Assim, temos os cães, os gatos, os pássaros, os hamsters, etc. É através da caspa, saliva, pêlos, penas e detritos que provocam alergia. 

Deste modo, é indicado não permitir que estes animais coabitem dentro das habitações. Assim, a prevenção da alergia respiratória é possível. As famílias elucidadas podem modificar o ambiente em que vivem. 

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