ABRIL 2012
Pé DIABéTICO: COMO PREVENIR
Dra. Joana Sousa – Podologista
podo.joana@gmail.com

A diabetes mellitus é uma doença crónica caracterizada pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue e pela incapacidade do organismo em transformar toda a glicose proveniente dos alimentos. À quantidade de glicose no sangue chama-se glicemia e quando esta aumenta considera-se que a pessoa está em hiperglicémica. A longo prazo, as alterações metabólicas próprias da diabetes podem provocar complicações, nomeadamente a mais comum: o pé diabético. 

Considera-se “pé diabético” uma complicação crónica caracterizada por lesões nos pés das pessoas com diabetes. Estas lesões podem ir desde simples calosidades a graves quadros necro-supurativos. Estes quadros de grande gravidade são resultantes principalmente da polineuropatia distal (os nervos nas pernas e nos pés ficam afectados, causando dores ou a sensação de formigueiro) e da doença arterial obstrutiva (ocorre um depósito de gordura, cálcio e outros elementos na parede das artérias, reduzindo o seu calibre e conduzindo a um défice sanguíneo aos tecidos).

Existem dois tipos de “pé diabético”: o neuropático (resultante da polineuropatia) e o isquémico (resultante da doença arterial obstrutiva).

O pé neuropático caracteriza-se pela existência de um ou dois pulsos palpáveis e, através de testes específicos, apresenta alguma insensibilidade táctil e/ou vibrátil. Normalmente, é um pé quente e rosado, com a pele seca e fissurada e algumas deformações e edema. Quando apresenta lesões ulcerosas, estas normalmente localizam-se em zonas de grande pressão, como as cabeças metatarsais, apresentam por norma um aspecto redondo com bordos hiperqueratósicos e não são dolorosas. 

O pé isquémico, por sua vez, é caracterizado pela ausência de pulsos palpáveis, sendo por isso um pé frio de pele fina e brilhante, sem edema e com úlceras normalmente localizadas em zonas de fricção com o calçado. As suas lesões são normalmente muito dolorosas e sem bordos hiperqueratósicos.

Um aspecto fundamental a considerar quando estamos perante um indivíduo com diabetes é a prevenção do pé diabético, educando-o para prevenir possíveis complicações nos seus pés. 

Seguem-se algumas medidas de prevenção: 
Lavagem diária dos pé, devendo os mesmos ser cuidadosamente secos, nomeadamente entre os dedos (espaços interdigitais); 
Fazer uma inspecção diária dos pés, incluindo os espaços interdigitais (pelo doente ou outra pessoa); 
Inspeccionar e palpar diariamente o interior dos sapatos;
Hidratar diariamente os pés, sem aplicar entre os dedos;
Evitar andar descalço e não utilizar calçado sem meias;
Mudar diariamente de meias;
Utilizar meias claras e com as costuras para fora ou, de preferência, sem qualquer costura;
Limar as unhas em vez de cortar;
Não cortar ou utilizar produtos químicos para remover calosidades (apenas deve ser realizada por podologistas ou enfermeiros);
Assegurar-se que os pés são observados regularmente por um podologista;
Informar imediatamente o profissional de saúde no caso de surgirem flictenas, fissuras, arranhões, dor, alterações da cor ou outras alterações.

No entanto, por vezes nem mesmo com todas as medidas preventivas consegue-se evitar o aparecimento de feridas e, nesses casos, é necessário que a pessoa com diabetes consulte o seu médico, para que este a possa orientar da melhor forma. 

Uma das possíveis orientações é o encaminhamento para um podologista. Este profissional de saúde pode, no caso de uma úlcera neuropática, tratá-la da melhor forma com desbridamentos diários (quando necessário) e alívio das pressões. Uma vez que a grande maioria das lesões neuropáticas se devem a alteração das pressões plantares, uma vez cicatrizada a úlcera, são realizados estudos sobre essas pressões, que possibilitam a realização de suportes plantares (palmilhas), para a normalização das pressões e o consequente alívio da zona anteriormente ulcerada.

O não cumprimento de repouso, devido à ausência de sensibilidade, torna por vezes o tratamento mais demorado.
Por isso, ainda que aparentemente esteja tudo bem, se é diabético, observe os pés diariamente e lembre-se que a prevenção é o melhor caminho para ter uns pés saudáveis.


 


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