FEVEREIRO 2012
DIARREIA E VóMITOS NA CRIANçA
Dr. João Cerqueira – Farmacêutico
joao.cerqueira@farmaciadocanico.pt 

A diarreia, especialmente nos primeiros anos de vida, é uma das principais causas de hospitalização e de morbilidade (relação de incidência de uma doença). É uma doença que pode conduzir a desidratação e desnutrição do lactente ou da criança num período relativamente curto.  

Define-se diarreia como o aumento da frequência das dejecções ou diminuição da consistência das fezes, comparativamente com os hábitos normais da criança. Na avaliação destas alterações, há que ter em conta os hábitos normais da criança, pois existe uma grande variabilidade de padrões de excreção fecal, podendo além disso, a própria criança ter alterações do seu próprio padrão, em função da variação da alimentação e da idade.

A diarreia aguda infecciosa é a principal causa de diarreia em doentes de idade pediátrica, sendo os vírus os seus agentes causadores mais frequentes. A diarreia causada por bactérias, além de menos frequente nestas idades, está associada a intoxicações alimentares. Outras causas relacionadas com a diarreia são a utilização de antibióticos, alergias ou intolerâncias alimentares. A diarreia aguda infecciosa é uma doença autolimitada, com uma duração que varia, em regra, de três a cinco dias. 

Como principais causas de transmissão da diarreia aguda infecciosa temos a transmissão fecal-oral, a ingestão de produtos contaminados (água ou alimentos) e o manuseamento de objectos contaminados.

Como medidas de prevenção, no sentido de minimizar o risco de disseminação deste tipo de infecção, temos o lavar muito bem as mãos sempre que se muda a fralda a um bebé e lavar com especial atenção as frutas e legumes que são comidos crus. Os pais e os prestadores de cuidados devem ter particular cuidado na realização destas tarefas do quotidiano Há também que ter especial atenção à qualidade da água que é ingerida. Tal como em outras situações, o aleitamento materno dá uma protecção adicional ao lactente face a outros bebés.

Qualquer que seja a causa da diarreia, quando ocorre uma gastroenterite aguda há sempre alterações nas células da superfície do intestino, o que leva a alterações na circulação de água e electrólitos e à sua consequente perda. Neste quadro, há também um desequilíbrio na absorção de outros nutrientes. Consoante a duração e a quantidade de água e electrólitos perdidos/não absorvidos, a criança pode começar a mostrar sinais de desidratação.

Os pais devem reconhecer, como sinais típicos de desidratação, a língua seca ou pastosa, sede exagerada comparativamente com os hábitos normais da criança, olhos encovados e alterações no comportamento. Habitualmente, uma criança desidratada apresenta-se ou irritada com prostrada, apresentando uma actividade inferior à que normalmente apresentaria.
As crianças apresentam maior risco de desidratação sempre que tenham uma idade inferior a 12 meses, apresentem febre ou vómitos associados à diarreia, estejam a ser alimentadas com leite artificial ou estejam a realizar oito ou mais dejecções por dia.

O acompanhamento destas crianças é muito importante e deve ser realizado de modo a prevenir, prioritariamente, a desidratação. A reidratação oral faz-se com a administração de soros de reidratação oral, que não são mais do que soluções de electrólitos e açúcares. Estas soluções são recomendadas nos casos de desidratação ligeira e moderada e visam prevenir não apenas a desidratação, mas também fazer a realimentação.

A utilização de preparados caseiros como soluções de reidratação oral deve ser feita com precaução, pois podem não ser equilibrados em termos da concentração de electrólitos e de açúcares. As bebidas gaseificadas, que por vezes são utilizadas nestas situações, contêm pouco sódio e demasiado açúcar, podendo agravar o estado clínico da criança.

Após três a quatro horas de administração de soros de reidratação oral, os lactentes que estejam a ser amamentados podem retomar o aleitamento materno e os lactentes bem nutridos, que estejam a fazer fórmulas (leite de “lata”), podem também retomar a alimentação, excepto se surgirem sinais de intolerância ao leite. O retomar da alimentação deve ser feito em pequenas doses e a intervalos regulares, de modo a que haja uma melhor absorção dos nutrientes.

As crianças devem ser observadas numa unidade hospitalar sempre que apresentem um quadro de desidratação moderada a grave, tenham menos de três meses, haja falência da reidratação oral, tenham uma doença crónica ou a família se sinta insegura.

Os pais devem recordar que, na maioria das vezesn estas diarreias têm causa viral, são autolimitadas, devendo estar atentos aos sinais de desidratação. A prevenção e a correcção da desidratação faz-se com a administração de soro de reidratação oral e a alimentação habitual da criança deve ser retomada logo que a desidratação esteja corrigida. 


 


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