JANEIRO 2012
HEMORRóIDAS
Dra. Sónia Gonçalves – Farmacêutica
sonia.goncalves@farmaciadocanico.pt

Até completar 50 anos, estima-se que 50 por cento da população experiencie pelo menos um episódio de doença hemorroidária. O seu tratamento é muitas vezes adiado por vergonha, até se tornar intolerável. Saiba como prevenir e tratar esta patologia.

O que é?

A expressão "Hemorróidas" é muitas vezes utilizada para definir afecções anorrectais e seus sintomas. Na verdade, estas são estruturas anatómicas normais do ser humano. Elas consistem em vasos sanguíneos que se encontram nas paredes do canal anal, que se estende do recto ao ânus, e que dilatam por variados factores. Dependendo da localização dos vasos afectados relativamente ao ânus, as hemorróidas designam-se por internas, externas ou mistas.

Sintomas

A queixa mais comum é a perda de sangue de cor viva, associada à defecação. Inicialmente, apenas afecta o canal anal. A sua evolução leva a prolapso da hemorróida para o exterior (comummente designado tetina ou mamilo). Este pode ser reintroduzido espontaneamente ou pressionando suavemente. Posteriormente, pode ocorrer o prolapso permanente da hemorróida, que resulta na produção excessiva de muco e na má oclusão do esfíncter anal, com consequente irritação e comichão perianal. A dor não é comum, sendo mais frequente em outras afecções, como abcesso ou fissura anal. No entanto, a ocorrer, pode indicar inflamação, hematoma perianal, trombose ou tromboflebite hemorroidária. 

Factores de risco

Os factores de risco são todas as situações que levam ao aumento da pressão sobre as veias da zona da bacia ou que causem irritação local: obstipação, diarreia, ingestão de alimentos irritantes intestinais (por exemplo, picantes, cafeína, álcool, tabaco, gorduras, etc.), cirrose (por aumento da pressão da veia porta hepática, cujas conexões com a veia que a antecede, a veia cava, ocorrem na parede rectal), gravidez, obesidade, hipertensão arterial, varizes, permanecer longos períodos sentado, tonicidade muscular fraca, má postura e história familiar.

As complicações resultantes da existência de doença hemorroidária são o aparecimento de anemia, por perda prolongada de sangue, ou a possível detecção tardia de um cancro colo-rectal, por mascaramento de sintomas.

Prevenção

Seguir uma dieta rica em fibra, que inclua verduras cruas e cozidas, legumes, frutas e cereais, para que as fezes se tornem mais pastosas, diminuindo o esforço de evacuação;
Evitar alimentos obstipantes (por exemplo, farináceos, maçãs, pêras, etc.)
Ingerir muitos líquidos (cerca de 2L diários);
Evacuar sempre que necessário.;
Evitar as leituras na casa de banho - a evacuação deve ser breve e sem esforços;
Praticar exercício físico - aumenta a tonicidade muscular, melhora a circulação sanguínea e melhora os movimentos intestinais.

Diagnóstico

O diagnóstico das hemorróidas deve ser feito pelo médico de família ou assistente, para que seja tido em conta o historial clínico do paciente. Trata-se de um procedimento fácil mas muito importante, principalmente por poder despistar outros problemas mais graves, como cancro colo-rectal. O exame habitual é o proctológico (inspecção, toque rectal e anuscopia). Não é necessária uma colonoscopia para avaliação da doença hemorroidal. No entanto, o médico poderá pedir este exame para avaliar doenças associadas.

Tratamento

O tratamento deve ser indicado por um profissional de saúde e depende do tipo de sintomas e da sua gravidade. Este consiste em:
Manter os métodos preventivos;
Realizar a higiene anal somente com água ou toalhitas húmidas, sem utilizar papel higiénico;
Realizar banhos de imersão local com água morna, durante 5 a 10 minutos, pois têm efeito anti-inflamatório;
Corrigir factores de risco e condições desencadeantes e tratar doenças associadas;
Utilizar, por curtos períodos de tempo, cremes, pomadas e supositórios com efeito local: analgésico ou anestésico; anti-inflamatório (de preferência não-esteróide); venotrópico (com vista a aumentar a tonicidade da veia, melhorar a circulação venosa, reduzir a inflamação e as alterações de pele associadas);
A utilização de laxantes deve ser cuidada - pode ser útil em caso de obstipação, podendo, no entanto, originar diarreia;
Podem ser tomados analgésicos por via oral, para atenuar a dor, e venotrópicos orais para melhorar a circulação;
Para casos mais complicados pode ser necessário recorrer a tratamento de ambulatório (ligadura elástica, escleroterapia (injecção de substância esclerosante), crioterapia (congelamento da hemorroida), coagulação infravermelha), e se não for suficiente, cirurgia.


 


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