DEZEMBRO 2011
OBESIDADE EM ANIMAIS DE COMPANHIA
Dr. Paulo Araújo – Médico Veterinário
vetfunchal@mail.telepac.pt

Longe vai o tempo em que o ditado "gordura é formosura" era considerado verdadeiro, tanto no que concerne aos humanos como aos animais de companhia. A obesidade nos nossos queridos companheiros de quatro patas surge como um problema de saúde emergente, estimando-se que cerca de 35% dos animais presentes à consulta apresenta um peso superior ao ideal. 

A classificação da avaliação do peso do cachorro faz-se tendo em conta os seguintes parâmetros físicos: 
- Pouco peso (cintura fina por trás das costelas salientes, com reentrância abdominal óbvia); 
- Ideal (cintura visível por trás das costelas, abdómen para dentro);
- Peso excessivo (cintura visível, mas não proeminente, abdómen para dentro);
- Obeso (cintura quase ou mesmo não visível, abdómen descaído, não para dentro, e muita gordura a cobrir as costelas).

Contribuem de uma forma efectiva para o constante crescimento desta patologia os erros alimentares, o sedentarismo, a esterilização e a predisposição genética. As complicações mais frequentes decorrentes do excesso de peso são: problemas articulares, patologias cardio-pulmonares, predisposição para a diabetes e enfermidades infecciosas, diminuições da função reprodutiva e altos riscos cirúrgicos.

Os erros alimentares são a principal causa de obesidade nos animais. A quantidade de ração a administrar ao animal deve ser adaptada ao tamanho e actividade que animal tem. Apenas e só deve ser administrada a quantidade de ração recomendada pelo fabricante e tendo o cuidado de a dividir por duas a três tomas diárias. Os “petiscos” e biscoitos entre as refeições devem ser evitados. A energia fornecida por via alimentar deve ser a suficiente para compensar as necessidades fisiológicas e actividades físicas e nada mais, se tal se verificar o animal irá apresentar um balanço nulo em termos energéticos e não irá engordar.

O sedentarismo como resultado de uma falta de tempo para passeios prolongados por parte do proprietário, reflecte-se nos animais que praticamente não saem de casa, passam o dia a dormir e só passeiam para fazer as necessidades e regressam de imediato a casa. Este estilo de vida faz com que as necessidades energéticas do animal sejam poucas, e que mesmo dando pouca quantidade de alimento ela pode ser, mesmo assim, superior ao que o animal precisa, contribuindo para o seu aumento de peso. Deve-se proporcionar ao cão pelo menos dois passeios diários de meia hora cada. Em relação aos gatos, é um pouco mais difícil exercitá-los, podendo o proprietário recorrer a jogos com bolas para obrigar o animal a correr.

Os animais esterilizados têm o dobro da probabilidade de se tornarem obesos. No caso das fêmeas, esta predisposição é maior, visto que as alterações metabólicas produzidas pela esterilização fazem com que as suas necessidades calóricas diárias diminuam significativamente e também diminui a produção de hormonas que actuam na inibição do apetite. No caso dos machos, a castração interrompe a produção de androgéneos, contribuindo para a diminuição da actividade. Os gatos castrados têm três a quatro vezes mais tendência para a obesidade. Os proprietários destes animais devem optar por rações específicas, pois têm um conteúdo calórico inferior, permitindo assim, que não ocorra o aumento de peso tão indesejado.

Existem algumas raças com predisposição genética para a obesidade, como por exemplo o Retriever do Labrador, o Golden Retriever e o Cocker Spaniel. Como tal, os seus proprietários devem ter uma atenção redobrada quanto à ingestão de alimento e controle do seu peso.

Quando a obesidade já se encontra instalada e é necessário combatê-la, existem algumas premissas que têm ser cumpridas escrupulosamente:
- O proprietário tem que estar convicto que o seu animal está obeso e que essa obesidade põe em risco a sua vida; 
- A dieta a adoptar tem que ser administrada em exclusividade e na quantidade recomendada pelo fabricante e fraccionada ao longo do dia, para que assim o animal se sinta mais saciado; 
- Deve suspender-se a administração de quaisquer “guloseimas” no intervalo das refeições; 
- É necessário contrariar os hábitos sedentários do animal e obrigá-lo a fazer exercício físico regular.

Para terminar, convém referir que por detrás da obesidade poderá estar um desequilíbrio endócrino, nomeadamente provocado por alterações do funcionamento do pâncreas (diabetes), da tiróide (hipotiroidismo) e da supra-renal (hiperadrenocorticismo ou síndrome de Cushing), que deverão ser despistadas, pois se estiverem presentes, todas as tentativas de redução do peso estarão condenadas ao insucesso, instalando-se um sentimento de frustração e desmotivação no proprietário. 

Aproveito para desejar a todos os leitores um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.


 


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