Dr. Élvio Sousa - Farmacêutico elvio.sousa@farmaciadocanico.pt O Pé de Atleta é uma infecção fúngica altamente contagiosa que causa vermelhidão na pele dos pés e suas reentrâncias entre os dedos. Estima-se que cerca de 21 por cento da população adulta possa ser afectada por Pé de Atleta, sendo mais frequente nos homens do que nas mulheres. A sua designação deve-se ao facto de afectar frequentemente os desportistas. Sabe-se que a causa mais comum do Pé de Atleta está sobretudo ligada ao ambiente, e não ao contágio entre pessoas. A propagação destes fungos ocorre com maior facilidade em ambientes quentes e húmidos, pelo que o seu aparecimento poderá ser derivado da frequência de piscinas e balneários públicos, utilização de toalhas mal lavadas ou contaminadas, e uso de sapatilhas ou ténis de desporto. Podem existir pessoas com uma maior susceptibilidade para desenvolver esta infecção fúngica e quando esta ocorre tende a reaparecer novamente no futuro (uma vez que os fungos conseguem sobreviver no solo e nas roupas). Causas e manifestações clínicas O Pé de Atleta é causado por espécies de fungos da família dos dermatófitos, podendo o seu aparecimento fazer-se acompanhar de micoses noutras zonas do corpo, nomeadamente as unhas dos pés, virilhas e mais raramente noutros locais. Os fungos tendem a desenvolver-se nos espaços entre os dedos dos pés, mais frequentemente no terceiro e quarto dedos. No Pé de Atleta podem surgir as seguintes manifestações: • Descamação e fissuras (vulgo “gretas”) nos espaços entre os dedos dos pés e, por vezes, por baixo dos dedos; • Comichão, sensação de ardor ou dor, que se intensificam na presença de fissuras; • Transpiração aumentada dos pés, facilitando o aparecimento das lesões; • Descamação na planta dos pés, normalmente em ambos os pés, e sem sinais significativos de inflamação. • Mais raramente, o aparecimento de pequenas bolhas com água ou pus na planta dos pés, geralmente acompanhadas de sinais de inflamação (por exemplo, a vermelhidão). Se a pele afectada não é tratada, podem continuar a surgir fissuras e gretas que causam um grande desconforto e dor, ou mesmo um cheiro desagradável. Uma das complicações mais frequentes do Pé de Atleta é o contágio do fungo nas unhas - onicomicose – que conduz à alteração da cor, trajecto, espessura e formato da unha; nestas situações deve consultar o seu podologista ou médico dermatologista. O Pé de Atleta, por si só, não provoca febre ou outras queixas gerais, por isso a presença destes sintomas alerta para possíveis complicações, devendo procurar ajuda especializada. Diagnóstico e tratamento O diagnóstico do Pé de Atleta é essencialmente clínico, sendo realizado pela observação do doente. Em caso de dúvida, é possível colher escamas ou outro material para tentativa de identificação do fungo causador. É importante tratar o Pé de Atleta para prevenir possíveis complicações, nomeadamente as infecções da pele que são provocadas por bactérias e que podem penetrar pelas fissuras entre os dedos dos pés. O tratamento do Pé de Atleta pode consistir apenas na aplicação de cremes com capacidade para combater fungos (antifúngicos). Nos casos mais graves recorre-se à associação dos antifúngicos com a toma de medicamentos por via oral. Para uma avaliação do seu caso e respectivo tratamento, é conveniente consultar o seu podologista ou médico dermatologista. Prevenção Existem hábitos diários que auxiliam a prevenção do (re)aparecimento das micoses: • Cuidar bem da higiene dos pés, lavando-os todos os dias com água e sabão neutro; • Secar cuidadosamente os pés e os espaços entre os mesmos, sem esfregar ou irritar a pele; • Observar diariamente os pés para detectar precocemente alguma alteração da pele e unhas; • Trocar de meias todos os dias; • Usar meias de algodão ou outras fibras naturais, que ajudam os pés a respirar e a manter-se frescos; • Se possui Pé de Atleta, calçar as meias antes da roupa íntima para evitar contaminação de outras partes do corpo; • Lavar as roupas que estão em contacto com as micoses a 60ºC; • Alternar os sapatos, para que estejam bem secos e arejados quando os calçar novamente; • Não utilizar roupas, equipamentos de desporto, toalhas e calçado de outra pessoa; • Usar sapatos confortáveis e de fibras naturais; • Não partilhar toalhas, meias ou sapatos de outras pessoas; • Evitar manter os seus pés sempre húmidos e fechados dentro do calçado, na medida em que estas são as condições propícias à disseminação dos fungos; • Evitar andar descalço em lugares públicos, sobretudo os locais húmidos (piscinas, balneários), devendo utilizar chinelos, por exemplo. Para prevenir e evitar recorrências do Pé de Atleta, é importante seguir os conselhos anteriormente referidos e traduzi-los em verdadeiros hábitos do seu dia-a-dia. |