OUTUBRO 2011
ARTROPATIA DE CHARCOT
Dra. Joana Sousa – Podologista
podo.joana@gmail.com

A Artropatia de Charcot é uma condição que pode surgir associada a várias patologias que afectam o sistema nervoso sensitivo. No entanto, a diabetes é considerada a principal causa para o seu aparecimento, devido às alterações metabólicas a que estão sujeitas as pessoas com esta patologia. Estas alterações metabólicas durante períodos prolongados são uma das principais causas para o aparecimento da Artropatia de Charcot e é por isso que esta geralmente surge em pessoas com oito a 10 anos de evolução da diabetes.

Trata-se de uma alteração osteo-articular que pode estar localizada em diferentes zonas anatómicas do pé, afectando desde as articulações mais distais até às mais proximais. O padrão mais frequente é o que afecta as articulações metatarsofalângicas, a articulação de Lisfranc e a de Chopart.

A evolução da Artropatia de Charcot compreende três estágios:
1. Fragmentação: fase em que a articulação e os ossos em redor são destruídos. Durante esta fase o pé apresenta os sinais típicos de infecção (edema, calor e rubor) e, devido às fracturas, apresenta uma instabilidade que o pode tornar largo e plano. Normalmente, os ossos cubóide e/ou escafóide ficam mais proeminentes, originando calosidades, que devem ser tratadas para prevenir o aparecimento de úlceras de pressão. O diagnóstico precoce nesta fase é muito importante, podendo diminuir a destruição óssea e o aumento da deformidade.
2) Coalescência: fase que consiste na tentativa do organismo consolidar a destruição iniciada na fase anterior. Aqui o edema e o calor começam a desaparecer.
3) Consolidação: fase que surge quando os ossos e as articulações consolidam e, infelizmente, originam pés deformados. Esta deformação é tanto maior, quanto maior for a destruição ocorrida na primeira fase. Calçar sapatos poderá ser difícil, sendo essencial a prescrição de calçado e/ou ortóteses para prevenir a formação de úlceras sobre as zonas deformadas.
          
As fracturas e os deslocamentos da Artropatia de Charcot são tratados através de uma imobilização com gesso de contacto total, ou de órteses por um longo período de tempo. Nalguns casos, pode ser necessária a cirurgia para fixar as articulações envolvidas, remover saliências ósseas ou corrigir graves deformidades. Quando a cirurgia não resolve os graves problemas de instabilidade e deformidade do pé, a amputação pode ser uma hipótese. Aliás, é por esse motivo que a condição de Artropatia Charcot deve ser considerada como um dos problemas mais sérios do “pé diabético”.

Como prevenção, as pessoas com diabetes devem esforçar-se por conseguir um controlo glicémico rigoroso e observar os pés diariamente. O cuidado profissional, os programas de educação e o seu cuidado pessoal podem prevenir possíveis complicações, e melhorar significativamente a qualidade de vida das pessoas com diabetes.


 


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