Dra. Sónia Gonçalves - Farmacêutica sonia.goncalves@farmaciadocanico.pt A Conjuntivite ("olho vermelho") é uma inflamação da conjuntiva ocular. A incidência real é desconhecida, mas é uma das causas mais frequentes de procura da ajuda de um profissional de saúde. As causas mais comuns da conjuntivite incluem vírus, alergias, lentes de contacto e produtos químicos. Outras causas possíveis incluem bactérias, fungos, parasitas, reacções imunitárias, outras doenças e tumores da conjuntiva, ou pálpebra. A maioria dos casos de conjuntivite evolui para cura espontaneamente, raramente causando cegueira ou danos estruturais. Conjuntivite alérgica A conjuntivite alérgica atinge cerca de 40% da população, sendo que 80% apresenta rinite alérgica em simultâneo. As principais causas são: - Exposição a pólenes, ervas, bolores, pêlos de animais, ácaros e penas de aves; - Pessoas com atopia, asma ou eczemas que se expõem ao sol, vento e água salgada; - Irritação crónica da conjuntiva, por utilização de lentes de contacto desgastadas, suturas expostas ou próteses oculares. As conjuntivites alérgicas afectam ambos os olhos e causam secreções aquosas abundantes. A comichão intensa é o sintoma principal. O tratamento passa por evitar o agente causal, evitar esfregar os olhos, irrigar com soluções salinas, aplicar compressas frias e usar lágrimas artificiais sem conservantes frias. No caso do uso de lentes de contacto, a interrupção da sua utilização poderá resolver o problema. Para tratamento da conjuntivite alérgica, podem ser utilizados agentes descongestionantes tópicos e anti-histamínicos tópicos e orais. Para situações graves, o médico poderá prescrever corticosteróides tópicos, com monitorização. Estes não devem ser utilizados por mais de uma a duas semanas, nem devem ser utilizados em situações futuras, pois podem levar ao desenvolvimento de glaucoma, cataratas e infecções da córnea. Podem ainda ser prescritos antibióticos preventivos e anti-inflamatórios. Conjuntivite viral Esta é a forma mais comum de conjuntivite. As três principais infecções virais ocorrem por: - Contacto directo com mãos, equipamento médico, água da piscina e objectos pessoais contaminados (adenovírus); - Transmissão de mãe para filho, durante o parto, ou por parceiros sexuais (Herpes simplex); - Exposição à varicela (Herpes zoster). Em especial, o adenovírus está geralmente associado a infecções do tracto respiratório superior e é altamente contagioso, exigindo medidas para prevenir a sua propagação e consulta médica imediata. As conjuntivites virais ocasionam o aparecimento secreções aquosas abundantes e comichão. Normalmente, atingem ambos os olhos, mas no caso do Herpes simplex, é comum atingir apenas um dos olhos. A maioria das conjuntivites virais evolui para cura espontaneamente. A utilização de compressas frias pode melhorar os sintomas. A nível farmacológico, podem ser utilizados anti-histamínicos tópicos. O médico poderá prescrever anti-virais tópicos ou orais para indivíduos com o sistema imunitário comprometido e antibióticos para prevenir infecções bacterianas secundárias. Conjuntivite bacteriana A característica principal das conjuntivites bacterianas é o aparecimento de secreção viscosa intensa, que leva a que o paciente acorde com os olhos "colados". Estão normalmente associadas a faringites, sinusites, pneumonias, otites médias e infecções do tracto genital. São habitualmente transmitidas de mães para filhos durante o parto, entre parceiros sexuais, ou por contacto com mãos contaminadas. Algumas destas infecções curam-se sozinhas, mas outras exigem consulta médica imediata, pois podem ter evoluções graves. Habitualmente, são prescritos antibióticos orais e tópicos para o seu tratamento. Dicas para ajudar a distinguir as conjuntivites: - Uso de lentes de contacto: alérgica; - Infecção do tracto respiratório superior recente: bacteriana ou viral; - Secreção aquosa abundante: viral; - Secreção viscosa: bacteriana; - Exposição a outras pessoas com conjuntivite: viral ou bacteriana; - Uso de cosméticos novos: alérgica; - Comichão muito intensa: alérgica; Alertas para consulta médica: - Dor, diminuição da visão, distribuição desigual de vermelhidão, pupilas irregulares, opacidade; - Situação recorrente; - Outra doença associada (por exemplo, diabetes); - Manutenção dos sintomas, com ou sem tratamento, há mais de 48 h. Conselhos: - Separar as toalhas, almofadas e lençóis; - Lavar as mãos com frequência, particularmente antes e depois de tocar nos olhos; - Utilizar lentes de contacto por curtos períodos de tempo e substituí-las frequentemente; - Os cosméticos podem ser uma fonte de re-infecção. |