SETEMBRO 2011
ROTAVíRUS
Dra. Eleonora Morais - Farmacêutica
eleonora.morais@farmaciadocanico.pt

O Rotavírus, vírus de RNA de dupla hélice pertencente à família Reoviridae, é o principal agente responsável pela gastroenterite viral no lactente e na criança pequena. A infecção por rotavírus é virtualmente impossível de prevenir, não se relacionando com o estrato social, a etnia, a nacionalidade ou o estado geral de saúde, sendo tão frequente nos países industrializados como nos em vias de desenvolvimento. Este facto relaciona-se com a resistência do vírus à maioria dos detergentes e desinfectantes, mantendo-se nas superfícies e objectos mesmo depois de limpos.

A contaminação por rotavírus é fecal-oral, através do contacto directo com indivíduos infectados ou superfícies e objectos contaminados (por exemplo: brinquedos, zonas de recreio, muda de fralda) e apresenta um pico nos meses de inverno, embora possa ocorrer ao longo de todo o ano. Prevê-se que, antes dos cincos anos, aproximadamente 95 por cento das crianças tenham tido, pelo menos, um episódio de infecção por rotavírus. Sendo que, estes ocorrem com mais frequência entre os seis e os 24 meses.

Uma vez instalada a infecção, a sua gravidade pode variar entre casos assintomáticos e aqueles que evoluem para desidratação grave que, em determinadas situações, pode ser fatal. Dada a ausência de factores de risco, é complicado prever a sua evolução em cada caso.

Os sintomas incluem: vómitos, diarreia, febre, dor abdominal e, em muitos casos, perda de apetite, náuseas, cólicas e mal-estar generalizado. Regra geral, a patologia dura cerca de uma semana e passa espontaneamente.

O tratamento disponível é apenas sintomático. Ou seja, visa essencialmente o controlo dos vómitos, da diarreia e da febre, prevenindo situações graves de desidratação – o maior perigo associado à infecção por rotavírus. Crianças com menos de dois anos desidratam rapidamente.

Os soros de re-hidratação constituem a melhor base de tratamento. São constituídos por água, açúcar e sais minerais, compensando a perda de água e electrólitos provocada pela diarreia e pelos vómitos. A sua aquisição pode ser feita nas farmácias sem necessidade de prescrição médica e devem ser administrados nas primeiras cinco a seis horas após o aparecimento dos sintomas, com frequência (a cada 5 a 20 minutos e sempre após uma dejecção), mas em pequenas doses para que sejam absorvidos pelo intestino. O soro deve ser dado com uma colher e intercalado com água. Esta prática requer alguma paciência por parte do progenitor, mas é muito importante que seja cumprida à risca.

Quando não é possível a aquisição na farmácia do soro de re-hidratação é possível fazer um preparado caseiro com uma colher de chá de sal, uma colher de sobremesa de açúcar em meio litro de água previamente fervida e arrefecida.

Quando o bebé/criança já não tiver vómitos, deve manter-se o peito – se for esta a via utilizada pelo bebé – e continuar com o soro enquanto se justificar; ou, oferecer a fórmula para lactentes dissolvida na água de cozedura do arroz – para ajudar a travar a diarreia – quando o bebé tolerar outros líquidos e manter o soro até que se justifique. No caso de a criança já ter iniciado a diversificação alimentar, preparar uma dieta ligeira com iogurtes, frango cozido, maçãs e peras cozidas, sopa de cenoura e papas de arroz e com pouco teor de gordura. As refeições devem ser oferecidas em menor quantidade de cada vez mas em maior número. Quando as fezes voltarem à consistência normal, retomar a dieta habitual.

Quando consultar o médico? São considerados sinais de alarme quando o bebé:
•    Está anormalmente fraco, prostrado e debilitado, muito irritado ou dorme em demasia, tendo dificuldade em despertar e a permanecer consciente,
•    Manifesta dores abdominais agudas e persistentes;
•    Regista uma febre resistente ou superior a 39ºC;
•    Tem vómitos persistentes por mais de 12horas ou diarreia por mais de uma semana;
•    Os vómitos ou fezes são acompanhados de sangue;
•    Mostras sinais evidentes de desidratação: olhos encovados, ausência de lágrimas, secura das mucosas, moleirinha abaulada, respiração alterada, fraldas com menos urina do que é habitual, pele fria e seca, extremidades frias.

Os bebés podem desidratar em apenas 24 horas. Quando a criança vomita com frequência e não consegue assimilar líquidos pode ser necessário recorrer à re-hidratação intravenosa em ambiente hospitalar.

A administração de antibióticos raramente é necessária, uma vez que a gastroenterite é, na sua maioria, viral e auto limitada. Nunca deve administrar um antibiótico sem indicação médica.

Actualmente estão a ser comercializadas duas vacinas contra o rotavírus, amplamente testadas, demonstrando um elevado padrão de segurança e mostrando-se particularmente eficazes na prevenção da doença, ainda que a criança seja infectada com o vírus. Note-se que a infecção, perante medidas preventivas – como é caso da vacinação – nem sempre se traduz em doença.

Tendo em conta a eficácia limitada das medidas higieno-sanitárias na prevenção e limitação dos surtos, é importante reter que um indivíduo infectado excreta o vírus uma semana antes do aparecimento dos sintomas e durante os primeiros dois meses após o controlo dos mesmos.


 


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