AGOSTO 2011
PIOLHOS
Dr. João Cerqueira - Farmacêutico
joao.cerqueira@farmaciadocanico.pt

Pediculose é o nome dado à infestação parasitária causada pelo vulgarmente chamado piolho, cientificamente conhecido como Pediculus humanus capitis. Os piolhos são ectoparasitas obrigatórios de humanos, ou seja, são seres vivos que vivem e se alimentam no exterior do seu hospedeiro. O piolho é um insecto sem asas que vive no couro cabeludo e alimenta-se de sangue. A pediculose pode ocorrer praticamente em qualquer espécie de animal de sangue quente (mamífero ou ave), sendo causada por diferentes espécies, conforme a espécie do animal parasitado.

Os piolhos constituem um problema sanitário que é independente da classe social, idade ou raça. Não são um problema de higiene, ao contrário do que é vulgarmente pensado e dito.
A infestação é mais frequente no grupo etário dos 3 aos 10 anos e nas suas famílias. O piolho dissemina-se por contacto directo cabeça-cabeça com uma pessoa infestada. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, os piolhos nem saltam nem voam, para se disseminar necessitam do contacto directo, cabeça-cabeça, ou indirecto, via pentes, escovas, almofadas, toalhas, lençóis…

Os problemas surgem, na maioria dos casos, de forma epidémica em estabelecimentos onde convivem muitas pessoas: creches, escolas, quartéis militares, etc.

Os piolhos alimentam-se de sangue, uma ou mais vezes por dia. Enquanto se alimentam, os piolhos excretam saliva, que acaba por irritar a pele, causando o típico intenso prurido associado à infestação por piolhos. O prurido tende a concentrar-se na zona da nuca e atrás das orelhas, os locais de infestação favoritos dos piolhos. A comichão por vezes é tão intensa que, de tanto coçar, há a possibilidade de se desenvolverem dermatoses, podendo as lesões causadas vir a infectar posteriormente.

Apenas com a visualização de piolhos ou lêndeas se confirma a infestação, a simples existência de comichão não serve de confirmação. A pesquisa dos piolhos e das lêndeas deve ser realizada com o auxílio de luz intensa e de um pente apropriado, após lavagem do cabelo, com a passagem do pente pelo cabelo, da raiz às pontas.

Após cada passagem do pente, este deve ser limpo a um lenço de papel branco e as partículas recolhidas devem ser observadas. Os piolhos soltam-se e vêem-se facilmente, as lêndeas são mais resistentes e tendem a fixar-se mais fortemente nos cabelos. O lenço e o seu conteúdo devem ser colocados no lixo, dentro de um saco fechado.

As lêndeas são de remoção mais difícil que os piolhos, pois aquando da sua deposição no cabelo, são como que “coladas” a este por uma substancia produzida durante a ovideposição. As lêndeas, se não forem retiradas, darão origem a novos piolhos. O prurido pode manter-se até uma semana após a erradicação dos piolhos.

Está disponível no mercado uma alargada panóplia de produtos, com diferentes mecanismos de acção, todos permitindo um rápido controlo desta infestação. Os produtos de aplicação tópica não requerem receita médica. O aconselhamento farmacêutico é fundamental para assegurar um correcto uso e uma maximização da eficácia do tratamento, que deverá ser sempre acompanhado de outras medidas de erradicação e prevenção.

Devem ser respeitadas as instruções de aplicação dos diferentes produtos, tendo especial atenção em relação ao intervalo de tempo entre aplicações, existência de lesões no couro cabeludo e idade mínima a partir da qual se podem aplicar. Deve evitar-se o contacto destes produtos com os olhos.

O uso indiscriminado dos produtos antiparasitários, nomeadamente em indivíduos sem infestação comprovada, é desaconselhado.

Há diversos tipos de pentes que podem ser utilizados no controlo desta infestação, nomeadamente os pentes em plástico e os de metal. Os pentes de plástico são de baixo custo, mas têm, no entanto, uma vida útil mais curta que os de metal, pois os espaços entre os seus dentes alteram-se mais rapidamente com a sua utilização continuada.

O controlo da pediculose passa por medidas preventivas que também devem acompanhar os tratamentos de erradicação:

- Evitar contacto directo entre cabeças;
- Evitar o contacto com escovas, pentes, chapéus, almofadas, lençóis, fitas do cabelo, etc. de diferentes indivíduos – proceder à sua lavagem em água quente (60ºC);
- Verificar o cabelo das crianças e dos restantes membros do agregado familiar;
 - Prevenir o estabelecimento de ensino em caso de infestação, de modo a que proceda a uma verificação generalizada e consequente tratamento, de modo a interromper o ciclo de recontaminação;
- Guardar os objectos ou o vestuário que não pode ser lavado em sacos hermeticamente fechados durante duas semanas;
- As crianças de cabelo comprido devem ir para a escola com o cabelo preso;
- As crianças devem ser orientadas para não partilharem objectos pessoais, nomeadamente bonés, gorros, lenços, arcos, etc.

No controlo da pediculose, é preciso estar atento, para tratar de imediato caso seja necessário e evitar a sua transmissão na comunidade.

Director Técnico da Farmácia do Caniço

 


seara.com
 
2009 - Farm´cia Caniço
Verified by visa
Saphety
Paypal