JUNHO 2011
DISFUNçãO ERéCTIL
Dr. Miguel Ribeiro - Farmacêutico
miguel.ribeiro@farmaciadocanico.pt

Nas últimas décadas, temos vindo a observar um aumento na esperança média de vida, o que faz com que os idosos, e a sua qualidade de vida, sejam alvo de uma maior preocupação. Problemas que até há poucos anos eram pouco comuns, são agora mais frequentes devido ao envelhecimento da população.

A função sexual é uma componente importante da masculinidade e qualquer perturbação dessa função pode tornar-se bastante constrangedora. Distúrbios na função sexual masculina são bastante comuns e aumentam com o avançar da idade.

A disfunção eréctil é uma condição onde a erecção peniana, necessária para uma relação sexual satisfatória, não é alcançada pelos meios psicofisiológicos normais. Já que a erecção do pénis envolve o sistema nervoso central, nervos periféricos e mecanismos vasculares, existem múltiplos locais de potencial doença ou perturbação (vascular, endocrinológica, psicogénica, neurogénica, iatrogénica ou mista).

A erecção do pénis é um evento neurovascular mediado por factores psicológicos e pela condição hormonal. Uma erecção ocorre quando o afluxo sanguíneo aos corpos cavernosos do pénis é superior ao seu efluxo, resultando num ingurgitamento do tecido eréctil, provocando a sua rigidez.

Estimativas em relação à prevalência da disfunção eréctil variam bastante em função da idade, estado de saúde, ingestão de medicamentos, consumo de álcool e drogas. O primeiro estudo epidemiológico demonstrou que a incidência aumentava com a idade: 1 por cento antes dos 19 anos, menos de 3 por cento dos 19 aos 45 anos, entre 6 a 7 por cento dos 45 aos 55 anos e 25 por cento aos 75 anos.

Estudos mais recentes indicam que 5 a 20 por cento dos homens apresentam disfunção eréctil moderada a severa. Calcula-se que esta patologia afecte cerca de 500 mil homens em Portugal e 150 milhões de homens em todo mundo.

Um diagnóstico adequado de disfunção eréctil deve ser baseado numa abordagem multidisciplinar que considere factores orgânicos e psicológicos numa perspectiva integrada, compreendendo uma avaliação médica, psicossexual e relacional.

As opções terapêuticas dividem-se em quatro áreas distintas: a psicológica, a farmacológica, a mecânica e a cirúrgica.

A abordagem psicológica é usada em doentes que apresentam uma dimensão psicogénica importante e é dirigida não apenas ao paciente, mas ao casal.

A terapia farmacológica é constituída por medicamentos que actuam de forma sistémica ou localizada, quer seja por via oral ou tópica.

A terapêutica de primeira linha inclui os inibidores selectivos da fosfodiesterase tipo 5 (PDE-5) – sildenafil, tadalafil, vardenafil – que actuam directamente no processo da erecção, mas só produzem efeito se existir desejo ou estímulo sexual. O sildenafil foi o primeiro a surgir no mercado e tem como principais efeitos adversos provocar cefaleias, hipotensão transitória e efeitos visuais. O tadalafil tem uma duração de acção superior aos outros inibidores da PDE-5, sendo mais potente na sua acção, mas também na incidência e extensão dos seus efeitos adversos. O vardenafil apresenta os mesmos efeitos adversos dos anteriores embora, até ao momento, não tenham sido referidas alterações visuais. Estes medicamentos são muito eficazes e têm uma muito boa aceitação por parte dos doentes com disfunção eréctil, aumentando em muito a sua qualidade de vida.

Numa segunda linha de terapia, surgem alprostadil transuretral (forma sintética mais estável de prostaglandina E1), auto-injecção intracavernosa (de alprostadil, papaverina ou fentolamina) e a terapia transdérmica (ainda em fase de ensaios clínicos). Existem ainda outras substâncias (não inibidoras da PDE-5) que são usadas há muitos anos: apomorfina e yoimbina.

Os mecanismos de constrição por vácuo consistem num tratamento fiável e com poucos efeitos adversos, quando utilizados devidamente.

As próteses penianas são dispositivos implantados cirurgicamente em cada um dos corpos cavernosos (parte do pénis responsável pela erecção), que produzem rigidez peniana. É um tratamento efectivo, mas agressivo, invasivo e caro e deve ser encarado sempre como último recurso, depois de esgotadas todas as outras opções terapêuticas.

A cirurgia arterial reconstrutiva está indicada em homens com doença arterial oclusiva, sendo mais bem sucedida em homens com lesões arteriais isoladas.

Apesar de não ser ameaçador para a vida, a disfunção eréctil pode afectar seriamente a qualidade de vida, com graves sequelas no bem-estar social e psicológico.

A disfunção eréctil é, de facto, um problema que afecta cada vez mais indivíduos, tendo em conta o crescente envelhecimento da população, mas também o crescente número de homens que não se esconde na vergonha e preconceito e procura ajuda.


 


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