MAIO 2011
SINUSITE: NãO Há RAZõES PARA SOFRER
A Sinusite consiste numa inflamação dos seios nasais que, para além do desconforto, pode ter consequências mais graves se não for tratada. Os tratamentos actuais permitem a cura da doença, levando à melhoria substancial da qualidade de vida dos doentes, sublinha em entrevista o Dr. Emanuel Gomes, médico especialista em Otorrinolaringologia.  

Em que consiste a Sinusite?
Em traços gerais, consiste numa inflamação nos seios nasais. O termo sinusite deriva da palavra latina “sinus”, que se refere aos seios nasais: estes são oito, quatro de cada lado das fossas nasais, ou sejam os seios maxilares, seios frontais, seios etmoidais e seios esfenoidais.
Existem várias teorias acerca da função dos seios nasais: há quem defenda que o seu propósito é fazer com que a cabeça seja mais leve, colocando menos pressão nos músculos do pescoço. Outra função é aquecer e humidificar o ar que inspiramos e outra ainda passa por permitir que tenhamos uma voz mais melódica, contribuindo como uma caixa de ressonância.

Quais são as principais causas da Sinusite?
Podemos classificar as sinusites como alérgicas ou infecciosas (vírus, bactérias ou fungos). Em relação às bactérias, encontram-se sobretudo o Estreptococcus pneumoniae e o Haemophillius influenzae. Há causas gerais e causas locais: entre as causas gerais, temos as alergias, as baixas defesas do organismo, a diabetes, a tuberculose, a intolerância ao ácido acetil salicílico e as variações de temperatura. Nas causas locais, temos os desvios do septo nasal, a hipertrofia dos cornetos e dos adenoides, os pólipos nasais e também as sinusites de causa dentária. A defesa da mucosa respiratória contra a infecção exige uma boa drenagem muco ciliar dos seios e isto só se torna efectiva se os “ostium” (orifícios que ligam os seios perinasais às fossas nasais) estiverem permeáveis. Quando estes são mais estreitos, a drenagem fica comprometida e facilita o desenvolvimento de microrganismos, dando origem às sinusites.

Quais são os grupos em maior risco de ter a doença?
São as crianças que têm menos defesas assim como os adultos com baixa imunidade, os diabéticos e todas as pessoas com problemas alérgicos.

A Sinusite pode ser crónica ou aguda. Qual a diferença entre estas formas?
Como atrás disse, Sinusite significa que os seios perinasais estão infectados ou inflamados. O ar aprisionado dentro do seio perinasal bloqueado, juntamente com pus e outras secrecções, pode causar pressão na parede dessa cavidade e provocar dor intensa. A obstrução nasal, a rinorreia e alterações do olfacto (hiposmia, anosmia), são outros sintomas da sinusite. O gosto também poderá ser afetado, uma vez que resulta da estimulação simultânea das papilas gustativas e do olfacto. Esta infecção aguda pode evoluir para a cura ou pode complicar-se. Quando estamos perante uma situação que se arraste para além de quatro semanas, trata-se duma sinusite crónica, que pode perdurar por meses ou até anos.  

Que consequências pode ter a Sinusite, se não for tratada?
Caso não seja tratada, a Sinusite pode levar a algumas complicações, tais como otites, osteomielites, complicações orbitárias e intracranianas, como meningite, e abcessos cerebrais.

A intervenção cirúrgica é um último recurso?
Primeiro tentamos sempre resolver a situação com o recurso apenas à intervenção farmacológica e apenas nos casos em que esta abordagem se revela insuficiente é que recorremos à cirurgia. Antigamente, a técnica cirúrgica era diferente e com maus resultados. Hoje em dia, a intervenção cirúrgica é muito menos invasiva, porque é feita através das fossas nasais com o auxilio dum microscópio cirúrgico e/ou endoscópio, com uma recuperação relativamente simples e com um grau de sucesso muito elevado. Habitualmente, o paciente tem alta no mesmo dia. Na medicina não existe a expressão “nunca mais”: qualquer doença pode vir a ocorrer várias vezes na vida. A vantagem desta intervenção cirúrgica é que deixamos os “ ostium” permeáveis e, caso o paciente volte apresentar Sinusite, já é possível tratar apenas com medicação. Todos nós, profissionais de saúde, temos a responsabilidade de passar esta informação para os utentes. É uma pena que muitas pessoas continuem a ter a falsa noção de que a Sinusite não tem cura. Muitas vezes, passam longos períodos, por vezes até anos, com desconforto e com risco de terem complicações, por simples desconhecimento de que as coisas evoluíram muitíssimo.

Mas é possível precaver a reaparição da Sinusite?
Tem importância fundamental a correcção dos factores ambientais nocivos, tais como o fumo, o tratamento das alergias e o tratamento da patologia dentária. A correcção cirúrgica de desvios do septo nasal, dos pólipos nasais, dos tumores, das amigdalites crónicas, é necessária para a evolução no sentido da cura da sinusite. O diagnóstico precoce, seguindo de tratamento médico rápido e eficaz ou de intervenção cirúrgica são a chave do sucesso terapêutico.

Quais os sinais de alarme que devem levar as pessoas a consultar um especialista?
Há pacientes que se queixam erradamente de estarem “constipados” há muito tempo e muito provavelmente estamos perante uma situação de sinusite crónica! Podemos dizer que devemos consultar um especialista em otorrinolaringologia nas seguintes situações:
•    perante uma dor localizada na zona malar, periorbitária, no vértice craniano ou occipital;
•    quando existe obstrução nasal particularmente do lado da infecção;
•    o aparecimento de rinorreia, ou seja, secrecções mucopurulentas que saem pelas fossas nasais ou pela faringe com tosse e expectoração;
•    quando há alterações do olfacto e gosto;
•    sinais gerais tais como febre e astenia.

 


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