MAIO 2011
ENXAQUECA
Dr. Élvio Sousa – Farmacêutico
elvio.sousa@farmaciadocanico.pt

A enxaqueca é uma dor de cabeça intensa, pulsátil e recorrente, que normalmente afecta um dos lados da cabeça, embora possa afectar ambos. É uma dor repentina e pode ser antecedida ou acompanhada de sintomas visuais, neurológicos ou gastrointestinais.

A frequência das enxaquecas é superior nas mulheres e afecta mais a faixa etária compreendida entre os 10 e os 30 anos de idade, podendo desaparecer após os 50 anos. Mais de 50 por cento das pessoas com enxaqueca têm familiares que sofrem com este problema.

Alguns alimentos, como o chocolate, glutamato de sódio (comum na comida chinesa), embutidos (salames, salsichas, entre outros) e vinho tinto são desencadeantes comuns de uma enxaqueca. A alteração dos hábitos de vida, como dormir pouco ou demais, bem como o stress e a ansiedade, são também desencadeantes importantes destas crises.  A luminosidade e o calor típicos do Verão podem ainda contribuir para o aumento das enxaquecas.

A enxaqueca manifesta-se quando as artérias que irrigam o cérebro se contraem e depois se dilatam, o que activa os receptores da dor. Não se conhece a causa da constrição nem da dilatação dos vasos sanguíneos, mas uma concentração anormalmente baixa de serotonina no sangue (uma substância química que intervém na comunicação dos neurónios) pode desencadear as contracções.

Sintomas e diagnóstico

O padrão específico de dor da enxaqueca torna-a de fácil identificação, embora não haja nenhuma prova laboratorial que seja útil para o seu diagnóstico. Cerca de 10 a 30 minutos antes de se iniciar a dor de cabeça, 20 por cento das pessoas manifestam sintomas de depressão, irritabilidade, inquietação, náuseas ou falta de apetite - período denominado aura ou pródromo. Nestes indivíduos, o padrão de dor mantém-se igual em cada enxaqueca, tal como a sua localização.

Também cerca de 20 por cento das pessoas perde a visão numa área específica - ponto cego ou escotoma, ou apercebem-se de luzes dispersas ou cintilantes; com menos frequência sofrem uma distorção das imagens. Algumas pessoas têm sensações de formigueiro ou, com menor frequência, perda de força num braço ou numa perna. Pouco antes do início da cefaleia, estes sintomas tendem a desaparecer mas, por vezes, misturam-se com a dor. Por vezes, as mãos e os pés podem arrefecer e adquirir uma coloração azulada. A enxaqueca pode surgir de forma muito frequente durante longos períodos, e depois desaparecer durante semanas, meses ou anos.

Prevenção e tratamento

Na ausência de tratamento, a duração dos episódios agudos de enxaqueca pode ser de várias horas ou dias. Para alguns, as dores de cabeça são leves e facilmente aliviadas com analgésicos de venda livre (que podem ser adquiridos sem receita médica). Quando as dores de cabeça são intensas e incapacitantes de modo temporário, especialmente as acompanhadas de náuseas, vómitos e mal-estar produzido pela luz intensa (fotofobia), os analgésicos comuns não aliviam a dor. Este tipo de enxaqueca tende a diminuir somente após um período de descanso e de sono. Algumas pessoas sentem-se irritáveis durante uma crise de enxaqueca e procuram estar sozinhas, muitas vezes num quarto escuro. A colocação de compressas frias e/ou massajar o lado da cabeça com dor pode ajudar a aliviar a mesma.

Os principais medicamentos usados no tratamento da enxaqueca são os triptanos. Os derivados ergotamínicos, embora eficazes, são hoje considerados de segunda escolha.
•    Sumatriptano - melhora os efeitos da serotonina, cujos valores baixos no sangue são provavelmente o que desencadeia o episódio agudo de enxaqueca; é de administração oral ou injectada, sendo mais eficaz do que a aspirina ou o paracetamol mas também mais caro; pode ser perigoso se utilizado mais do que o prescrito.
•    Ergotamina – é um vasoconstritor que, ao contrair os vasos sanguíneos, ajuda a prevenir a sua dilatação e consequente dor; pode ser perigoso se utilizado mais do que o prescrito.
•    Cafeína - em doses elevadas ajuda a prevenir a dilatação vascular e muitas vezes associa-se a analgésicos ou a ergotamina.

Outros fármacos que, tomados diariamente, podem prevenir a recorrência das crises de enxaqueca:
•    Propranolol – é um betabloqueador que proporciona uma melhoria a longo prazo em cerca de 50 por cento das pessoas com episódios frequentes de enxaqueca;
•    Verapamil – é um bloqueador dos canais de cálcio, em que algumas pessoas referem alívio da perturbação;
•    Valproato – é um anticonvulsivante que reduz a frequência das crises de enxaqueca se tomado diariamente;
•    Metisergida - é um dos tratamentos preventivos mais eficazes, mas deve ser utilizado de forma alternada com períodos de repouso, evitando uma complicação grave denominada fibrose retroperitoneal (formação de tecido cicatricial no mais profundo do abdómen que pode obstruir o fluxo sanguíneo para os órgãos vitais). O médico deverá supervisionar de perto a utilização deste fármaco.

Bibliografia

http://www.manualmerck.net
http://pt.wikipedia.org/wiki/Enxaqueca
http://www.deco.proteste.pt/prevencao/enxaqueca-sinais-de-alarme-e-tratamento-s486681.htm

 


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