MARçO 2011
INFLUêNCIA DAS ALTERAçõES CLIMáTICAS NOS PARASITAS DOS ANIMAIS DE COMPANHIA
Dr Eduardo Hernandéz Loreto - Médico Veterinário
convetcanico@gmail.com

Hoje em dia, fala-se muito sobre as alterações climáticas e o aquecimento global, bem como sobre os efeitos que esta situação traz a diversos níveis. A mudança climática terá efeitos directos e indirectos sobre a saúde dos animais em geral. Neste artigo, vamos referir-nos às incidências dessas mudanças nos diversos parasitas dos cães e gatos.

Estima-se que até o fim deste século, a temperatura global venha aumentar em média entre 1,0 até 3,5 graus centígrados, levando também a um aumento da população de parasitas e do risco das doenças transmitidas por alguns vectores em novas áreas geográficas.

A Organização Mundial de Saúde alertou que o aquecimento global poderia levar ao aumento do número de doenças parasitárias na Europa, principalmente devido ao crescimento das populações de pulgas, carraças, mosquitos, moscas e vermes intestinais. Outras doenças que já se encontram controladas poderiam retornar para as áreas onde antes existiam, incluindo no caso dos países desenvolvidos.

Os acontecimentos recentes mostram que a mudança climática já tem um impacto sobre o desenvolvimento das doenças parasitárias nos animais, não só pelo aumento dos parasitas, como também pelo aumento dos seus vectores.

Os donos de cães e gatos que controlam e fazem a prevenção periódica dos ectoparasitas nos seus animais, isto é, dos parasitas externos como as infestações por pulgas e carraças, devem  recordar que há alguns anos atrás, depois de fazer a aplicação dos produtos para a eliminação destes parasitas, os seus animais respondiam positivamente e continuavam desparasitados durante pelo menos três meses nas épocas mais quentes e até seis meses nos meses de maior frio. Este resultado era consequência da combinação entre o efeito residual dos diversos produtos e os factores climáticos que ajudavam no controlo da reprodução dos parasitas e vectores.

Desta forma, podia ser elaborado um programa de prevenção contra a infestação parasitária, adequado não só ao animal e ao parasita em si, mas sim à estação climática. Na actualidade, esta situação já não se verifica: 30 dias depois de aplicar o produto ou às vezes antes, já é possível verificar uma re-infestação no animal e, o que é pior, independentemente da estação climática, a conclusão é que a sazonalidade anteriormente conhecida já não existe.

Muitas pessoas questionam a eficácia dos diferentes produtos e, por vezes, solicitam a alteração para outro produto, por pensarem que o novo funcionará melhor. Os problemas mais comuns são motivados por uma utilização incorrecta: nomeadamente, a dosagem é muitas vezes inadequada, pois os produtos devem ser escolhidos conforme o peso do animal e por vezes este não é bem calculado.

Noutras situações, a falta de eficácia acontece porque o produto é aplicado antes ou depois de dar banho ao animal ou então porque este apanha chuva: a maioria destes produtos funciona através da presença do sebo natural da pele, embora hoje existam alguns que resistem aos banhos e funcionam bem mesmo quando aplicados um dia depois do banho.
No entanto, existem casos em que os produtos são aplicados de forma correcta e mesmo assim não são eficientes: isto acontece devido a um aumento na população de parasitas num ambiente determinado (pressão ambiental) e à reprodução dos mesmos em alturas do ano que anteriormente não eram frequentes.

Com os parasitas internos, ocorre exactamente a mesma situação. Aliás, existe um parasita interno nos cães e gatos chamado “ Dypilidium caninum ”, cujo hospedeiro intermediário são as pulgas. Em poucas palavras, os cães e gatos que apresentem pulgas, muito provavelmente estão também infestados com parasitas internos.

O aumento da população de outros insectos que funcionam como vectores, como por exemplo o mosquito, fazem com que outras doenças  parasitárias também tenham vindo a aumentar, por exemplo, a “Dirofilariose”, ou verme do coração, cuja prevalência na Madeira é alta. Na Europa, a distribuição da dirofilariose animal é caracterizada por um aumento em áreas endémicas, a expansão em áreas consideradas não endémicas (países da Europa Central) e um aumento na abundância e na incidência de cães sem uso de medicação preventiva.

Entre outras doenças transmitidas por parasitas e outros vectores nas áreas tropicais e subtropicais, encontramos a Doença de Lyme, transmitida pelas carraças, assim como outras doenças parasitárias que infectam o sangue.

Em conclusão, hoje em dia, a prevenção e controlo dos parasitas e das doenças parasitárias nos animais de companhia deve ser mais agressivo. O Conselho Científico Europeu sobre os parasitas nos animais de companhia é um organismo independente, conformado por médicos veterinários especialistas em parasitologia, que publica no seu site, disponível em www.esccap.org, guias informativas sobre os parasitas em cães e gatos, e seu controlo.


 


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