NOVEMBRO 2010
PRINCIPAIS CUIDADOS NAS AVES DE ESTIMAçãO
Dr. Eduardo Hernandéz Loreto - Médico Veterinário
convetcanico@gmail.com

Desde há muito tempo que o homem resolveu incorporar na sua vida a convivência com as mais diversas aves, seleccionadas tanto pela sua beleza como pela sua capacidade de vocalização, canto ou imitação. O presente artigo não pretende abranger todas as particularidades das diversas espécies de aves, pois a variedade das mesmas é grande: incidiremos apenas naquelas que podem ser encontradas com maior frequência nos nossos lares.

Elas estão formadas principalmente por dois grandes géneros, nomeadamente o género Psittaciforme, onde encontramos os Papagaios, Periquitos, Araras, Caturras, Roselas e Cacatuas, e o género Passeriforme, que inclui por exemplo os Canários, Pardais, Bengalins, Diamantes de Gould e Mandarins.

Os criadores de aves conhecem bem as principais necessidades de alojamento e alimentação, assim como os principais sintomas de desconforto ou doença das suas aves, pois costumam informar-se através de vários meios. Inclusive, solicitam a visita do veterinário às suas instalações, com a finalidade de serem aconselhados no que diz respeito ao maneio sanitário e de bem-estar requerido pelos seus animais. Se estiver a pensar em adquirir e manter na sua casa uma ave, deverá informar-se antes acerca das necessidades da mesma.

Alimentação

O género Passseriforme é mais granívoro e insectívoro, não descartando o consumo de alguma fruta ou legumes, enquanto as aves do género das Psittacídeas, são mais frutíferas, isto é, quando em estado natural, são grandes consumidoras de frutos frescos, folhas e legumes, embora também consumam frutos secos. É bom ter isto em consideração, pois geralmente costumamos encontrar nas lojas de animais ou nos supermercados as chamadas “mistura para periquitos” ou “comida para papagaios” e podemos ficar convencidos de que estamos a administrar o melhor alimento para a nossa ave. No entanto, uma alimentação só à base de grãos, como os fabricantes tentam impor, é uma nutrição monótona e errada, pois uma ave engaiolada não tem opção de escolha como quando se encontra no seu ambiente natural.

É muito frequente encontrar papagaios que são alimentados de forma continuada com sementes de girassol - nada mais errado! Isto induz uma patologia conhecida como Fígado Gordo - esta doença pode ser revertida se diagnosticada a tempo. Nunca devem ser administradas abacates a estas aves, elas nunca as comeriam se estivessem em liberdade, uma vez que o consumo destes frutos causa uma disfunção hepática incurável, a qual produz uma enterite crónica que leva à morte da ave.

Os suplementos vitamínicos ou de minerais só serão necessários se nós não alimentarmos as aves de forma adequada, mas se fornecemos de forma diária ou frequente frutos e legumes frescos, as nossas aves tomarão desses frutos as vitaminas necessárias para as diversas funções do corpo. Uma suplementação à base de cálcio e fósforo será necessária no tempo da postura. Em conclusão, a dieta deverá ser a mais variada possível, excluindo a batata crua e o abacate.

Outro tipo de situações que se podem observar nos papagaios está relacionado com neuropatias por stress excessivo. Estas traduzem-se em sintomas de movimentos contínuos da cabeça ou automutilações (arrancar as penas).

Higiene

Seja qual for o tipo de ave que pretendamos ter, a sua higiene é importante, com a finalidade de prevenir diversas doenças. Revestem-se de suma importância coisas simples, como manter limpo o espaço onde está a ave, assim como a lavagem e desinfecção da gaiola, comedouro e bebedouro, sem utilizar produtos abrasivos ou potencialmente tóxicos, enxugando bem e secando uma vez concluída a operação.

As doenças mais frequentes nas aves engaioladas são de ordem intestinal e geralmente ocasionadas pela ingestão de algum alimento em mau estado, pela presença de parasitas intestinais ou pela falta de higiene. É frequente, por exemplo, encontrar fezes dentro do comedouro - isto ocasiona uma contaminação bacteriana e possível infestação parasitária. As aves são susceptíveis de infestações parasitárias de ordem intestinal, como as lombrigas, e também pulmonar, como é o caso dos ácaros da traqueia, ou de parasitas externos como os piolhos, pelo que devem ser tratadas com alguma frequência de forma preventiva.

Outras afecções frequentes nas aves são de ordem respiratória, as quais podem ser provocadas por parasitas, como o caso do já mencionado ácaro da traqueia, ou por bactérias específicas que têm predilecção pelo sistema respiratório das aves. Este é mais complexo que o sistema respiratório dos mamíferos, pois as aves possuem umas estruturas anatómicas chamadas sacos aéreos, sete no total, que estão distribuídos por todo o corpo, tendo como função servir de reservatório de ar para quando estão a voar. No entanto, quando há uma infecção, estes aumentam em muito a superfície susceptível.

O sistema respiratório das aves também pode ser afectado por falta de cuidado, por exemplo se deixarmos a nossa ave perto de uma janela onde apanhe calor excessivo, seguido de uma corrente de ar ou a simples mudança térmica da noite, poderá causar uma inflamação de um ou vários órgãos do sistema respiratório, condição que pode tornar-se num problema de maiores dimensões. A exposição ao Sol é benéfica, mas deve ser moderada, devendo ocorrer preferivelmente nas primeiras horas do dia.

Para finalizar, também não podemos esquecer que as unhas e bicos das aves estão em contínuo crescimento e ao estarem fora do seu ambiente natural, sem possibilidade de serem gastas, muitas vezes crescem de forma incontrolada. Para prevenir isto, existem nos comércios da especialidade poleiros especificamente desenhados para que a ave possa desgastar o seu bico e unhas.


 


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