NOVEMBRO 2010
A POSIçãO DENTáRIA E A ARTICULAçãO DAS PALAVRAS
Dr. João Bosco da Costa de Castro - Médico Dentista
leodente@iol.pt

A capacidade de falar e de sorrir é exclusiva da espécie humana e um dos expoentes máximos do homo sapiens sapiens, ou homem actual. Já Homero, grande poeta grego da antiguidade (cerca de 850 A.C), se referia a esta função dizendo ser, “a fala, esse delicioso festim dos nossos pensamentos ”. Se “a função faz o órgão” como gostam de dizer os fisiologistas, para falarmos não basta que os órgãos da fala se encontrem anatomicamente correctos: necessário se torna que essa mesma função, seja devidamente estimulada.

Dizem que falar é fácil mas, que o difícil é fazer. No entanto, para algumas pessoas, falar pode mesmo ser bastante complicado.

No que diz respeito à parte do aparelho estomatognático, que aqui abordamos, os hábitos anormais de chupar o dedo, a chupeta, a fralda ou outros objectos, devem ser evitados desde a mais tenra idade. Sabemos, porém, como tal se torna difícil e, não será certamente por acaso, que os ingleses chamam a chupeta de “pacifier “ ou pacificador.

É aceitável a sua persistência, até por volta dos 2 anos e meio de vida, tendo em conta que, se o vício for vencido, a situação dentária tende para auto correcção.

É certo que a zona da boca apresenta nesta fase uma maior plasticidade e, portanto, pode ser deformada mais facilmente pela introdução de objectos ou até mesmo por posições viciosas de se colocarem no espaço. Como consequência, teremos uma maior flacidez labial, o lábio superior mais curto e seco, o que impede o fecho correcto da boca.

A língua é mais actuante e empurra os dentes, daí resultando posições incorrectas nos maxilares. Assistimos, ainda, a um estreitamento do céu-da-boca e ao seu consequente aprofundamento, levando a que a região nasal também sofra por arrastamento.

A quantidade de saliva aumenta e o consequente aparecimento de “baba” durante o sono. Como a respiração predominante agora é a bucal, esta oferece pouca oxigenação do cérebro o que pode causar prejuízos a nível escolar, com as consequentes faltas de concentração e de aprendizagem. “Aparecem uma maior susceptibilidade às doenças respiratórias de repetição o que se traduz num padrão respiratório inadequado, de fala, de mastigação e deglutição” (1).

A respiração bucal faz com que apareçam forças de pressão negativas (o inspirar é um movimento activo, enquanto que a expiração é um movimento passivo) que deformam os maxilares e levam os dentes para fora da sua posição normal.

Aparecem, assim, as dificuldades na articulação das palavras e, sobretudo, a dificuldade na emissão de certos sons, num quadro denominado popularmente de “ Sopinha de Massa”em que a letra “S” é lida como se fosse um “X”. A tendência dos pais é, seguramente, a procura de um profissional que ensine o seu filho a “falar bem”; na aula de Inglês, não pronuncia bem as palavras. A terapia da fala dará o seu valioso contributo, somente após a correcção da posição dos dentes e dos maxilares.

Naturalmente que, aquando da saída dos dentes decíduos, por volta dos sete anos de idade, observamos também a dificuldade na fonação. O ar expelido e que passa pelas diferentes estruturas, ao chegar aos dentes, não encontra a zona de fecho anterior, compensando as crianças com a interposição da língua. Na ausência de dentes anteriores, também os adultos ficam a “falar diferente”.

Hoje em dia, em muitas situações, uma aparência perfeita é muito importante; na profissão, na família, com os amigos e, sobretudo, como mais-valia para o próprio bem-estar. Os dentes permitem-nos comer com prazer, falar claramente e mostrar simpatia quando estamos a sorrir. “Os dentes proporcionam-nos segurança e autoconfiança”. São uma parte importante da nossa personalidade. Dão à nossa boca uma nota individual e à aparência um certo ar.

Compreende-se, assim, a procura de um alinhamento correcto dos dentes. Obtemos ganhos ao nível da melhoria da função, da saúde e da aparência. O correcto alinhamento dentário contribui para uma melhor mastigação, considerando o contacto adequado entre os dentes superiores e inferiores.

Quando os dentes se encontram apinhados ou sobrepostos, a higiene oral inadequada provoca o aparecimento de cáries e doença gengival. A aparência, não sendo tudo (graças a Deus) contribui, em muito, para o sucesso.

(1) -A fala infantil revela saúde – Rosane Paiva da Silva-www.saudevidaonline.com.br

 


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