SETEMBRO 2010
TOXOPLASMOSE: GATOS, OS ETERNOS CULPADOS…
Dr. Eduardo Hernández Loreto - Médico Veterinário
convetcanico@gmail.com

A Toxoplasmose é uma doença causada por um parasita intracelular chamado Toxoplasma gondii, que pode contagiar o homem e vários animais, tais como aves, cães, gatos, suínos, caprinos, bovinos e animais silvestres. Nos bovinos, suínos, cabras, e outros animais de produção, provoca abortos e nascimento de fetos mal formados, causando perdas económicas.

A mulher grávida que nunca na vida tenha tido contacto com a doença e fique contagiada durante os primeiros meses da gestação, corre o risco de abortar ou de existir mal formação no feto.

 A forma mais habitual de contrair a doença é através do consumo de água e alimentos contaminados. A ingestão de carne crua, mal passada ou proveniente de animais clandestinos, cuja carne não tenha sido devidamente inspeccionada pelos serviços veterinários, representa um grande risco tanto para o homem como para os animais carnívoros, como os cães e os gatos. Por este motivo, não convém alimentar o seu animal de estimação com carne crua ou pouco cozida.

A população em geral associa os gatos com a produção e a excreção dos ovos de toxoplasma.  Os gatos podem ingerir os ovos que estão nos tecidos dos pássaros, lagartixas, ratos, baratas, ou carnes contaminadas e passam a eliminar os ovos através das fezes.

O gato só irá excretar o parasita caso tenha uma quebra de resistência e esta fase dura apenas quinze dias e acontece somente uma vez em toda a vida do animal. Nesse caso, irá eliminar os ovos do toxoplasma através das fezes, e estes ovos não têm a capacidade de infectar a outro indivíduo animal ou humano. Os mesmos irão  precisar de um a cinco dias e de condições favoráveis no ambiente para poderem tornar-se infectantes, ou seja, terem a capacidade de contagiar a outros indivíduos.

Costuma-se, de forma errada, conferir aos gatos a responsabilidade pelo contágio da doença ao homem. Mas sabe-se que as probabilidades de que isto aconteça são mínimas.
Se costuma cozinhar bem as carnes que come, se lava bem as frutas, legumes e verduras, se não bebe leite cru e se tem bons hábitos de higiene, praticamente não há motivo para ter receios a este nível.

Não existem casos de propagação da doença produzida pela arranhadura dos gatos. Por este motivo, é seguro conviver com estes animais, desde que se tenham os cuidados mínimos de higiene, como por exemplo lavar bem as mãos depois de limpar a caixa de areia.

Como sabemos que os ovos de toxoplasma que podem estar presentes nas fezes dos gatos só ficam infectantes a partir de pelo menos um dia depois de expelidos, então outra forma de prevenir a propagação será limpar a caixa de areia todos os dias.

Por vezes, algumas mulheres quando ficam grávidas, por temor à doença, pensam em oferecer ou abandonar o seu gato. Porém, basta apenas ter os cuidados de higiene já referidos para minimizar os riscos de contágio, sem precisar de se desfazer do seu animal de estimação.

A convivência das gestantes com gatos é segura, pois mesmo que o animal doente esteja no período de eliminação dos ovos do parasita, estes só se tornam infectantes depois de pelo menos 24 horas.

Os gatos possuem hábitos de higiene muito desenvolvidos, pois não ficam em contacto com suas próprias fezes, e estão em constante limpeza através dos lambidos, em que ocupam grande parte do dia.

Calcula-se que a população felina que esteja a eliminar os ovos do Toxoplasma é de apenas 1 por cento. Os gatos, após se terem infestado pela primeira vez, ficam resistentes à doença, e se ficarem novamente expostos à mesma, nunca mais eliminam ovos através das fezes. O tempo médio para um gato voltar a ter um novo contacto com a doença é de 6 anos.

Assim, a forma mais fácil de termos contacto com o parasita causador da Toxoplasmose é através da ingestão de água, frutas e legumes contaminados, alimentos mal cozidos, ou por falta de higiene pessoal.

O animal infectado com Toxoplasma, com excepção dos gatos, que raramente manifestam sintomas, apresenta: febre, gânglios aumentados, sinais diversos, como órgãos aumentados e sinais neurológicos, como transtorno visual. Quando diagnosticada a tempo, a doença pode ser tratada.

Temos sempre de considerar as principais causas da transmissão, as quais são muito mais frequentes e relevantes e não olhar sempre o gato como o grande culpado.

Do ponto de vista estatístico é raro que a doença seja transmitida ao homem através de um felino, sendo muito mais frequentemente transmitida por outros meios. Por este motive, e com a finalidade de reduzir a possibilidade do contágio, devemos observar as seguintes prácticas:

•    Não comer carnes cruas, mal passadas ou de origem duvidosa;
•    Limpar a caixa de areia do gato uma vez por dia e desinfectá-la uma vez por semana;
•    Lavar as mãos após o manuseamento de carne crua;
•    Lavar as mãos depois de limpar a caixa de areia do gato;
•    Lavar as mãos depois de ter manuseado terra ou usar luvas;
•    Não beber leite cru;
•    Lavar bem as frutas, verduras e legumes antes de comê-las;
•    Ter atenção com as crianças que brincam em parques com areia;
•    Manter o seu gato devidamente desparasitado e vacinado;
•    Alimentar o seu gato com uma ração adequada e nunca com carne crua.


 


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