AGOSTO 2010
COELHOS: PRINCIPAIS DOENçAS
Dr. Paulo Araújo – Médico Veterinário
vetfunchal@mail.telepac.pt

Nos últimos tempos, o número de pessoas que adopta como animal de estimação o coelho tem aumentado de uma forma significativa, contribuindo para uma crescente procura de cuidados médico-veterinários. Por via disso, tem alguma pertinência dar alguma informação e conselhos aos proprietários desses animais. Aqui ficam algumas informações sobre as doenças mais importantes que podem afectar o seu animal de estimação.

A Doença Hemorrágica Viral (DHV) é uma doença infecto-contagiosa causada por um Calicivírus. A DHV é altamente contagiosa, transmitindo-se quer por contacto directo, quer indirecto (através de objectos contaminados, roedores e insectos). Os objectos contaminados podem ser uma fonte de contágio se não forem lavados e desinfectados convenientemente, mesmo após a eliminação dos animais doentes. Os animais afectados morrem muitas vezes sem apresentar qualquer sinal clínico, outras vezes apresentam sintomas neurológicos (incoordenação, excitação) e hemorragias pelo nariz ou através de outros orifícios naturais. Os sintomas manifestam-se cerca de 48 horas após a infecção. A mortalidade pode variar entre os 50 e os 100 por cento. Os coelhos que sobrevivem à doença permanecem como portadores e podem continuar a excretar vírus durante aproximadamente um mês. A prevenção da doença faz-se através da vacinação e controlo de insectos e objectos contaminados. Os coelhinhos devem ser vacinados a partir dos dois meses de idade e revacinados anualmente.

A Mixomatose é uma doença infecto-contagiosa causada por um Poxvírus denominado Fibroma de Shope. O vírus transmite-se por contacto directo, mas principalmente através de vectores (como por exemplo, mosquitos ou pulgas). Os insectos que se alimentam de sangue podem manter o vírus activo durante meses e disseminar facilmente a doença. Após a picada pelo insecto contaminado, os sintomas podem aparecer entre cinco dias a uma semana. Os sinais típicos são edemas generalizados, principalmente na cabeça (olhos e orelhas), disseminando-se rapidamente por todo o corpo. A doença é na maioria das vezes fatal. A prevenção da doença faz-se através da vacinação e controlo de insectos. Os coelhinhos devem ser vacinados a partir de um mês de idade e revacinados semestralmente.

A patologia dentária em coelhos é outro problema muito frequente. As causas desta patologia podem ser muito variadas, mas estão intimamente relacionadas com o facto de os coelhos apresentarem dentes de crescimento contínuo. Além dos incisivos, que se podem observar facilmente, têm também pré-molares e molares que devido às características anatómicas da boca dos coelhos, não são fáceis de visualizar, tendo de se recorrer a uma ligeira tranquilização para o exame dos mesmos. Os incisivos são utilizados para cortar o alimento enquanto os molares e pré-molares servem para moer a comida e reduzi-la a pequenos fragmentos. O desgaste dos dentes faz-se quer através da mastigação, quer pelo contacto entre dentes. A etiologia dos problemas dentários é muito variada: podendo ser hereditária, congénita ou adquirida (por deficiências durante o crescimento, dieta inadequada ou por trauma). As alterações dentárias nem sempre são fáceis de diagnosticar. Por vezes, os sintomas são apenas ligeiras alterações do comportamento, como diminuição do apetite ou da ingestão de água.

Devido à sua natureza tímida e discreta, os coelhos não manifestam de uma forma evidente a dor ou mal-estar, por isso muitas vezes quando nos apercebemos das alterações, estas podem estar a decorrer já de uma forma crónica e podemos estar perante patologias graves (por exemplo, abcessos das raízes dentárias com envolvimento ósseo) que podem mesmo resultar em alterações irreversíveis. É necessário um exame oral completo regular, sendo por vezes imperioso recorrer a exames complementares de diagnóstico (por exemplo, radiografias).

Por fim, recomendo que todos os animais sejam esterilizados, com excepção daqueles que se destinam à reprodução. Os animais esterilizados têm uma melhor qualidade de vida e a sua esperança média de vida é também mais longa. A idade óptima para a castração situa-se entre os quatro e os seis meses de idade. Este procedimento cirúrgico tem elevada importância, especialmente no caso particular das fêmeas, já que evita o aparecimento de infecções uterinas e o Adenocarcinoma Uterino.


 


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