Dra. Liliana Gonçalves - Licenciada em Terapia da Fala reabilitesse@sapo.pt Uma das perturbações do desenvolvimento mais frequentes, pela qual é procurada a ajuda da Terapia da Fala, é o Atraso no Desenvolvimento da Linguagem (ADL), que se define por alterações nos diferentes níveis da linguagem, nomeadamente fonologia (capacidade que o indivíduo apresenta para reflectir acerca dos sons da sua língua e suas combinações), morfologia (formação e estrutura interna das palavras), sintaxe (organização das palavras em frases), semântica (significado das palavras) e a pragmática (adequação ao contexto de comunicação). Uma criança com ADL pode não evidenciar perda de capacidades, mas manifesta a permanência de padrões linguísticos correspondentes a idades cronológicas anteriores. Apresenta, assim, dificuldades em adquirir capacidades linguísticas adequadas à sua idade. As causas mais frequentes do ADL poderão ser estimulação pobre, factores hereditários, bilinguismo, distúrbios emocionais, perturbações cognitivas, perda de audição… O desenvolvimento da linguagem ocorre à medida que a criança é exposta a diferentes situações que façam com que desperte a sua vontade de conhecer. Por isso, a criança depende da sua própria capacidade, da estimulação ambiental e de outros factores externos. É importante ter em atenção alguns sinais que começam a evidenciar-se desde muito cedo: se aos seis meses de vida não produz nenhum som, se aos dois anos não fala ou diz poucas palavras, não forma frases simples (com duas palavras), não imita nem brinca ao faz de conta, não cumpre ordens simples; se tem três anos e não se expressa oralmente, apresenta dificuldade em produzir frases ou o seu discurso é incompreensível; se aos quatro não diz um ou alguns sons, ou troca alguns sons por outros. Se a criança manifestar algum destes sinais é importante procurar a ajuda de um Terapeuta da Fala, que numa fase precoce o poderá aconselhar e orientar sobre a melhor forma de interagir com a criança. No entanto, o papel dos pais nesta fase é primordial e o Terapeuta da Fala orientará para falar com a criança devagar, sempre de frente para ela e que por vezes façam de conta que não a percebem, dando-lhe assim oportunidade para reformular o seu discurso de maneira a que o seu interlocutor o entenda. É importante não dar a resposta pela criança sempre que após a pergunta ela demore a responder. Deve sim, esperar que a criança tome a iniciativa e elogiar sempre o seu esforço em comunicar. No entanto, se a criança acabar por não responder é igualmente importante que o adulto forneça sempre a resposta correcta Os pais não deverão infantilizar a fala, deverão sim repetir cada palavra correctamente sempre que a criança pronuncie mal, sem no entanto a obrigar a repetir. No caso da criança ter necessidade de frequentar a Terapia da Fala, a família continua a desempenhar um papel extremamente importante, uma vez que é ela que deverá dar continuidade ao trabalho do terapeuta no sentido de estimular e desenvolver a linguagem da criança. Na Região Autónoma da Madeira (RAM) existem vários Terapeutas da Fala distribuídos por Centros de Saúde, Centros de Apoio Psicopedagógicos nos diferentes concelhos, Hospital Dr. Nélio Mendonça e gabinetes privados, que se encontram sempre disponíveis para esclarecer qualquer dúvida.  |
0 Itens
