AGOSTO 2010
CIRURGIA MAXILO-FACIAL: UM SORRISO PODE MUDAR TUDO
A Clínica de São Lourenço é pioneira na área da cirurgia maxilo-facial na Região Autónoma da Madeira. O director clínico Dr. Miguel da Nóbrega, Estomatologista, fala em entrevista dos procedimentos disponíveis para cada caso e de como a cirurgia pode contribuir para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

A clínica de São Lourenço é a única na Madeira que pratica a cirurgia maxilo-facial. Quem são as pessoas que podem beneficiar desta cirurgia?
A cirurgia maxilo-facial tem por objectivo fazer a correcção das diferentes deformidades faciais, sendo que estas podem advir de traumatismos, ter origem congénita ou hereditária, e essas pessoas têm indicação para fazer a sua correcção maxilar, de maneira a que a sua face seja equilibrada, simétrica e harmoniosa. As principais deformidades com que nós nos deparamos são as chamadas “Classe Três”, quando as pessoas têm o queixo demasiado “saído”, e as deformidades de “Classe Dois”, sendo que nestes casos as pessoas têm um queixo muito pequeno e é o maxilar que fica muito saído. Tratamos não só o maxilar, como a mandíbula e, por vezes, fazemos apenas o queixo, a chamada mentoplastia.  Gostaria desde logo de esclarecer que nós não fazemos intervenções cirúrgicas que requerem anestesia geral nas nossas próprias instalações, porque implicam condições especiais, que estão perfeitamente regulamentadas. Essas cirurgias são feitas por nós, mas numa clínica com as condições de pessoal médico, de enfermagem e de equipamento devidamente apropriados. Na clínica, fazemos muitas intervenções do foro oro-maxilo-facial com anestesia local e loco-regional.

Quanto tempo é que leva todo o processo da correcção maxilo-facial?
Primeiro tem de ser feito um diagnóstico correcto e preciso, milimétrico, tanto a nível linear como angular, através de radiografias e de estudos suplementares. Depois, temos o diagnóstico estético, que passa pela observação e pelas fotos. Após este diagnóstico, é necessária a colocação de um aparelho ortodôntico, que serve para endireitar os dentes. Endireitamos os dentes para o maxilar superior e para o maxilar inferior em separado, como se não pertencessem à mesma pessoa. Depois, na altura da cirurgia, vamos colocar em equilíbrio a maxila e a mandíbula e automaticamente, os dentes encaixam. Se não fosse feito este tratamento ortodôntico antes, nós poderíamos colocar a mandíbula e a maxila em posições consideradas correctas, mas estas nunca encaixariam, porque nas situações de deformidade, os dentes tendem a compensar: por exemplo, numa pessoa que tem o queixo para a frente, os dentes de baixo tendem a inclinar para trás e os dentes de cima a inclinar para a frente, numa tentativa de corrigir o defeito. A fase da ortodontia é fundamental porque é no aparelho que nós nos seguramos para colocar os arames e os elásticos para realizar a própria cirurgia e fazer o encerramento dos maxilares na pós-cirurgia. A cirurgia em si, poderá durar de entre duas a quatro horas, ao fim das quais a pessoa tem, por norma, um internamento de 24 horas. Por fim, após a cirurgia, há sempre um período de ajuste dentário, para que fique tudo perfeito, sendo que estes ajustes finais normalmente decorrem de quatro a seis meses após a intervenção cirúrgica. No global, as pessoas poderão esperar entre dois anos a três anos para o desenrolar de todo o processo, dependendo da situação particular de cada paciente.

Qual o custo médio de um destes tratamentos?
O tratamento global deverá andar por volta dos 10 a 12 mil euros. Claro que este é um valor substancial, mas que é distribuído ao longo do tempo que dura o tratamento, o que, de alguma maneira, facilita. Todo o material que utilizamos é material de ponta, o que tem custos elevados. De resto, a realidade é que as estruturas públicas não têm capacidade financeira para disponibilizar estes tipos de materiais aos pacientes, uma vez que, além dos recursos limitados, naturalmente, têm outras prioridades na preservação da saúde dos cidadãos. Por esse motivo, aqui, tal como na maior parte do mundo, estas coisas acabam por não ser feitas de forma massiva a nível hospitalar.

Quais são os principais benefícios a retirar deste procedimento?
O aspecto estético é sempre importante: o comportamento psicológico altera-se completamente porque as pessoas sentem-se melhor com elas mesmas, aumenta a auto-confiança…. Em termos de saúde, representa muito mais que isso: uma pessoa que não mastigava correctamente, ou que tinha dificuldades respiratórias, ou dores nas articulações temporo-mandibulares e passa a conseguir controlar essas situações, ganha muito em termos de qualidade de vida. É preciso ter em conta que não estamos a falar apenas do momento presente, uma vez que há casos que, se não forem corrigidos, terão um agravamento no futuro, sendo cada vez mais difícil a sua correcção. Também tratamos uma área muito interessante, que é a apneia obstrutiva do sono, sendo este um problema de saúde de extrema gravidade. Esta doença está muito generalizada, podendo afectar cerca de 10 por cento da população.

Relativamente à apneia obstrutiva do sono, quais são os sinais de alarme a que as pessoas poderão estar atentas?
Os doentes com apneia do sono são frequentemente obesos, com um ressonar muito intenso e com pausas respiratórias a acompanhar um sono agitado. Têm hipersonolência durante o dia, adormecendo com facilidade mesmo a conduzir ou no local de trabalho. Podem referir cansaço, dificuldades de concentração, irritabilidade, perda de memória, impotência sexual e dores de cabeça matinais. Podem ter também hipertensão arterial.

Que consequências poderá ter?
Para além da diminuição da qualidade de vida provocada pelas queixas já referidas, existe um risco aumentado de acidentes de trabalho. Há também riscos durante a noite: cada vez que a respiração pára, o nível de oxigénio baixa, obrigando o coração a trabalhar mais intensamente, podendo levar a um aumento do risco de doenças cardiovasculares e mesmo de morte súbita durante o sono. O tratamento cirúrgico da apneia obstrutiva do sono é “fim de linha”, uma vez que há muita coisa a fazer antes de chegar a essa intervenção, mas esta é muitas vezes necessária. A solução intermédia mais utilizada são os aparelhos “Cpap”, que são aparelhos de pressão intermitente de ar, que “obrigam” o ar a entrar na pessoa.

Como é que a cirurgia pode ajudar no caso da apneia obstrutiva do sono?
A apneia obstrutiva do sono é provocada por vários motivos. A gordura, o tabaco, o álcool são factores que agravam imenso esta doença. Mas por vezes, a origem do problema encontra-se ao nível do complexo maxilo-facial que pode estar retraído. O tratamento cirúrgico consiste no avanço da mandíbula e da maxila para permitir um alargamento das vias respiratórias. Nós tivemos recentemente um caso em que o paciente tinha tido um traumatismo quando era criança, com perda de parte da mandíbula. Houve um desvio da mandíbula, que não cresceu e ficou encostada ao pescoço e só o facto de o indivíduo se deitar provocava o colapso da orofaringe, impedindo-o de respirar. O paciente passou 40 anos nessa situação, foi visto por vários médicos, foi operado por várias vezes, mas continuou sempre a ter necessidade de usar o “Cpap”, porque não havia outra maneira de dormir, e mesmo usando este aparelho, acordava várias vezes à noite, nunca se encontrava descansado, adormecia em qualquer lugar, mesmo no seu posto de trabalho… Entretanto, esta pessoa procurou-nos e nós detectámos o problema na mandíbula. De há uns anos a esta parte, existe uma prótese completa da articulação temporo-mandíbular. Esta articulação é toda em titânio, e com ela nós conseguimos “puxar” a mandíbula para o local correcto e pô-la simétrica, porque lhe faltava um pedaço. Em simultâneo a este procedimento, fizemos o que nós fazemos habitualmente com a cirurgia ortognática, nomeadamente o avanço da mandíbula, o avanço da maxila e o avanço do mento. Todo este procedimento em simultâneo é que não se encontra descrito na literatura científica mundial e foi feito por nós, aqui na Madeira, em Dezembro de 2009. Esta cirurgia teve como consequência imediata que o paciente passou a dormir sem ter de recorrer ao “Cpap”.

Para terminar, fale-nos um pouco do vosso site, que foi lançado recentemente?
O site era um sonho da clínica há muito, mas esse é um trabalho complementar e suplementar ao nosso dia-a-dia, que já é sobrecarregado, pelo que demorou algum tempo para concluir esse projecto. Há pouco tempo, proporcionaram-se as circunstâncias para avançarmos e decidimos criar o site, que está disponível em www.clinicasaolourenco.com, de maneira a darmos a conhecer o trabalho que fazemos na nossa clínica. O site procura não só informar, mas também formar as pessoas, explicando de uma forma simples e directa, todos os procedimentos que fazemos. De resto, podem ser encontradas lá as imagens dos procedimentos, em animação. Todas essas imagens são acompanhadas por fotografias reais, de casos tratados aqui na nossa clínica. Neste momento, estamos a tentar que o site tenha todos os meses novos casos clínicos que nós achemos que têm interesse, ajudando também a explicar às pessoas que estes tratamentos são possíveis, são viáveis e são eficazes, desde que feitos por profissionais altamente qualificados.




 


seara.com
 
2009 - Farm´cia Caniço
Verified by visa
Saphety
Paypal