JULHO 2010
HIDRATAçãO é SAúDE!
Dra. Liliane Costa – Nutricionista
lilianecosta@srs.pt

Um antigo provérbio diz que “o Homem não pode viver três semanas sem comer nem três dias sem beber”. Na verdade, e reconhecendo a sabedoria dos mais velhos, a água é essencial à vida! Num ser humano adulto, a água constitui mais de metade do peso corporal e numa criança esse valor pode ascender até aos 80 por cento. Na prática, um adulto jovem do género masculino com 75Kg contém cerca de 42 litros (60 por cento) de água no organismo.

As principais funções da água no nosso organismo são:

•    Meio de transporte de nutrimentos e outras substâncias;
•    Parte integrante da composição das células, sangue e todos os líquidos corporais;
•    Interfere nas reacções que ocorrem no organismo;
•    Permite a absorção de substâncias nutrientes;
•    Facilita a eliminação de substâncias prejudiciais;
•    Regula a temperatura corporal.

A regulação da temperatura corporal é uma das mais importantes funções da água. O nosso corpo perde água constantemente, através da pele (450ml), pulmões (250 a 350ml), fezes (200ml) e urina (1,0 a 1,4L). O suor e a produção de urina são as principais vias de eliminação de água do organismo, mas a totalidade das perdas pode atingir os 3000 ml ou mais, dependendo do exercício, clima, vestuário e outras condições ambientais. Seja qual for a quantidade de líquidos perdida, a mesma deve ser reposta através da ingestão de líquidos ou de alimentos ricos em água.

O equilíbrio entre a ingestão e a perda de líquidos é fundamental para a manutenção da saúde. Caso esta regulação não seja realizada, aumenta o risco de desidratação! A desidratação resulta da eliminação de água e sais minerais (sódio, potássio, cloro, cálcio e magnésio) do organismo quando o balanço hídrico é negativo, ou seja, quando a quantidade de líquidos reposta não compensa a quantidade perdida. As principais manifestações e sintomas deste quadro incluem: sede; dores de cabeça; dificuldade de concentração; alterações na memória; fadiga; intolerância ao calor; pele corada; boca e olhos secos; irritabilidade; cãibras; tonturas; náuseas/ vómitos; e visão turva.

As consequências de uma desidratação continuada podem afectar o funcionamento dos rins, constituindo mesmo um factor de risco de insuficiência renal crónica e de litíase renal (pedras nos rins). A desidratação actua ainda como factor de risco para a obstipação; aumenta a frequência de infecções urinárias; diminui a secreção salivar, importante para neutralizar os ácidos da placa bacteriana. As situações de desidratação severa podem conduzir ao coma e à morte.
 
A concentração da urina e o fenómeno da sede são dois mecanismos de controlo do estado de hidratação. Contudo, quando sentimos sede significa que já estão instaladas perdas de líquidos significativas, ou seja, já estamos desidratados. Assim, devemos beber água antes mesmo de sentir sede! Por sua vez, quantidades generosas de urina de cor clara e sem odor forte são indicadores bastante fiáveis de que a hidratação do organismo está a ser assegurada.

As recomendações para um correcto estado de hidratação sugerem a ingestão de líquidos necessária para cobrir as perdas, podendo variar, num indivíduo adulto, entre 1,5 a 2,5 litros por dia. As condições de temperatura ambiente elevada, humidade e altitude (viajar de avião) aumentam as necessidades hídricas. O aporte de líquidos deve também ser aumentado em situações de esforço físico e de situações fisiológicas especiais, como sendo sintomas de febre, diarreia ou vómito, gravidez e lactação. A alimentação, particularmente a quantidade de sal, determina uma maior ingestão de água.

Alguns grupos etários merecem particular atenção, uma vez que a sua capacidade de responder aos sinais de sede pode estar diminuída, como é o caso das crianças e dos idosos. Estes últimos têm um risco acrescido, pois com o envelhecimento vamos perdendo a sensibilidade de sentir sede.

Apesar da água ser a forma mais tradicional de ingerir líquidos, a verdade é que é possível alcançar este objectivo por outros meios, nomeadamente: outras bebidas (leite, sumos, néctares, chá, infusões); alimentos ricos em água (frutas, saladas); técnicas culinárias que utilizam a água da cozedura (sopas, caldeiradas, caldos). Para quem não gosta da água em estado natural, existem actualmente no mercado bebidas com sabor e refrigerantes que cumprem o objectivo de hidratar, mas contém substâncias adicionadas (açúcares, cafeína, dióxido de carbono) com efeitos secundários estimulantes e fornecedores de calorias. A água em estado natural não contém calorias, pelo que não aumenta a massa gorda e constitui, por isso, o meio mais eficaz de hidratar e manter o peso.

O café contribui também para a hidratação mas deve ser consumido com moderação, sob pena de ter o efeito contrário quando concentra grandes quantidades de cafeína no organismo. As bebidas alcoólicas são desaconselhadas, pois, pelo contrário, aumentam a desidratação. As bebidas desportivas devem ser reservadas apenas para os atletas de alta competição ou para aqueles que praticam exercício físico intenso, com perdas de grandes quantidades de suor. Trata-se habitualmente de uma mistura de água, sal e açúcares, importante para repor os minerais perdidos no suor, corrigir a hidratação e fornecer energia suficiente para a optimização da performance desportiva. Para todos aqueles que apenas pretendem ser menos sedentários, manter o peso ou perder aqueles quilinhos a mais, andando a pé entre 30 a 60 minutos por dia, a ingestão de água é suficiente e mais aconselhada!


 


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