JULHO 2010
MOTIVAçãO PARA EMAGRECER
Dr. Ricardo Oliveira – Nutricionista
nutricardo@gmail.com

A chegada do Verão põe à prova a nossa capacidade de alterar comportamentos. Com o objectivo de emagrecer, a vontade de comer ou deixar de comer poderá ser interpretada de diferentes maneiras. Uns passam a tomar o pequeno-almoço e outras refeições intercalares com o propósito de domesticar os mecanismos de fome e saciedade que ficaram alterados após os excessos alimentares continuados, outros deixam de tomar o pequeno-almoço e esquecem os obrigatórios hidratos de carbono e divorciam-se das boas regras de uma alimentação saudável com o objectivo de alcançar rapidamente o peso desejável.

No canto da revista popular, uma colorida caixa de texto avisa que a perda rápida de peso não significa emagrecer mas tão rapidamente informa como desinforma na contra página com o chá das “tantas” que miraculosamente queima gordura e vende-se só para alguns iluminados.

A obesidade é uma doença multifactorial de difícil tratamento, por isso desconfie logo se o anúncio promete um tratamento simples em que bastará cruzar os braços e tomar umas barras ou comprimidos. O facto de não ser sentido como uma doença e a forma descuidada como os familiares e amigos fazem comentários sobre o problema e o seu tratamento levam a que a obesidade seja sentida entre nós como um “mal menor” do dia-a-dia.

Os resultados imediatos sem esforço físico são tentadores para o comum dos obesos crónicos, que está cansado de saber que o exercício físico é fundamental na perda de gordura corporal. Com trabalho físico, desequilibram-se as reservas de tecido adiposo e melhora-se o funcionamento do organismo. Dormir, regular o apetite, ganhar defesas, aumentar o metabolismo basal, relaxar e treinar o coração são apenas alguns dos benefícios da prática de exercício físico moderado.  

No entanto, o trabalho muscular exige a presença de hidratos de carbono a nível da célula muscular. Ou seja, apenas se queima gordura na chama do “açúcar”, o que significa obrigatoriamente que se tenham reservas atempadas de pão, massa, fruta, etc. nas refeições anteriores. A quantidade a ingerir é determinante: nem oito nem oitenta e oito, já diz o ditado popular que a moderação é regra e pouco lhe serve extremar comportamentos. Se pouco ou nenhum hidrato de carbono deixa a célula muscular à fome e muito de uma vez sobra energia para a reserva adiposa, o melhor é seguir o conselho da mãe natureza e escolher alimentos fornecedores de hidratos de carbono na sua forma original, integral, com fibra para dar maçada aos molares. Os cereais integrais, as leguminosas e frutas em pequenas porções intervalados de três ou mais horas são importantes na manutenção do combustível muscular. Desta forma, estará preparado para demorar uma hora ou mais em passada apressada sem perder o fôlego e queimar gordura corporal.

Contudo, a mudança de hábitos alimentares depende de um processo educativo que abraça amigos e familiares e avança lentamente com a emoção que se gera na repetição do comportamento e o ganho de auto-disciplina que ao fim de algum tempo, distante dos obstáculos iniciais à mudança, acena com a auto-estima. Tem que ser um processo dinâmico e rico de emoções, capaz de substituir um comportamento por outro, caso contrário volta para trás.

Estabeleça objectivos que orientem a mudança pretendida. Assim, perante um “safanão” de uma guloseima, é capaz de voltar ao trajecto programado de acordo com os objectivos previamente delineados.

O tratamento passa pela mudança do estilo de vida, alterando comportamentos, atitudes, hábitos alimentares e práticas de actividade física, ou seja, exige que aos poucos se pense em pequenos objectivos para conquistar e formular estratégias para ultrapassar os obstáculos. O tratamento da obesidade obriga uma disciplina que não deve ser sentida como restritiva, mas capaz de limitar com a flexibilidade necessária os excessos que deverão acompanhar o tratamento.

Sem a mudança do estilo de vida e com o recurso a dietas muito restritivas que são frequentemente publicitadas como milagrosas o ganho de peso é certo. Na maioria destes casos, não houve qualquer processo educativo sobre aprender a comer e procurou-se apenas explorar a vontade do indivíduo em perder peso fazendo-o gastar enormes quantias em dinheiro, através da suplementação de nutrimentos. É um negócio que deveria ser cuidadosamente avaliado e com a vigilância adequada, pois para a população em geral, a informação nesta matéria continua a ser contraditória.

Este problema é sério mas, infelizmente, as entidades competentes nesta matéria, que deveriam regulamentar e alertar para estes factos, poucas vezes o fazem ou tomam medidas de correcção.


 


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