JUNHO 2010
INTOXICAçõES EM ANIMAIS DE COMPANHIA
Dr. Paulo Araújo – Médico Veterinário
vetfunchal@mail.telepac.pt

As intoxicações nos animais de companhia são situações de grande gravidade e urgência, em que todos os minutos são importantes e não nos podemos dar ao luxo de os desperdiçar, pois podem fazer a diferença entre a vida e a morte. Infelizmente, esta situação de intoxicação continua, nos dias de hoje, a ser frequente, pois vivemos num ambiente carregado de agentes tóxicos. A maioria das intoxicações tem um carácter acidental e sucede ao redor do ambiente em que os animais vivem.

O mais importante que o proprietário pode fazer nos primeiros momentos após a exposição ao tóxico é tentar que a sua absorção não se continue a efectuar. Dividiremos este tema em função da exposição ao tóxico em: ocular; cutânea e oral.

Quando a exposição do tóxico se faz por via ocular, deverá efectuar-se uma irrigação ocular rápida e a fundo com água corrente ou soro fisiológico durante 20 a 30 minutos. Assim que esta lavagem estiver concluída, deverá encaminhar-se para uma clínica a fim de ser efectuado um exame ocular completo pelo veterinário assistente.

Quando a exposição se efectua por via cutânea, o animal deve ser lavado com água abundante, utilizando um sabão suave para facilitar a remoção do tóxico. A temperatura da água a utilizar para este banho deverá ter em conta a temperatura do animal no momento. É de grande importância que a pessoa que está a dar o banho se proteja com luvas, de forma a evitar a sua própria contaminação.

Quando a exposição é oral, o proprietário pode ter uma de duas atitudes: se o produto for de natureza cáustica, deverá proceder à sua diluição com leite ou água, combinados com protectores gastro-intestinais (por exemplo, sucralfato); para outros tipos de tóxicos e sempre que os animais não estejam hipóxicos, ou seja, com dificuldades respiratórias, comatosos, extremamente débeis ou com os reflexos faríngeos anormais, deverá tentar induzir o vómito, pois dessa forma poderá conseguir evacuar entre 40% a 60% do tóxico (conseguindo-se em certos casos evacuar até 80%).  

O vómito deverá ser induzido o mais rapidamente possível e nunca após as 2h00 depois da ingestão do tóxico. A forma mais fácil e eficaz de induzir o vómito é com peróxido de hidrogénio a 3% (água oxigenada a 10 volumes). A dose recomendada é 1-2 ml / kg (a dose máxima é 50 ml para os canídeos e 10 ml para os felídeos).

É claro que todos estes procedimentos não excluem de forma alguma o transporte, o mais rapidamente possível, para uma clínica veterinária, para assim ser avaliado por um veterinário. Sempre que tal seja possível, leve consigo o nome do tóxico ingerido.

Quando for passear com o seu animal para as serras da Madeira, leve sempre um estojo de primeiros socorros onde deve incluir a água oxigenada, pois este simples gesto pode ser a diferença entre a vida e a morte do seu animal. Por vezes, a distância e tempo que necessita para chegar à clínica mais próxima pode ser demasiado para evitar a morte do seu animal, se não lhe provocar o vómito no tempo que medeia até ter o apoio do seu médico veterinário.

Dada a frequência do seu aparecimento na clínica, gostaria de salientar as intoxicações com Paracetamol (Ben-U-Ron) nos felídeos. A dose de Paracetamol para uma criança é extremamente tóxica para um felídeo, podendo inclusive levá-lo à morte, por isso nunca administre Paracetamol ao seu gatinho.

Mais vale prevenir do que remediar: ponha sempre os seus produtos tóxicos fora do alcance dos seus animais e se possível dentro de um armário fechado à chave.


 


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