JUNHO 2010
DORES NAS COSTAS
Dra. Ana Ramos – Farmacêutica*
ana.ramos@farmaciadocanico.pt

A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável. A dor provoca sofrimento, no entanto constitui um sinal de alarme que desencadeia mecanismos de defesa fundamentais à nossa sobrevivência. Cumprida esta função vital de sinal de alarme, a dor não representa outra vantagem fisiológica para o organismo.

Pelo contrário, causa sofrimento, diminuição da qualidade de vida, para além de provocar alterações nos sistemas imunitário, endócrino e nervoso que podem conduzir à perpetuação do fenómeno doloroso. Dentro dos sinais vitais clássicos como a frequência cardíaca, a frequência respiratória, a pressão arterial e a temperatura corporal, a dor tem um papel fundamental, sendo designada como o 5º sinal vital.

As causas mais comuns de dor são acidentes, artrose e artrite, problemas nas costas e pescoço, cefaleias, entre outras, sendo os locais mais habituais as costas, cabeça e pescoço, articulações, estômago, músculos e nervos.

Compreender a dor é importante para se destinguir a “Dor-sintoma” da “Dor-doença”. A sua classificação contribui para uma maior eficácia no tratamento. A dor aguda tem um início recente com duração limitada. Normalmente, há uma definição temporal e/ou causal para a dor aguda. Este tipo de dor tem uma função de advertência e protecção.

A dor crónica é uma dor prolongada no tempo, com mais de 3-6 meses de duração, que resulta de uma lesão ou disfunção do organismo que não é possível diagnosticar ou curar, tornando-se a dor o principal problema clínico. A dor crónica, neste contexto, deixa de ser um sintoma para ser uma doença por si só, tal como foi reconhecido numa declaração emitida no Parlamento Europeu em 2001 pela European Federation of IASP Chapters (EFIC).

A dor é sempre subjectiva porque se reflecte numa combinação de factores que são inerentes a cada um de nós. Esses factores são culturais, psicológicos, sociais, comportamentais e biológicos. A relação da percepção da dor com o estímulo é variável, depende das expectativas e crenças prévias, do estado cognitivo e emocional e não apenas do estímulo propriamente dito. Certas perturbações psicológicas (como a ansiedade ou a depressão) podem também provocar dor, que se conhece como dor psicogénica. Os factores psicológicos podem influenciar a dor proveniente de uma ferida, fazendo com que se sinta com maior ou menor intensidade.

As raquialgias são dores na coluna vertebral, também designada de raquis. São as queixas reumáticas mais frequentes e um dos principais motivos de incapacidade antes dos 45 anos de idade.

As manifestações dolorosas na coluna são mais comuns nos segmentos móveis da coluna, ou seja, na cervical e na lombar, sendo estas dores chamadas dor de cervicalgia e lombalgia, respectivamente. A cervicalgia deve-se, na maioria dos casos, à deterioração degenerativa ou à alteração funcional das estruturas musculoligamentares. A lombalgia, que é um grave problema de saúde pública, está na maior parte das vezes relacionada com alterações mecânicas na coluna vertebral. Estima-se que entre 60 a 80 por cento da população será afectada por uma crise de lombalgia no decorrer da vida.

Quando a causa da dor não é conhecida, estas dores são chamadas de dores raquialgias comuns. Estas dores comuns da coluna, podem ser localizadas ou generalizadas, não são graves sob o ponto de vista orgânico pois não estão associadas a lesões das estruturas (vertebras, ligamentos, nervos ou músculos). A dor comum tem características mecânicas, ou seja, reduz-se com o repouso e aumenta com o movimento/esforço, ou mesmo quando existe rigidez após o repouso de curta duração.

O exercício físico ligeiro a moderado, agentes físicos (por exemplo os que originam calor) massagens,  re-educação postural e alguns fármacos (tais como analgésicos, anti-inflamatórios não esteróides, relaxantes musculares) são as abordagens terapêuticas mais utilizadas. No entanto, a recondução profissional pode ser útil.

Não existe uma estratégia terapêutica eficaz para todas as formas de raquialgia. Nos casos de dor comum não existe indicação para fazer um exame complementar de diagnóstico, porque não existe causa orgânica detectável.

Na maior parte dos casos as dores resolvem-se de forma espontânea sem necessidade de exames ou tratamentos. A adopção de um estilo de vida activo, a utilização de técnicas de relaxamento, a marcha, a natação, a hidromassagem, as massagens, a perda de peso, pois o excesso de gordura abdominal contribui para o aumento da pressão sobre a coluna vertebral, são de grande ajuda para resulocionar este problema. Os fumadores são mais vuneráveis à dor nas costas, já que a nicotina restringe o fluxo dos nutrientes para os discos intervetebrais.

Se sente dores na coluna, verifique se dorme sobre um colchão mole, uma vez que os colchões demasiados moles podem contribuir para as dores. Opte por cadeiras com costas directas ou de apoio lombar. Observe quais as posturas que adopta diariamente: a repetição de posturas incorrectas contribui para dores na coluna. Sempre que levantar objectos do chão, flexione os joelhos. Evite sapatos de salto alto, pois estes aumentam a tensão lombar.

As calças demasiado apertadas muitas vezes interferem com a flexão, o sentar ou o caminhar, contribuindo para adopção de posturas incorrectas. Reduza o peso da sua carteira e lembre-se que controlar o seu próprio peso também ajuda a preservar a coluna vertebral. Não se sente muito longe dos pedais do carro e tire a carteira do bolso de trás das calças ao conduzir. Use o cinto de segurança e um descanso rígido para as costas.

Ao adoptar estes conselhos vai contribuir para diminuir a dor e preservar a coluna vertebral.


* Colaboradora da Farmácia do Caniço desde 2009

 


seara.com
 
2009 - Farm´cia Caniço
Verified by visa
Saphety
Paypal