NOVEMBRO 2009
HOME INSTEAD: MAIS AUTONOMIA E QUALIDADE DE VIDA PARA OS IDOSOS

A Home Instead é uma empresa privada que desde há quatro anos fornece serviços de acompanhamento não clínico de pessoas idosas na Região Autónoma da Madeira. Em entrevista à Newsletter da Farmácia do Caniço, a Dra. Rosabel Gonçalves, responsável pelo projecto, explica como um acompanhamento feito com sensibilidade e rigor pode melhorar significativamente a qualidade de vida dos idosos e das suas famílias.

Como surgiu este projecto?
Lançámos o projecto em 2005. A empresa apresentou-se ao mercado só após um processo de formação das pessoas envolvidas no projecto e a implementação de um processo de recrutamento prévio de colaboradoras. Hoje em dia, temos uma rede de contactos de colaboradoras com cerca de 300 pessoas inscritas. Esta base de dados recebe inscrições todo o ano e está constantemente a ser actualizada. A ideia essencial é que essa base de dados seja muito diversificada, de maneira a termos uma maior probabilidade de encontrar uma colaboradora com o perfil adequado para o perfil e as necessidades dos clientes que nos contactarem.

Que tipo de formação recebem as cuidadoras?
A formação é personalizada, sendo adaptada às necessidades dos clientes. Apesar do elevado número de pessoas inscritas, temos em média cerca de 20 pessoas operacionais e vamos prestando formação à medida das necessidades. Há um processo que envolve muito trabalho de cada vez que se começa um serviço, uma vez que alguns clientes têm necessidades muito específicas. O principal trabalho que fazemos é inicialmente de sensibilização e depois prestamos também uma formação mais técnica, que tem a ver com técnicas de mobilização de pessoas acamadas, técnicas de apoio na deslocação, e até mesmo a mobilização dos equipamentos técnicos de apoio, como as cadeiras de rodas – tudo isto exige um determinado nível de formação. Temos também três manuais: o primeiro é essencialmente um manual de sensibilização para a tarefa que as cuidadoras vão levar a cabo e que contém algumas informações importantes sobre sinais de alerta prévios de um acidente vascular cerebral (AVC) ou de um ataque cardíaco, por exemplo. Também inclui sugestões de receitas culinárias simples, porque pode ser solicitado no âmbito do serviço. Depois, temos um segundo manual, que foca a questão da segurança. E por último, no terceiro manual, as colaboradoras aumentam os seus conhecimentos sobre diversos temas. Recebem novas informações sobre comunicação, actividades diárias, a preocupação com as pessoas idosas e alegria de dar carinho, aprendendo com histórias reais de outras colaboradoras da Home Instead.

Em que consiste a vossa oferta?
O nosso maior interesse reside no serviço de acompanhamento: verificamos que ao realizarmos um maior acompanhamento junto das pessoas idosas, estamos a trabalhar ao nível da prevenção. Isto porque se evitam situações de depressão e se estimulam as pessoas para continuarem a realizar as coisas de que gostam, sem estarem dependentes da disponibilidade das famílias. Um dos grandes problemas hoje em dia é que o tempo é um recurso muito escasso e muitas vezes as situações de saúde precária são o reflexo da falta de acompanhamento. Se as pessoas sabem de antemão que alguém as irá visitar todos os dias ou duas vezes por semana, por exemplo, já criam objectivos durante a semana. Isto cria alguma dinâmica e faz com que as pessoas não estejam dependentes da família e desfrutem de uma melhor qualidade de vida.

Como funciona todo o processo?
O processo de entrar em casa da pessoa idosa é feito por etapas: numa primeira etapa, fazemos uma visita de levantamento de necessidades e de avaliação do espaço físico: vamos avaliar se questões de segurança estão acauteladas – se as escadas têm corrimão, se não há tapetes que estão a atrapalhar a passagem, se a casa de banho se adequa às condições actuais e necessidades do idoso. Desde esse primeiro contacto, podem ser já comunicadas várias recomendações e sugestões de melhorias em termos de segurança. Se existirem perigos para o idoso ou para a cuidadora, estes terão de ser corrigidos antes de começarmos a prestar o serviço. Depois de fazer esse levantamento, apresentamos os nossos orçamentos. Entretanto, já estivemos com o idoso pessoalmente e já estamos aptos a seleccionar a pessoa mais indicada para o seu perfil. Assim, é fundamental fazer uma visita presencial. Por vezes, é preciso fazer esta visita discretamente: quando as pessoas estão resistentes é preciso apresentar suavemente a ideia e é preciso dar tempo até a pessoa estar preparada para aceitar esta assistência. No entanto, uma vez que o levantamento é cuidadosamente feito, já sabemos pontos de interesse da vida da pessoa e quando preparamos a cuidadora, ela já está alertada para a realidade daquela família e para as suas particularidades, incluindo valores e costumes.

De maneira geral, os vossos serviços são requisitados pelos familiares e não pela pessoa idosa?
Quase sempre é a família que entra em contacto connosco. Não é comum haver um idoso que tome a iniciativa de pedir apoio. Primeiro porque não gostam de se sentir dependentes e também porque o conceito, sendo novo, não é do conhecimento de muitos idosos. Depois, há também a questão do preço do serviço, porque nem sempre é fácil ter a disponibilidade financeira necessária. Agora, eu penso que este serviço poderia ser acessível a vários tipos de bolsos se as pessoas quisessem que a cuidadora fosse visitar o seu familiar apenas três horas durante dois a três dias por semana. Infelizmente, na maior parte dos casos de pessoas na faixa etária da terceira idade, predominam ainda alguns problemas económicos, os quais poderão ser compensados pela repartição dos encargos pelos familiares, mantendo o idoso no conforto do seu lar.

As famílias têm cada vez menos disponibilidade para cuidar dos idosos?
Hoje em dia, essa é uma missão quase impossível devido à falta de tempo imposta pelo ritmo da vida moderna. E isto já começa a ser uma questão cultural: nota-se também que as famílias já não estão preparadas para o fazer. As pessoas estão rodeadas todos os dias pelos colegas de trabalho e o perfil psicológico do idoso é diferente. Há filhos que simplesmente não sabem o que fazer com os pais - gostam deles, respeitam-nos, querem o melhor para eles, mas os interesses são distintos e as vivências também. O que as pessoas pretendem, sobretudo, é que os pais se sintam bem, que tenham companhia.

Fornecem este serviço em toda a Região?
Havendo clientes interessados, nós procuramos encontrar as colaboradoras adequadas na nossa base de dados, e caso se justifique, recrutar novas colaboradoras. O factor “viver perto” não é determinante e, por vezes, até é preferível que sejam pessoas que não se conhecem, porque os clientes ficam mais à vontade e sentem a sua privacidade mais respeitada. Os nossos clientes são pessoas exigentes e sensíveis, que apreciam determinado tipo de valores, pelo que as cuidadoras têm de ser pessoas com sensibilidade a isso. Para dar um exemplo, existem pessoas que ao longo da sua vida apostaram muito no desenvolvimento pessoal, pelo que pretendem, numa situação de convívio, conversar acerca de determinados assuntos. Por outro lado, existem pessoas que não têm essa sensibilidade – muitas vezes por falta de oportunidade em termos de educação – pelo que dificilmente valorizam os mesmos aspectos.

Acredita que no futuro a procura deste tipo de serviços vai crescer, tendo em conta o envelhecimento da população?
Ainda existe pouca procura, mas penso que com mais alguns anos de actividade e também com alguma divulgação do serviço, esta irá aumentar. Nestes primeiros anos, o nosso objectivo era, sobretudo, crescer de forma sustentada, garantindo um bom serviço. Uma coisa é certa: os filhos cada vez têm menos tempo para poder acompanhar os pais. Portanto, acreditamos que a tendência futura será garantir que eles estão rodeados de pessoas que os respeitem e que sejam profissionais. Se recorrerem ao nosso serviço, os idosos têm confiança de que serão bem tratados, porque as pessoas são seleccionadas com muito cuidado.

Qual é o vosso maior contributo para melhorar a qualidade de vida dos clientes?
O facto de poderem fazer as coisas que querem e de que gostam, sem terem de depender da disponibilidade de tempo dos filhos, que nem sempre existe. A autonomia que fornecemos aos idosos que beneficiam do serviço faz com que se tornem mais alegres e por causa disso há menos problemas familiares. Os filhos das pessoas idosas, por outro lado, ficam descansados quando vêm que trabalhamos com responsabilidade.

www.homeinstead.pt


 


 


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