Dra. Sofia Silva* A tosse é um mecanismo de defesa das vias respiratórias que tem como função expulsar matéria estranha ou irritativa. Para estabelecer qual o melhor tratamento, é importante tentar chegar à causa que está por detrás da tosse. Quanto à duração podemos classificar este fenómeno em: - Tosse Aguda, se dura há menos de 3 semanas, podendo dever-se a infecções respiratórias virais ou bacterianas, presença de corpos estranhos nas vias respiratórias, alergias ou inalações de tóxicos. - Tosse Crónica, se dura há mais de 3 semanas – podendo dever-se a complicações pulmonares de doenças naso-sinusais, refluxo gastroesofágico, doença pulmonar obstrutiva crónica, neoplasias, fibrose pulmonar e à toma de alguns medicamentos (por exemplo.: captopril, enalapril). Quanto à produção de expectoração, podemos ter dois tipos de tosse: - Tosse seca, irritativa, incontrolável, hiperactiva e sem expectoração. - Tosse produtiva, acompanhada de expectoração. Uma anamnese cuidada, procurando obter o máximo de dados relevantes acerca da história de vida do doente, pode determinar a escolha acertada do tratamento a seguir. Será importante saber, por exemplo, a duração e predominância da sintomatologia, cheiro e cor da expectoração se presente, se há febre associada, dores no tórax, dispneia, etc. As medidas não farmacológicas que podemos adoptar vão depender da causa da tosse: A hidratação poderá ser feita através de três meios igualmente importantes: ingestão de água (aproximadamente 1,5 L/dia); hidratação do ar ambiental (evitar a utilização abusiva do aquecedor e do ar condicionado, principalmente em ambientes fechados pois estes secam muito o ar; uma dica será colocar um recipiente com água ao lado do calorífero para permitir uma saturação de humidade no ar aceitável); inalação de vapores (aerossolterapia). Tratamento Saber se estamos perante uma tosse seca ou produtiva é fundamental para a escolha entre um medicamento antitússico ou expectorante. - Os Antitússicos reduzem ou inibem a tosse. Apenas se utilizam em caso de: tosse não produtiva, de curta evolução e em doentes sem patologia crónica de base; tosse não produtiva, que interfira com o sono; tosse que provoque e agrave irritação brônquica, conduzindo a crises sucessivas; tosse que represente risco para o doente. Como exemplos temos: medicamentos que contêm codeína (medicamentos sujeitos a receita médica), medicamentos que contêm dextrometorfano (medicamentos não sujeitos a receita médica e com melhor perfil de segurança que os que contêm codeína, no entanto, dado o seu mecanismo de acção, estão contra-indicados em doentes a tomar simultaneamente antidepressivos inibidores da monoaminoxidase como é o caso de meclobemide, selegilina e tranilcipromina), medicamentos que contêm difenidramina (associada também a uma acção anti-histaminica, o que é vantajoso quando a causa da tosse é alergia, mas encontra-se contra-indicado em casos de doentes com glaucoma, hiperplasia benigna prostática e hipertiroidismo). - Os Expectorantes estimulam os mecanismos de eliminação da expectoração. - Os Emolientes formam uma película protectora sobre o revestimento irritado. São úteis para a tosse causada por uma irritação da laringe. Seja qual for a escolha do medicamento, nos doentes diabéticos há uma preocupação acrescida a ter em conta: no caso de um xarope, este não deve conter açúcar simples como glicose, galactose, fructose, manose, arabinose, sacarose, maltose e lactose. Já edulcorantes como acessulfame K, aspartame, ciclamato e sacarina são permitidos. Numa situação passível de ser resolvida por indicação do seu farmacêutico através de um medicamento não sujeito a receita médica, deve ter-se em conta que caso os sintomas persistam mais de cinco dias após a toma do medicamento indicado, deve consultar o seu médico. * Farmacêutica e colaboradora da Farmácia do Caniço desde 2009 Bibliografia: http://www.infarmed.pt/infomed/pesquisa.php |