JUNHO 2024
AGONISTAS COMO ESTRATéGIA
Dra. Helena Oliveira
Farmacêutica Substituta da Farmácia do Caniço
helena.oliveira@farmacianadocanico.pt
Agonista como estratégia

“Para além do controlo da glicemia e do peso, estes injetáveis podem também ter um efeito positivo nos lípidos plasmáticos, diminuir a pressão arterial, diminuir a probabilidade de eventos cardiovasculares maior e reduzir a gravidade da apneia obstrutiva do sono”.

Os agonistas dos recetores GLP1 e GIP, desenvolvidos para o tratamento da diabetes mellitus tipo 2 (DMT2), ganharam, recentemente notoriedade no controlo de peso. Em Portugal, de momento, estão apenas comercializados análogos GLP1. Destes, apenas um tem indicação no controle de peso – liraglutido. Os agonistas dos recetores GLP1 (péptido 1 semelhante ao glucagon) reduzem a glicemia de uma forma dependente da glicose, estimulando a secreção da insulina e reduzindo a secreção de glucagon, quando a glicemia está elevada. O mecanismo de redução da glicemia também envolve um ligeiro atraso do esvaziamento gástrico na fase pós-prandial inicial. Para além do controlo da glicemia e do peso, estes injetáveis podem também ter um efeito positivo nos lípidos plasmáticos, diminuir a pressão arterial, diminuir a probabilidade de eventos cardiovasculares major e reduzir a gravidade da apneia obstrutiva do sono. Os principais efeitos secundários verificam-se a nível gastrointestinal (náuseas, diarreia e vómitos). Um efeito secundário frequente é também a alteração da fisionomia do rosto (ozempic face), que pode ocorrer em qualquer perda de peso muito repentina. Podem também ocorrer alguns efeitos adversos menos frequentes, mas mais graves, como pancreatite. Foram também descritos pensamentos suicidas (comum a outros medicamentos para o controle de peso) e gravidezes não planeadas (possível diminuição da absorção dos contracetivos orais, devido aos efeitos gastrointestinais). Esta última situação requer atenção devido à potencial toxicidade reprodutiva destes fármacos. Apesar de não serem a primeira linha de tratamento, estes medicamentos podem ser um bom aliado no controlo da DMT2 e da obesidade, mas sempre associados a uma mudança de estilo de vida. Por isso, se sofre de diabetes e/ou obesidade, quer o seu tratamento passe ou não por esta classe de medicamentos, é importante que seja acompanhado pelo médico, enfermeiro, nutricionista, farmacêutico, profissional do exercício e psicólogo

 


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