Dr. Ricardo Vieira Médico e Professor Associado de Dermatologia com Agregação. Associate Professor of Dermatology. A Associação Portuguesa
de Cancro Cutâneo (APCC)
é uma sociedade científica
que conta com algumas
centenas de associados,
maioritariamente
dermatologistas, cujo escopo
de ação está centrado
na prevenção primária e
secundária do cancro de
pele. Em todas as suas ações,
a APCC articula-se com
a Sociedade Portuguesa
de Dermatologia e
Venereologia (SPDV) e com o
Euromelanoma (organização
dedicada à prevenção do
cancro cutâneo a nível
europeu). COMO É QUE A ASSOCIAÇÃO
PORTUGUESA DE CANCRO CUTÂNEO CELEBROU ESTA DATA? Desde há mais de duas décadas
que a APCC é a entidade responsável pela realização em Portugal
da campanha anual do Euromelanoma. Esta campanha realiza-se
mo mês de maio, classificado pelo Euromelanoma como o mês do
melanoma e do cancro de pele em
geral. As mensagens da campanha
e os grafismos e materiais utlizados resultam anualmente de uma
convergência entre os diferentes
países aderentes do Euromelanoma, de modo a que haja homogeneidade à escala europeia. Neste
contexto, a APCC define o dia do
Euromelanoma em Portugal, este
ano celebrado a 8 de maio, adapta
os materiais promocionais à língua
portuguesa, promove a divulgação
de mensagens que visam a prevenção primaria e secundária (usando
cartazes, folhetos, livros infantis,
muppies), promove a difusão de
mensagens preventivas e de consciencialização através dos média e
organiza rastreios gratuitos. REALIZARAM RASTREIOS DE
DESPISTE DO CANCRO CUTÂNEO? Sim, estes rastreios decorreram
em 33 serviços de dermatologia,
públicos e privados, que aderiram
à campanha, disponibilizando o seu
corpo clínico para a realização de
exames médicos gratuitos. É uma
ação de voluntariado dos dermatologistas destes serviços, que a APCC
valoriza e que é muito relevante
para o sucesso da campanha. QUAL É A IMPORTÂNCIA DESTES
RASTREIOS? A importância destes rastreios
reside principalmente na consciencialização para o problema do cancro de pele, permitindo colocar um
maior foco na doença, chamando
a atenção para os fatores de risco,
particularmente para a exposição excessiva aos raios ultravioleta, e para
os sinais de alarme que devem levar
a suspeitar de cancro da pele (sinais
assimétricos, com bordo irregular,
com várias cores, com diâmetro superior a 6 mm e com alteração ao
longo do tempo, bem como nódulos
de crescimento progressivo ou feridas que não cicatrizam. A POPULAÇÃO PARTICIPOU NOS
RASTREIOS? Houve uma participação importante nos rastreios, com mais de
1700 consultas gratuitas realizadas
durante o dia 8 de maio, nos diferentes centros participantes. É HABITUAL SEREM DETETADOS CANCROS DA PELE NOS RASTREIOS? Apesar da maioria dos doentes
observados não apresentarem lesões cutâneas relacionadas com
cancro, alguns casos de cancro são
diagnosticados todos os anos, principalmente carcinomas basocelares, que é o tipo de cancro de pele
mais comum, mas também alguns
casos de melanoma, que é o tipo
de cancro de pele mais perigoso.
Acrescente-se, ainda, que também
são habitualmente detetados com
frequência casos de lesões pré-malignas da pele, como é o caso das
queratoses actínicas. QUAL É A TAXA DE INCIDÊNCIA
DE CANCRO DA PELE NA POPULAÇÃO PORTUGUESA? Devo referir que o cancro de pele
não é apenas uma doença, ou seja,
existem vários tipos de cancro de
pele. Os três principais tipos são,
respetivamente, o carcinoma basocelular, o carcinoma espinhocelular
e o melanoma. Os dois primeiros
são os mais frequentes, contribuindo
para perto de 90% dos casos, com os
restantes 10% a corresponderem a
melanomas. Porém, o melanoma é
o tipo mais grave de cancro da pele,
causando mais de 75% das mortes
por estas doenças. Por ano, no nosso país, o número de novos casos
de carcinomas ronda os 12.000, enquanto o de melanomas supera os
1000 casos. Note-se que estes dados
têm sofrido um aumento exponencial ao longos das últimas décadas. TEMOS MAIS CANCRO DA PELE
DO QUE UM PAÍS NO NORTE DA
EUROPA? Países como a Noruega ou a Suécia têm uma incidência de cancro
de pele superior à de Portugal. Para
isso contribuem diversos fatores,
como características individuais (pele clara, cabelos louros ou ruivos,
olhos verdes ou azuis, sardas e hábitos de exposição solar, em particular em países do Sul da Europa. |