MAIO 2024
O EUROMELANOMA EM PORTUGAL
Dr. Ricardo Vieira
Médico e Professor Associado de Dermatologia com Agregação. Associate Professor of Dermatology.
O euromelanoma em Portugal 

A Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) é uma sociedade científica que conta com algumas centenas de associados, maioritariamente dermatologistas, cujo escopo de ação está centrado na prevenção primária e secundária do cancro de pele. Em todas as suas ações, a APCC articula-se com a Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV) e com o Euromelanoma (organização dedicada à prevenção do cancro cutâneo a nível europeu).

COMO É QUE A ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE CANCRO CUTÂNEO CELEBROU ESTA DATA? 
Desde há mais de duas décadas que a APCC é a entidade responsável pela realização em Portugal da campanha anual do Euromelanoma. Esta campanha realiza-se mo mês de maio, classificado pelo Euromelanoma como o mês do melanoma e do cancro de pele em geral. As mensagens da campanha e os grafismos e materiais utlizados resultam anualmente de uma convergência entre os diferentes países aderentes do Euromelanoma, de modo a que haja homogeneidade à escala europeia. Neste contexto, a APCC define o dia do Euromelanoma em Portugal, este ano celebrado a 8 de maio, adapta os materiais promocionais à língua portuguesa, promove a divulgação de mensagens que visam a prevenção primaria e secundária (usando cartazes, folhetos, livros infantis, muppies), promove a difusão de mensagens preventivas e de consciencialização através dos média e organiza rastreios gratuitos. 

REALIZARAM RASTREIOS DE DESPISTE DO CANCRO CUTÂNEO? 
Sim, estes rastreios decorreram em 33 serviços de dermatologia, públicos e privados, que aderiram à campanha, disponibilizando o seu corpo clínico para a realização de exames médicos gratuitos. É uma ação de voluntariado dos dermatologistas destes serviços, que a APCC valoriza e que é muito relevante para o sucesso da campanha.

QUAL É A IMPORTÂNCIA DESTES RASTREIOS? 
A importância destes rastreios reside principalmente na consciencialização para o problema do cancro de pele, permitindo colocar um maior foco na doença, chamando a atenção para os fatores de risco, particularmente para a exposição excessiva aos raios ultravioleta, e para os sinais de alarme que devem levar a suspeitar de cancro da pele (sinais assimétricos, com bordo irregular, com várias cores, com diâmetro superior a 6 mm e com alteração ao longo do tempo, bem como nódulos de crescimento progressivo ou feridas que não cicatrizam. 

A POPULAÇÃO PARTICIPOU NOS RASTREIOS? 
Houve uma participação importante nos rastreios, com mais de 1700 consultas gratuitas realizadas durante o dia 8 de maio, nos diferentes centros participantes. 

É HABITUAL SEREM DETETADOS CANCROS DA PELE NOS RASTREIOS? 
Apesar da maioria dos doentes observados não apresentarem lesões cutâneas relacionadas com cancro, alguns casos de cancro são diagnosticados todos os anos, principalmente carcinomas basocelares, que é o tipo de cancro de pele mais comum, mas também alguns casos de melanoma, que é o tipo de cancro de pele mais perigoso. Acrescente-se, ainda, que também são habitualmente detetados com frequência casos de lesões pré-malignas da pele, como é o caso das queratoses actínicas. 

QUAL É A TAXA DE INCIDÊNCIA DE CANCRO DA PELE NA POPULAÇÃO PORTUGUESA? 
Devo referir que o cancro de pele não é apenas uma doença, ou seja, existem vários tipos de cancro de pele. Os três principais tipos são, respetivamente, o carcinoma basocelular, o carcinoma espinhocelular e o melanoma. Os dois primeiros são os mais frequentes, contribuindo para perto de 90% dos casos, com os restantes 10% a corresponderem a melanomas. Porém, o melanoma é o tipo mais grave de cancro da pele, causando mais de 75% das mortes por estas doenças. Por ano, no nosso país, o número de novos casos de carcinomas ronda os 12.000, enquanto o de melanomas supera os 1000 casos. Note-se que estes dados têm sofrido um aumento exponencial ao longos das últimas décadas. 

TEMOS MAIS CANCRO DA PELE DO QUE UM PAÍS NO NORTE DA EUROPA? 
Países como a Noruega ou a Suécia têm uma incidência de cancro de pele superior à de Portugal. Para isso contribuem diversos fatores, como características individuais (pele clara, cabelos louros ou ruivos, olhos verdes ou azuis, sardas e hábitos de exposição solar, em particular em países do Sul da Europa.

 


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