ABRIL 2024
ALéM DA EXAUSTãO: DESVENDANDO O BURNOUT NO AMBIENTE DE TRABALHO
Dra. Amanda Vieira
Psicóloga Clínica
Além da exaustão: Desvendando o burnout no ambiente de trabalho   

Carga de trabalho superior à capacidade do profissional, falta de autonomia e controlo sobre as tarefas, baixo propósito ou significado das tarefas realizadas, realização de tarefas perigosas ou de grande exigência emocional, horários de trabalho contínuos e excessivos, conflitos e má relação entre colegas e superiores hierárquicos, entre outros.

O ritmo frenético em que vivemos atualmente faz com que o burnout ocupacional seja um dos principais desafios que os colaboradores enfrentam ao longo da sua carreira, já que este afeta homens e mulheres de diferentes faixas etárias e funções laborais. É reconhecido desde 2019 pela Organização Mundial de Saúde como sendo um fenómeno ocupacional que afeta o indivíduo em diferentes áreas da sua vida. O mesmo não representa apenas um problema individual, mas também social e organizacional. Mas o que será na realidade um burnout ocupacional? O burnout é um nome com origem inglesa e em português significa “queimar até ao fim”. Resulta da exposição prolongada a fatores de stress no ambiente de trabalho, traduzindo- -se num estado de exaustão física e mental altamente incapacitantes. Hoje em dia, sabe-se que existem múltiplos fatores que levam ao desenvolvimento de um burnout ocupacional, que eu passo a enumerar os mais frequentes: Carga Além da exaustão Desvendando o burnout no ambiente de trabalho de trabalho superior à capacidade do profissional, falta de autonomia e controlo sobre as tarefas, baixo propósito ou significado das tarefas realizadas, realização de tarefas perigosas ou de grande exigência emocional, horários de trabalho contínuos e excessivos, conflitos e má relação entre colegas e superiores hierárquicos, entre outros. A sua manifestação poderá variar dependendo das caraterísticas da pessoa, da situação e da gravidade da mesma. Numa fase inicial os sinais aparecem de modo sutil, mas com o tempo tornam-se mais evidentes. Ninguém acorda um dia numa situação de burnout mas passa por diferentes etapas ao longo do tempo, com sinais e sintomas cada vez mais intensos. Existem indicadores comuns a todos nós como por exemplo: sensação de cansaço constante, alterações na rotina do sono e alimentação, dificuldade de concentração e memória, irritabilidade, apatia, dores de cabeça e/ou musculares, sentimento de inutilidade ou desesperança face ao trabalho. As consequências de um burnout não se limitam apenas ao indivíduo, mas também ao ambiente de trabalho e à organização do qual o mesmo faz parte. Para o profissional, o burnout pode resultar numa queda acentuada na qualidade do trabalho, aumento do absenteísmo, conflitos interpessoais e até mesmo problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade. Para as empresas, o burnout pode levar a uma diminuição da produtividade, aumento do turnover e custos relacionados à saúde dos funcionários. 


ESTRATÉGIAS PARA INVERTER O BURNOUT

Já ao nível organizacional, as empresas podem implementar políticas que promovam um ambiente de trabalho saudável, como programas de flexibilidade do horário de trabalho, incentivos para o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, treino de competências socioemocionais.

Felizmente, existem várias estratégias que podem ajudar a prevenir e combater o burnout ocupacional. A existência de uma abordagem multifacetada e disciplinar é essencial, uma vez que inclui medidas individuais, de grupo e organizacionais. No que toca à parte individual, é importante praticar o autocuidado – ter em atenção as minhas necessidades no decorrer do tempo – estabelecer limites saudáveis entre trabalho e vida pessoal, procurar o apoio social (e evitar o isolamento) e desenvolver competências de combate do stress, como a prática regular de exercício físico, meditação e acompanhamento psicológico. Já ao nível organizacional, as empresas podem implementar políticas que promovam um ambiente de trabalho saudável, como programas de flexibilidade do horário de trabalho, incentivos para o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, treino de competências socioemocionais. Além disso, é fundamental promover e incentivar a uma cultura que valorize o bem-estar dos colaboradores e que reconheça a importância de cuidar da saúde mental no ambiente de trabalho. Assim, o burnout ocupacional é um problema complexo e multifacetado que exige uma abordagem holística para prevenção e intervenção. Ao reconhecer os sinais e sintomas precocemente será possível implementar estratégias eficazes de combate para uma cultura de cuidado e apoio mútuo, onde os profissionais possam prosperar e alcançar o seu máximo potencial.


 


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