Dra. Amanda Vieira Psicóloga Clínica Além da exaustão: Desvendando o burnout no ambiente de trabalho Carga de trabalho superior à capacidade do profissional, falta de autonomia e
controlo sobre as tarefas, baixo propósito ou significado das tarefas realizadas,
realização de tarefas perigosas ou de grande exigência emocional, horários
de trabalho contínuos e excessivos, conflitos e má relação entre colegas e
superiores hierárquicos, entre outros. O ritmo frenético em que vivemos
atualmente faz com que o burnout
ocupacional seja um dos principais
desafios que os colaboradores enfrentam ao longo da sua carreira, já
que este afeta homens e mulheres
de diferentes faixas etárias e funções laborais.
É reconhecido desde 2019 pela Organização Mundial de Saúde como
sendo um fenómeno ocupacional
que afeta o indivíduo em diferentes áreas da sua vida. O mesmo não
representa apenas um problema
individual, mas também social e
organizacional.
Mas o que será na realidade um
burnout ocupacional? O burnout
é um nome com origem inglesa e
em português significa “queimar
até ao fim”. Resulta da exposição
prolongada a fatores de stress no
ambiente de trabalho, traduzindo-
-se num estado de exaustão física e
mental altamente incapacitantes.
Hoje em dia, sabe-se que existem
múltiplos fatores que levam ao
desenvolvimento de um burnout
ocupacional, que eu passo a enumerar os mais frequentes: Carga
Além da exaustão
Desvendando o burnout
no ambiente de trabalho de trabalho superior à capacidade
do profissional, falta de autonomia
e controlo sobre as tarefas, baixo
propósito ou significado das tarefas realizadas, realização de tarefas
perigosas ou de grande exigência
emocional, horários de trabalho
contínuos e excessivos, conflitos e
má relação entre colegas e superiores hierárquicos, entre outros.
A sua manifestação poderá variar
dependendo das caraterísticas da
pessoa, da situação e da gravidade da mesma. Numa fase inicial
os sinais aparecem de modo sutil, mas com o tempo tornam-se
mais evidentes. Ninguém acorda
um dia numa situação de burnout
mas passa por diferentes etapas ao
longo do tempo, com sinais e sintomas cada vez mais intensos. Existem indicadores comuns a todos
nós como por exemplo: sensação
de cansaço constante, alterações
na rotina do sono e alimentação,
dificuldade de concentração e memória, irritabilidade, apatia, dores
de cabeça e/ou musculares, sentimento de inutilidade ou desesperança face ao trabalho.
As consequências de um burnout
não se limitam apenas ao indivíduo, mas também ao ambiente de
trabalho e à organização do qual o
mesmo faz parte. Para o profissional, o burnout pode resultar numa
queda acentuada na qualidade do
trabalho, aumento do absenteísmo, conflitos interpessoais e até
mesmo problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade.
Para as empresas, o burnout pode
levar a uma diminuição da produtividade, aumento do turnover e
custos relacionados à saúde dos
funcionários. ESTRATÉGIAS
PARA INVERTER
O BURNOUT Já ao nível organizacional, as empresas
podem implementar políticas que promovam
um ambiente de trabalho saudável, como
programas de flexibilidade do horário
de trabalho, incentivos para o equilíbrio
entre a vida pessoal e profissional, treino
de competências socioemocionais. Felizmente, existem várias estratégias que podem ajudar a prevenir e
combater o burnout ocupacional. A
existência de uma abordagem multifacetada e disciplinar é essencial, uma
vez que inclui medidas individuais, de
grupo e organizacionais. No que toca
à parte individual, é importante praticar o autocuidado – ter em atenção
as minhas necessidades no decorrer
do tempo – estabelecer limites saudáveis entre trabalho e vida pessoal,
procurar o apoio social (e evitar o isolamento) e desenvolver competências
de combate do stress, como a prática
regular de exercício físico, meditação
e acompanhamento psicológico.
Já ao nível organizacional, as empresas podem implementar políticas
que promovam um ambiente de trabalho saudável, como programas de
flexibilidade do horário de trabalho,
incentivos para o equilíbrio entre a
vida pessoal e profissional, treino de
competências socioemocionais. Além
disso, é fundamental promover e incentivar a uma cultura que valorize o
bem-estar dos colaboradores e que
reconheça a importância de cuidar
da saúde mental no ambiente de trabalho.
Assim, o burnout ocupacional é um
problema complexo e multifacetado que exige uma abordagem holística para prevenção e intervenção.
Ao reconhecer os sinais e sintomas
precocemente será possível implementar estratégias eficazes de combate para uma cultura de cuidado e
apoio mútuo, onde os profissionais
possam prosperar e alcançar o seu
máximo potencial. |