SETEMBRO 2009
QUEDA DE CABELO: NãO FIQUE DE BRAçOS CRUZADOS

Dra. Sofia Ferreira*

A Alopécia é uma condição fisiológica caracterizada pela redução parcial ou total de pêlo numa dada zona da pele, tendo diferentes designações consoante a zona da pele afectada. A mais comum e a que mais preocupa a nossa sociedade é quando ocorre ao nível do couro cabeludo, originando a queda de cabelo.

Esta condição é um problema comum, que afecta tanto homens como mulheres e pode ter variadas causas, nomeadamente:

Alopécia cicatricial ou traumática

Como resultado de traumatismos/lesões, queimaduras ao nível do couro cabeludo, ou ainda como manifestação secundária a medicamentos ou tratamentos como a quimioterapia.

Alopécia areata, vulgarmente conhecida como pelada

É uma doença de causa desconhecida (fala-se em predisposição genética como factor desencadeante) que atinge tanto homens como mulheres, caracterizando-se pela queda repentina dos pêlos nas áreas afectadas, com formas ovaladas ou arredondadas de tamanhos variados, sem alteração da superfície da pele no local, podendo ser únicas ou múltiplas. Pode atingir o couro cabeludo mas também outras regiões, como a zona da barba, cílios ou qualquer outra região pilosa.

Alopécia seborreica

A dermatite seborreica do couro cabeludo é um distúrbio comum caracterizado por escamação, prurido e eritema, originada por uma produção excessiva de sebo/ gordura. Este tipo de queda de cabelo é mais comum nos homens. Contudo, é uma condição que raramente determina uma redução significativa dos cabelos.

Alopécia androgénica

É a causa mais frequente de queda de cabelo nos homens, representando cerca de 90% dos casos. Contudo, também afecta mulheres, podendo em casos extremos conduzir à calvice. No entanto, os dois sexos não sofrem de queda de cabelo androgénica da mesma forma: devido ao aumento da actividade das hormonas masculinas
na raiz do cabelo e com a associação da predisposição genética, os homens são naturalmente mais afectados do que as mulheres pela queda de cabelo excessiva.
Geralmente, nos homens manifesta-se entre a puberdade e vida adulta, tendo vários graus. Deve-se à combinação de factores genéticos (predisposição genética) e a principal hormona masculina, a testosterona.

Alopécia congénita ou hereditária

Relacionada com factores hereditários, é caracterizada pela ausência total ou parcial de pêlos desde o nascimento.

Queda de cabelo no homem vs Queda de cabelo na mulher

É considerado normal por muitos dermatologistas perder entre 50 a 80 fios de cabelo por dia, como resultado do ciclo fisiológico do cabelo. Tanto o homem como a mulher podem sofrer de queda de cabelo, tendo como resultado vários graus de calvice.

Como já foi referido, a hereditariedade é um factor muito marcante, sendo considerado a principal causa de queda de cabelo no homem associada à queda androgénica (hormonal).

O stress é também identificado como um factor desencadeante de queda de cabelo no homem, bem como a idade, em diversos estudos realizados verifica-se que avançando nas diversas faixas etárias, o número de homens afectados vai aumentando progressivamente.

A queda de cabelo androgénica no homem, geralmente, começa por manifestar-se com o aparecimento das chamadas «entradas» (lateralmente) e, se nada for feito, evoluirá para o topo da cabeça (coroa).

Na mulher, pensa-se que a queda de cabelo tem origem num fenómeno multifactorial e que poderá resultar da conjugação de stress, fadiga, gravidez e a acção hormonal, visível geralmente a partir dos 20 anos de idade.

No caso das mulheres e ao contrário do que se verifica nos homens, a queda não aumenta com a idade, mas tem predomínio na faixa etária localizada entre os 40 e os 50 anos. A queda de cabelo total na mulher é muito rara. Contudo, ocorre com alguma frequência queda de cabelo em excesso e nessas situações verifica-se um enfraquecimento do cabelo no topo e na parte detrás da cabeça, ficando, muitas vezes, uma linha frontal quase intacta. Trata-se de uma queda normalmente difusa que resulta numa perda de densidade capilar.

Na mulher, a queda de cabelo androgenética, caracteriza-se por ciclos de vida acelerados, os ciclos diminuem, a raiz de cabelo enfraquece, o cabelo cresce mais fino originando a calvice. Embora as hormonas estrogénicas na mulher pareçam proteger o folículo piloso da acção androgenética, verifica-se que 20% a 30% são afectados pela queda de cabelo androgenética.

Com as alterações hormonais decorrentes da menopausa (redução dos níveis de estrogénicos e aumento de androgénicos), há um aumento da queda de cabelo androgenética e aumenta a sua prevalência.

O que fazer?

São vários os tratamentos disponíveis para combater a queda de cabelo, consoante o grau de queda verificado. Entre eles podemos salientar:

Tratamentos medicamentosos:

- Finasterida (tratamento via oral): esta é uma molécula inicialmente prescrita unicamente para combater o cancro da próstata. Contudo, verificou-se que nesses doentes havia um aumento da densidade capilar, pois esta molécula actua por inibição de uma enzima, que transforma a testosterona num metabolito activo. O resultado é o abrandamento da queda capilar e o aparecimento de cabelos finos - os resultados são visíveis ao fim de seis meses de utilização, contudo, este tipo de tratamento requer uma utilização contínua, pois se for suspenso os benefícios desaparecem em alguns meses.

- Minoxidil (tratamento tópico): é uma molécula que inicialmente era usada por via oral como um anti-hipertensor, pela sua acção vasodilatadora e que hoje em dia é usada para travar a queda androgénica em homens e mulheres. Da sua acção resulta um abrandamento da queda ao fim de seis meses de utilização e a indução do crescimento capilar. Contudo, este tratamento, geralmente, também requer utilização contínua pois se o tratamento for suspenso os benefícios também acabarão por desaparecer.

Tratamentos Dermocosméticos:

Estão disponíveis uma grande variedade de tratamentos dermocosméticos tópicos para travar a queda. Existem diversas marcas que têm no mercado ampolas para aplicar no couro cabeludo para travar a queda do cabelo, então que critérios usar para escolher?

Devemos sempre optar por um produto que tenha na sua fórmula:

- Pelo menos um activo anti-queda;
- Vitaminas especificas, que actuam como fortificantes da fibra capilar ( por ex. viaminas do complexo B e aminoácidos);
- Agentes que activem a micro-circulação em torno do bolbo capilar ( por ex. Ginko e cafeína);
- Anti-oxidantes, como as vitaminas C e E, por exemplo.

É também importante escolher um produto com tolerância clinicamente comprovada, sem conservantes agressivos, texturas não oleosas, etc.

Tratamentos nutricionais:

Este tipo de tratamento consiste em tomar vitaminas por via oral, específicas para fortalecer o couro cabeludo. A saúde da nossa pele, unhas e cabelo é o reflexo daquilo que comemos, pois o nosso cabelo necessita de nutrientes específicos para criar e fortalecer as suas fibras: entre eles temos as vitaminas do complexo B, aminoácidos e alguns oligoelementos como o zinco. Por isso, os complementos nutricionais são essenciais para fortalecer o couro cabeludo e são muitas vezes usados como medida preventiva da queda sazonal capilar, sendo também são usados em associação com os tratamentos tópicos no combate à queda capilar em excesso.

Para termos um cabelo saudável, é essencial termos uma vida saudável: comer equilibradamente e de forma variada, evitar o stress e descansar, não fumar (pois poderá prejudicar o aporte de nutrientes ao bolbo capilar), proteger sempre o couro cabeludo da acção nociva dos raios ultra-violeta (UV), não usar produtos agressivos no couro cabeludo que fragilizem a haste capilar.

*A Dra. Sofia Ferreira é Farmacêutica Adjunta na Farmácia do Caniço, onde exerce desde 2006.


 


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