FEVEREIRO 2020
ENVELHECIMENTO CEREBRAL
Dr. Pedro Perneta Pires
Diretor Técnico da Farmácia Portuguesa
pedro.pires@farmaciaportuguesa.pt

Nos dias que correm, o estilo de vida da grande maioria da população culmina frequentemente em stress mental e emocional, o que afeta significativamente as respetivas capacidades cognitivas, levando a uma preocupação acerca de como podemos envelhecer com mais saúde.
Quando falamos em envelhecimento, é importante distinguir as noções de pessoa idosa e o próprio conceito de envelhecimento.
Pessoa idosa é, segundo as Nações Unidas, uma pessoa com mais de 65 anos, embora esta designação possa variar de país para país, tendo em conta vários aspetos como por exemplo o grau de desenvolvimento do mesmo. Em muitos casos, está associada à capacidade funcional - inerente a aspetos laborais (idade de reforma). 
O envelhecimento pode ser divido em biológico e psicossocial.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, o Envelhecimento Biológico é universal, inevitável e progressivo, resultando da acumulação de vários danos moleculares e celulares. Em suma, ocorre a diminuição da capacidade física e mental da pessoa, contribuindo para o aumento do risco de patologias e, por último, culminado com a morte.
Numa perspetiva psicossocial, o envelhecimento é associado a um conjunto de mudanças pessoais e sociais significativas dos quais se destacam a transição para a reforma e a perda de relações pessoais próximas. Estas alterações exigem uma adaptação da pessoa idosa.
Com o evoluir da ciência e tecnologia, não é de estranhar que a esperança de vida dos seres humanos aumente ao longo do tempo. Conseguimos viver cada vez mais tempo e cada vez mais com uma qualidade de vida melhor. Controlamos melhor as doenças metabólicas e conseguimos até substituir ou melhorar alguns órgãos ou partes do nosso corpo. Mas será que o nosso cérebro acompanha esta longevidade?
Quando ficamos mais velhos, é expectável que ocorram alterações anatomofisiológicas no nosso cérebro. Por exemplo, a partir dos 40 anos, o volume e o peso cerebral diminuem em 5% por década, sendo que este rácio aumenta após os 70 anos. Também se notam diferenças no fluxo sanguíneo e na atividade metabólica cerebral em função da idade e redução dos níveis de dopamina em cerca de 10% por década, desde o início da idade adulta, sendo os sistemas dopaminérgicos críticos para funções cognitivas superiores. 
Estas alterações podem ser consideradas normais, fazendo parte do nosso Envelhecimento Normativo.

Podemos então esperar um Envelhecimento Cerebral normal quando as limitações cognitivas são:
    • Ligeiras
    • Que não afetam a vivência autónoma da pessoa
    • Que não acusem alterações nas avaliações cognitivas formais.

É possível envelhecer com saúde cerebral?
É possível promover um Envelhecimento Ativo com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas no processo de envelhecimento.

O Envelhecimento ativo é multidisciplinar:
A nível comportamental é importante a adoção de um estilo de vida saudável e participação ativa no cuidado da própria pessoa são importantes ao longo de todas as etapas do ciclo vital. 
São exemplos o deixar de fumar, fazer exercício físico e uma alimentação equilibrada, assim como evitar o consumo de bebidas alcoólicas e ter atenção aos medicamentos tomados, sendo muito importante seguir as recomendações médicas para evitar interações e sobredosagens.
Para promover um desenvolvimento cognitivo no envelhecimento ativo, existem estratégias que visam atrasar os efeitos da idade no funcionamento cerebral e melhorar a funcionalidade em diferentes domínios.
Estas estratégias passam por intervenções farmacológicas, através de suplementação e não farmacológicas, através de jogos e treino mental de forma a aumentar a nossa reserva cognitiva.
O treino cognitivo é a prática guiada de tarefas cognitivas tendo em vista a otimização e/ou manutenção de determinadas funções cognitivas. Existem benefícios de programas de treino cognitivo em idades avançadas como a melhoria no desempenho em tarefas de memória, atenção e funcionamento executivo.

Na abordagem farmacológica ou de suplementação podemos destacar alguns compostos frequentemente utilizados:
- Bacopa Monnieri  
Atua num vasto conjunto de mecanismos associados com o funcionamento cognitivo, reduzindo a inflamação e o stress oxidativo – atua ainda na modificação dos níveis de acetilcolina, um neurotransmissor importante nos processos de aprendizagem e memória

- Gingko Biloba 
Ação relevante no processo de envelhecimento cerebral – atividade anti-oxidante, anti-inflamatória e anti-isquémica.

- Vitaminas do complexo B
Benefícios (na presença de ácido fólico) no funcionamento cognitivo de pacientes com sintomas depressivos

- Ácidos Gordos Ómega 3 
Importantes na regulação da função cerebral e da inflamação

- Extratos derivados de Polifenóis 
melhorias na memória de trabalho e em medidas bioquímicas de stress oxidativo


Referências:
    • [1]  Manders,M., Groot, L., van Staveren, W.A., Wouters-Wesseling, W., Mulders, A.J., Schols, J.M., Hoefnagels, W.H. (2004). Effectiveness of Nutritional Supplements on Cognitive Functioning in Elderly Persons: A Systematic Review, The Journals of Gerontology, 59, 10, 1041- 1049. doi: 10.1093/gerona/59.10.M1041
    • [2] Dominguez, L.J. & Barbagallo, M. (2016). Dietary Approaches and Supplements in the Prevention of Cognitive Decline and Alzheimer's Disease. Current Pharmaceutical Design, 22,6. doi: 10.2174/1381612822666151204000733
    • [1] Direção Geral da Saúde(2017). “Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável 2017-2025 – Proposta do Grupo de Trabalho Interministerial (Despacho n.º12427/2016)”
    • [2] WHO (2002). Active Aging: A Policy Framework, WHO: Geneva.

 


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